As perturbações psiquiátricas são a principal causa de incapacidade e uma das principais de morbilidade e morte prematura. Entre 2005 e 2015 observou-se um aumento de 18,4% na taxa de prevalência de depressão a nível mundial e em Portugal, em 2015, afetava mais de um quinto da população (Observatório Português dos Sistemas de Saúde, 2015). Apesar da reduzida mortalidade por suicídio nas pessoas com depressão, esta é uma patologia tratável e o tipo de morte potencialmente evitável.
Este estudo tem como objetivos implementar um protocolo de acompanhamento da pessoa com depressão e avaliar a sua efetividadenas taxas de reinternamento, recurso ao Serviço de Urgência (SU). Pretende ainda avaliar evolução da pessoa em termos de sintomatologia depressiva, adesão ao tratamento e bem-estar psicológico.
Foi realizada uma revisão da literatura e um painel de peritos para a construção do protocolo de intervenção (APENDICE I), que será aplicado a partir de 1 de março de 2020. A sua aplicação constituirá um estudo quase-experimental, cuja população-alvo é os adultos internados por depressão num serviço de psiquiatria de um hospital central. Como critérios de exclusão definiram-se: acuidade auditiva diminuída; capacidade cognitiva diminuída; e aceitação do estado de saúde não demonstrado. Serão usados os instrumentos: Inventário de Depressão de Beck I (Serra & Pio-Abreu, 1973); Escala de Bem-estar Psicológico (Novo, Duarte-Silva, & Peralta, 1997); e Escala de Medida de Adesão aos Tratamentos (Delgado & Lima, 2001). A intervenção a ser testada será uma consulta de enfermagem telefónica, não presencial, programada.
O protocolo de intervenção será aplicado a cada utente durante os 6 meses após a alta clínica do serviço de psiquiatria. Esta consulta de enfermagem telefónica realiza-se no 1º, 2º, 4º e 6º mês após a alta e desenvolve-se com base num guião de entrevista semiestruturada e num fluxograma de apoio à tomada de decisão para orientação da pessoa.
Os dados serão sujeitos a tratamento estatístico com recurso ao SPSS 25.0. Estão a ser cumpridos todos os preceitos éticos.
Este é um projeto de intervenção clínica, desenvolvido pela equipa de enfermagem do serviço, em particular pelos enfermeiros especialistas em saúde mental e psiquiátrica, que visa a melhoria dos cuidados à pessoa com depressão após a alta.
Construção de um protocolo de acompanhamento da pessoa com depressão e avaliação da sua efetividadenas taxas de reinternamento, recurso ao Serviço de Urgência (SU), sintomatologia depressiva, adesão ao tratamento e bem-estar psicológico.
Beck, A.T., Ward, C.H., Mendelson, M., Mock, J., & Erbaugh, G. (1961). An Inventory for Measuring Depression. Archives of General Psychiatry, 4, 53-63.
Delgado, A., & Lima, M. (2001). Contributo para a validação concorrente de uma medida de adesão aos tratamentos. Psicologia, Saúde e Doenças, 2(2), 81-100. Recuperado de http://www.scielo.mec.pt/pdf/psd/v2n2/v2n2a06.pdf
Direção-Geral da Saúde (2018). Depressão e Outras Perturbações Mentais Comuns. Lisboa: Direção-Geral da Saúde.
Novo, R. F., Duarte-Silva, E., & Peralta, E. (1997). O bem-estar psicológico em adultos: estudo das características psicométricas da versão portuguesa das escalas de C. Ryff. In M. Gonçalves, I. Ribeiro, S. Araújo, C. Machado, L.S. Almeida & M. Simões (Eds.), Avaliação psicológica: formas e contextos (vol. V, pp. 313-324). Braga: APPORT/SHO.
Observatório Português dos Sistemas de Saúde (2015). Acesso aos cuidados de saúde, um direito em risco?: Relatório de Primavera 2015. http://www.opss.pt/sites/opss.pt/files/RelatorioPrimavera2015.pdf
Programa Nacional para a Saúde Mental (2017). Programa Nacional para a Saúde Mental 2017. Lisboa: Direção-Geral da Saúde.
Ryff, C. D., & Keyes, C. M. (1995). The structure of psychological well-being revisited. Journal Of Personality and Social Psychology, 69(4), 719-727. doi:10.1037/0022-3514.69.4.719
Serra, A., & Pio-Abreu, J. (1973). Aferição dos quadros clínicos depressivos. I-Ensaio de aplicação do“Inventario Depressivo de Beck” a uma amostra portuguesa de doentes deprimidos. Coimbra Médica, 20, 623-644.
World Health Organization (2017). Depression and other Common Mental Disorders. Global Health Estimates. Geneva: World Health Organization.
Resultados esperados: O desenvolvimento deste estudo associado assume como resultados esperados a redução das taxas de reinternamento e de idas ao SU e da sintomatologia depressiva, bem como, o aumento do bem-estar psicológico e manutenção da adesão ao regime terapêutico.
01/01/2020
01/01/2021
Self-care and health-disease