Em cuidados paliativos, a família incluiu-se no cuidado integral ao doente. Esta é um cuidador informal, um mediador dos cuidados profissionais e um importante referente emocional durante todo o processo de adoecimento. Por outro lado, o cuidar paliativo pode gerar altos níveis de depressão, ansiedade e stress nos familiares, bem assim como diminuir a sua qualidade de vida. Assim, cada vez mais, a satisfação das famílias com os cuidados prestados aos doentes é considerado um importante indicador da qualidade dos cuidados. Desconhecendo-se estudos, em Portugal, que avaliem a satisfação dos familiares de doentes paliativos, realizamos estudo descritivo-correlacional numa amostra de 103 cuidadores, de uma zona centro-sul do país. Dada a inexistência de instrumentos de medida validados para a população portuguesa para o fenómeno em estudo procedeu-se, de igual modo, a estudos de selecção, tradução e validação de uma escala de medida: FAMCARE. Utilizou-se a WHOQOL-Bref para avaliação da qualidade de vida e a DASS-21 para avaliação da depressão, ansiedade e stress.
Os dados obtidos mostram que os familiares estudados se encontram satisfeitos com os cuidados prestados (P75= 36) embora possuindo elevados níveis de depressão (média 8,72; 34,3% com níveis moderados e 35,3% com níveis severos e extremamente severos) ansiedade (média 7,23; 52,4% com níveis severos e extremamente severos) e stress (média 9,51; 48,6% com níveis de moderado e 17,5% com níveis severo a extremamente severo). A qualidade de vida encontra-se prejudicada sendo o domínio relações sociais o que obteve melhor score com 54,85%, o domínio psicológico com o score 53,28%, o domínio físico com o score 52,74%, o domínio ambiente com o score com 52,12% e o geral foi o que obteve o pior score com 35,07%, em todos os domínios abaixo dos referenciados para a população portuguesa.
Os estudos de fiabilidade com a utilização da FAMCARE mostraram um valor de consistência interna bom (α = 0,81) e um valor correlação aceitável e estatisticamente significativo (r2=0,337) no teste-reteste. A análise factorial confirmatória não se mostrou consentânea com a formulação original, permanecendo em aberto a discussão sobre o carácter multidimensional do constructo.
01/01/2011
01/01/2012
Self-care and health-disease