O diagnóstico e tratamento do cancro da mama são etapas do processo de adoecimento que exigem um ajustamento a nível psicológico, físico e social que afectam a qualidade de vida do doente. Apesar de ser consensual a importância de se disponibilizar ajuda ao doente oncológico para recuperar o bem-estar e melhorar a qualidade de vida, ainda não existem directrizes bem definidas de como tal deve ser feito. A controvérsia sobre a eficácia de diferentes programas de intervenção não tem permitido uma clara indicação sobre as estratégias a adoptar. Assim, fundamentado na teoria (Schumacher & Meleis 1994, Meleis et al. 2000; Barker e Buchanan-Barker, 2000; Mishel, 1988) e na evidência empírica (Hewitt, Herdman e Holland, 2004; Mendes, 2008; Gomes e Mendes, 2011) propomo-nos estudar a eficácia de um programa de intervenção, levantando a seguinte questão de investigação: “Qual a influência de um programa de intervenção na qualidade de vida das mulheres mastectomizadas que efectuam radioterapia?”.
Desenhou-se um estudo quasi-experimental, a realizar no serviço de Radioterapia do IPOCFG – EPE. As mulheres mastectomizadas a realizar radioterapia serão a população-alvo. Serão constituídos dois grupos: um grupo experimental com um máximo de 10 participantes que participarão no programa de intervenção; e um grupo de controlo, que não participará no programa. Para verificar o seu efeito, realizar-se-ão entrevistas individuais com aplicação de escalas que avaliem a ansiedade e depressão (HAD), as estratégias de coping (CBI-L - versão 2) e a qualidade de vida (WHOQOL-BREF), antes, após a intervenção e passados 3 meses.
O grupo considerado experimental apresentou melhores resultados na qualidade de vida (na maioria dos domínios), na melhoria da perceção da auto-eficácia para lidar com os problemas relacionados com o cancro e na diminuição da ansiedade e sintomatologia depressiva das mulheres que nele participaram, parecendo indicar a mais-valia deste tipo de intervenção. Contudo, o número reduzido de participantes e os constrangimentos inerentes à comparabilidade destes grupos impõem a indicação de leitura cuidadosa dos resultados e indicação da necessidade de replicação deste estudo.
01/01/2011
01/01/2013
Self-care and health-disease