O controlo da dor é um importante indicador da qualidade dos cuidados e é uma ação sensível à intervenção do enfermeiro. Um bom controlo da dor exige como primeiro passo uma avaliação válida e fidedigna da intensidade da dor que orienta de forma dinâmica todas as intervenções que visam o alivio da dor. Por esta razão, um dos princípios orientadores dos cuidados à pessoa com dor é o uso de escalas na avaliação da dor. 1 A avaliação da intensidade da dor em pessoas não comunicantes com doenças oncológicas envolve desafios acrescidos ligados ao tipo de dor destes doentes e sua condição clinica, principalmente numa fase avançada da doença. A dor é um sintoma prevalente e frequentemente altamente debilitante em doentes com cancro. Acresce que a avaliação da dor em pacientes não comunicantes (dificuldades cognitivas, neurológicas ou em estádio final da doença) representam um enorme desafio para os profissionais de saúde, nomeadamente enfermeiros. Estes doentes não expressam verbalmente as suas experiências dolorosas, tornando inviável o uso da autoavaliação como método de avaliação da intensidade da dor. As escalas desenvolvidas para avaliar a intensidade da dor em pessoas adultas não comunicantes não são muitas e normalmente dirigidas a populações especificas como idosos, demensiados ou em contexto de cuidados intensivos sob ventilação mecânica. 2 No grupo etário dos 18 anos aos 65 anos são escassas as escalas existentes e ainda menos aquelas que avaliam a intensidade da dor. As escalas desenvolvidas são de dois tipos. Escalas comportamentais que incluem apenas indicadores comportamentais e escalas compostas que integram indicadores comportamentais e fisiológicos 1As escalas compostas para além dos indicadores comportamentais incluem indicadores fisiológicos como frequência cardíaca, pressão arterial, alterações respiratórias, saturação de oxigénio). No entanto, o uso destes indicadores é controverso. Embora os indicadores fisiológicos sejam frequentemente usados para documentar a presença de dor, há pouca pesquisa que apoie o uso de alterações nos sinais vitais para identificar a dor. 3,4 A ausência de aumento nos sinais vitais não indica ausência de dor 5 Entre as escalas compostas mais conhecidas para uso em doentes adultos estão a PAINAD, 6 e a NVPS.7As escalas comportamentais apresentam a vantagem de serem mais fáceis de aplicar 1 e entre as mais conhecidas estão a algoplus 8 BPS 6 CPOT 9 CNPI 10, mas outras podem ser identificadas 11 As escalas comportamentais baseiam na observação de comportamentos e reações físicas do doente que podem indicar a presença de dor. Em doentes oncológicos os estudos publicados mostram uma grande variedade de escalas que são usadas, 12 sendo predominantes as escalas de autoavaliação deixando de fora os doentes não comunicantes em que é imperioso o uso de escalas de heteroavaliação.A escassez de escalas para uso em adultos para a avaliação da intensidade da dor em doentes não comunicantes com doença oncológica justifica o desenvolvimento de uma escala para esta população específica. O seu desenvolvimento acarreta desafios únicos, pois a dor oncológica apresenta características de dor aguda, persistente e/ou de ambas que são consequência do crescimento tumoral (compressão dos tecidos adjacentes, nervos, ossos ou órgãos), metástases (afetam outras partes do corpo), inflamação (processo inflamatório local), tratamentos oncológicos (quimioterapia, radioterapia ou cirurgia) infeções (resulta em dor adicional), obstruções (intestinos, vias urinárias ou trato respiratório) e isquemia (falta de suprimento sanguíneo devido ao rápido crescimento do tumor).Acresce a variação comportamental entre os doentes, especialmente com comorbidades cognitivas ou neurológicas, o que pode dificultar a padronização e precisão das escalas e a cultura e contexto que influenciam a forma como a dor é expressa ou reconhecida nestes doentes.
