A esquizofrenia é uma das doenças mais incapacitantes, no seu percurso clínico é uma doença que prejudica o pensamento, a perceção e a interação social, alterando de forma persistente o funcionamento social.
As dificuldades apresentadas no funcionamento social podem resultar de três circunstâncias: a pessoa não saber como se faz corretamente, a pessoa não usar as capacidades que já tem quando estas são requeridas, ou os comportamentos inapropriados não permitirem o surgimento do comportamento correto (Bellack, 2004)[1].
As AOT – Atividades de Ocupação Terapêutica utilizando técnicas terapêuticas selecionadas, promovendo, prevenindo, habilitando, mantendo e/ou recuperando e desenvolvendo as habilidades da pessoa perspetivam a obtenção do potencial máximo de desempenho, de autonomia e de satisfação nas suas Necessidades Humanas Fundamentais (Melo-Dias, Rosa e Pinto, 2014)[2].
O treino de habilidades sociais permite ao indivíduo, manifestar comportamentos verbais e não-verbais apropriados, em situações sociais (Seixas-Gonçalves, 2017)[3], sendo a comunicação o vetor base destas habilidades, concretizando-se enquanto conduta socialmente hábil, a pessoa que num contexto interpessoal sintónicamente e adequadamente exprime sentimentos, atitudes, desejos, opiniões e direitos, na resolução das situações com que se depara (Melo-Dias & Silva, 2015, p53)[4].
A evidência tem mostrado a pertinência, eficácia e os benefícios da aprendizagem e treino de conversação na gestão do stress e apreciação das suas próprias capacidades, na diminuição do grau de dificuldades nas em situações sociais, e na melhoria do funcionamento pessoal e social (Melo-Dias & Silva, 2015; Seixas-Gonçalves, 2017)3,4.
Em síntese a pertinência e inovação deste projeto de investigação clínica, AOT – Conversação e Interação Social pretende alcançar:
- A translação de conhecimentos e intervenções para a prática clínica de Enfermagem;
- Disponibilizar aos clientes o mais atual das Intervenções de Enfermagem Focadas (IEF)[5] em AOT (Atividades de Ocupação Terapêutica) em Enfermagem;
- Dar relevo aos ganhos em saúde dos clientes;
- Dar visibilidade ao impacto – eficiência e eficácia – da prestação e cuidados autónomos em Enfermagem de - Saúde Mental e Psiquiátrica.
Será implementado o programa estruturado de AOT de Conversação e Interação Social para aprendizagem e treino habilidades de comunicação/conversação: "Vamos Conversar!", avaliando a sua eficácia nas variáveis: Cognição; Comunicação; Envolvimento social; Habilidades de interação social; Resiliência pessoal; e Funcionamento pessoal e social.

PICOD
P (Participante) = Clientes da Unidade de Reabilitação do CRI de Psiquiatria (UR-CRI-Psiq) nomeadamente na UCAERe-T e no Área de dia do Pavilhão 13, com diagnóstico de Esquizofrenia.
I (Intervenção) = Programa estruturado de AOT de Conversação e Interação Social para aprendizagem e treino habilidades de comunicação/conversação: "Vamos Conversar!"
C (Comparação) = Comparar com os cuidados habituais sem este programa (“protocolo de tempo”: consiste na exposição à rotina habitual do serviço durante a mesma duração de 6 semanas do programa experimental).
O (Outcomes) = Cognição, comunicação, envolvimento social, habilidades de interação social e resiliência pessoal.
D (Desenho) = Estudo experimental sujeito único do tipo A-B-A (single case experimental design).

[1] Bellack, AS. (2004). Skills Training for people with severe mental illness. Psychiatric Rehabilitation Journal, Vol. 27:4.
[2] Melo-Dias, C., Rosa, A., & Pinto, A. (2014). Atividades de ocupação terapêutica – intervenções de enfermagem estruturadas em reabilitação psicossocial. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental (11), 15-23. Disponível em https://www.researchgate.net/publication/263859417_Atividades_de_ocupacao_terapeutica_intervencoes_de_enfermagem_estruturadas_em_reabilitacao_psicossocial_Therapeutic_Occupation_Activities_-_Nursing_Structured_Interventions_in_Psychosocial_Rehabilitat
[3] Seixas-Gonçalves, C.M.C (2017). Formação em Habilidades de conversação para interação Social de doente com Esquizofrenia na Unidade de Reabilitação de Doentes Difíceis. Um estudo Pré-Experimental. Tese de Mestrado em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria, Orientador: Professor-Doutor Carlos Melo-Dias, ESEnfC – Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, Coimbra.
[4] Melo-Dias, C. & Silva CF (2015). Habilidades de conversação em adultos com esquizofrenia. Tese de Doutoramento em Enfermagem, Universidade Católica Portuguesa, Instituto de Ciências da Saúde, Orientador: Professor-Doutor Carlos Fernandes da Silva, 25 de Fevereiro, Porto. Disponível em http://hdl.handle.net/10400.14/19361
[5] Melo-Dias, C.; Rosa, A.; & Pinto, A. (2016). Reasoning and planning of therapeutic occupation activities. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental (15), pp. 63-70, ISSN 1647-2160. Disponível em https://www.researchgate.net/publication/308514036_Reasoning_and_Planning_of_Therapeutic_Occupation_Activities

• A translação de conhecimentos e intervenções para a prática clínica de Enfermagem;
• Disponibilizar aos clientes o mais atual das Intervenções de Enfermagem Focadas (IEF) em AOT (Atividades de Ocupação Terapêutica) em Enfermagem;
• Dar relevo aos ganhos em saúde dos clientes, nomeadamente o funcionamento pessoal e social e as habilidades de interação social;
• Dar visibilidade ao impacto – eficiência e eficácia – da prestação e cuidados autónomos em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica.

Aguarda informação do IP