A dor causada pelo desenvolvimento de um tumor surge devido a vários fatores, como a compressão das estruturas corporais, a invasão de tecidos saudáveis, aos efeitos secundários dos tratamentos. Apresenta características singulares por ser cumulativamente uma dor aguda (nociceptiva) e persistente (neuropática e visceral). A avaliação da intensidade desta dor apresenta dificuldades acrescidas no doente não comunicante (incapaz de se autoavaliar). As escalas de hetroavaliação da dor existentes são poucas e não especificas para este tipo de dor, o que justifica o desenvolvimento de uma escala de avaliação da intensidade da dor para pessoas não comunicantes com dor oncológica. Trata-se de um estudo metodológico a desenvolver em duas etapas. Na primeira etapa pretende-se identificar os indicadores de dor associados a este tipo de dor através de pesquisa bibliográfica entre as escalas de heteroavaliação existentes e por questionário a enfermeiros com pelo menos dez anos de experiência e a cuidadores principais com pelo um ano de experiência. Na segunda etapa pretende-se validar psicometricamente a escala (validação de face, conteúdo, critério, sensibilidade (com e sem dor) e fiabilidade através da concordância interavaliadores. Espera-se conceber uma escala de heroavaliação da intensidade da dor para uso em pessoas ≥ 18 anos não comunicantes com doença oncológica. Esta escala virá a colmatar uma lacuna na avaliação da intensidade da
Conceber uma escala de avaliação da intensidade da dor para pessoas com 18 ou mais anos de idade não comunicantes e com dor oncológica
A dor causada pelo desenvolvimento de um tumor surge devido a vários fatores, como a compressão das estruturas corporais, a invasão de tecidos saudáveis, aos efeitos secundários dos tratamentos. Apresenta características singulares por ser cumulativamente uma dor aguda (nociceptiva) e persistente (neuropática e visceral). A avaliação da intensidade desta dor apresenta dificuldades acrescidas no doente não comunicante (incapaz de se autoavaliar). As escalas de hetroavaliação da dor existentes são poucas e não especificas para este tipo de dor, o que justifica o desenvolvimento de uma escala de avaliação da intensidade da dor para pessoas não comunicantes com dor oncológica.
Esta escala virá a colmatar uma lacuna na avaliação da intensidade da dor neste tipo específico de pessoas possibilitando um diagnóstico mais preciso e consequentemente um melhor controlo da dor e qualidade de vida para o próprio e sua família.
Não aplicávelBatalha, L. Dor Em Pediatria: Compreender Para Mudar. (Lidel, Lisboa, 2010).
Lichtner, V. et al. Pain assessment for people with dementia: a systematic review of systematic reviews of pain assessment tools. BMC Geriatr. 14, 138 (2014).
Gélinas, C. & Arbour, C. Behavioral and physiologic indicators during a nociceptive procedure in conscious and unconscious mechanically ventilated adults: Similar or different? J. Crit. Care 24, 628.e7-628.e17 (2009).
Younger, J., McCue, R. & Mackey, S. Pain outcomes: a brief review of instruments and techniques. Curr. Pain Headache Rep. 13, 39–43 (2009).
Herr, K. et al. Pain Assessment in the Nonverbal Patient: Position Statement with Clinical Practice Recommendations. Pain Manag. Nurs. 7, 44–52 (2006).
Batalha, L., Figueiredo, A., Marques, M. & Bizarro, V. Adaptação cultural e propriedades psicométricas da versão Portuguesa da escala Behavioral Pain Scale - Intubated Patient (BPS-IP/PT). Referência Rev. Científica Unidade Investig. Em Ciênc. Saúde Domínio Enferm. 7–16 (2013).
Wegman, D. A. Tool for pain assessment. Crit. Care Nurse 25, 14–15 (2005).
Gismervik, S. Ø., Drogset, J. O., Granviken, F., Rø, M. & Leivseth, G. Physical examination tests of the shoulder: a systematic review and meta-analysis of diagnostic test performance. BMC Musculoskelet. Disord. 18, 41 (2017).
Gélinas, C. Nurses’ Evaluations of the Feasibility and the Clinical Utility of the Critical-Care Pain Observation Tool. Pain Manag. Nurs. 11, 115–125 (2010).
Feldt, K. S. The checklist of nonverbal pain indicators (CNPI). Pain Manag. Nurs. 1, 13–21 (2000).
Sabater-Gárriz, Á., Molina-Mula, J., Montoya, P. & Riquelme, I. Pain assessment tools in adults with communication disorders: systematic review and meta-analysis. BMC Neurol. 24, 66 (2024).
Camila Santejo Silveira Ratto. Escalas de avaliação de dor utilizadas em oncologia: revisão sistemática. (Fundação Antônio Prudente em Parceria com a Associação Matogrossense de Combate ao Câncer AMCC, São Paulo, Brasil, 2019).
10/01/2025
25/01/2028
MANAGEMENT OF PAIN AND SUFFERING IN CHILDREN AND ADOLESCENTS
Self-care and health-disease