Para o sistema músculo-esquelético, a profissão de Enfermagem é potencialmente geradora de desconforto e lesões, que, a longo prazo, podem ser incapacitantes. Muitas das afeções a este nível estão relacionadas com os membros inferiores e pés, devido aos períodos prolongados em posição ortostática ou de tensão. Após as lesões
a nível da coluna, ombros e pescoço, a prevalência de queixas a nível dos pés é muito comum, sendo um dos locais mais comumente indicados pelos estudantes de Enfermagem como causa de desconforto. Poucos estudos descrevem detalhadamente a causa deste desconforto, faltando soluções adequadas, sendo importante desenvolver investigação que gere resultados significativos face ao problema reportado. Assim, pretende-se caracterizar o perfil podológico dos estudantes de Enfermagem em ensino clínico, descrever dificuldades sentidas aquando da transição para esta tipologia de ensino - sob o ponto de vista da saúde do pé - e criar um modelo preditor de qualidade/segurança do calçado.

A presente proposta de investigação pretende caracterizar o perfil podológico dos estudantes de enfermagem, descrever dificuldades sentidas aquando da transição para o ensino clínico e criar um modelo preditor de qualidade e segurança do calçado, culminando na criação de recomendações para um calçado seguro e confortável.
Identificaram-se os seguintes objetivos e outcomes, construídos segundo uma lógica SMART – Specific, Measurable, Achievable, Relevant, Timebound:
   1. Definir os parâmetros clínicos que permitem caracterizar o perfil podológico em estudantes de enfermagem;
      a. Definir e descrever afeções podológicas mais comuns em standing environments de Enfermagem;
      b. Descrever os parâmetros clínicos que permitam quantificar o risco de desenvolver as afeções referidas anteriormente.
   2. Descrever a perceção que os estudantes de Enfermagem em Ensino Clínico têm acerca do autocuidado com a saúde do pé;
      a. Validação sociocultural para Portugal do instrumento modified Foot Self-Care Knowledge Test (NFKT; Stolt et al., 2015b);
      b. Avaliação do conhecimento de autocuidado com o pé mediante avaliação com a NFKT.
   3. Caracterizar a saúde podológica de estudantes de enfermagem em ensino clínico;
      a. Validação sociocultural para Portugal do instrumento Self-Reported Foot Health Assessment Instrument (s-FHAI; Stolt et al., 2013);
      b. Descrição da saúde a nível do pé mediante avaliação com a s-FHAI.
   4. Caracterizar o perfil podológico de estudantes de Enfermagem em Ensino Clínico, tendo em conta as seguintes variáveis: pressões localizadas, áreas de maior contacto, força exercida por áreas, parâmetros espácio-temporais da marcha;
      a. Perfil podológico dos estudantes avaliado com recurso ao software Emed® e Pedar® e respetiva plataforma de força.
   5. Elaborar recomendações para o desenvolvimento de calçado inovador ergonómico e personalizado.
      a. Avaliar a perceção dos estudantes sobre a usabilidade e ergonomia dos tipos de calçados descritos anteriormente, utilizando um instrumento construído pela equipa de investigação.
      b. Elaborar um modelo preditor de qualidade e segurança do calçado.

UICISA:E

Universidade Católica Portuguesa (Instituto de Ciências da Saúde)

Escola Superior de Enfermagem de Coimbra

Lavoro Europe

Centro de saúde S.Martinho do Bispo

Abledu, J. K., & Offei, E. B. (2015). Musculoskeletal disorders among first-year Ghanaian students in a nursing college. African Health Sciences, 15(2), 444-449. doi: 10.4314/ahs.v15i2.18

Antochevis-de-Oliveira, M., Toscani-Greco, P. B., Cassol-Prestes, F., Martins-Machado, L., Bosi-de-Souza-Magnago, T. S., & Rosa-dos-Santos, R. (2017). Musculoskeletal disorders/pain in undergraduate nursing studentes in a community university in southern Brazil. Enfermería Global, 47, 160-174. doi: 10.6018/eglobal.16.3.248551

Beaton, D. E., Bombardier, C., Guillemin, F., & Ferraz, M. B. (2000). Guidelines for the Process of Cross-Cultural Adaptation of Self-Report Measures. Spine, 25(24), 3186- 3191. Recuperado de: Davis, K. G., & Kotowski, S. E. (2015). Prevalence of Musculoskeletal Disorders for
Nurses in Hospitals, Long-Term Care Facilities, and Home Health Care: A Comprehensive Review. Human Factors. doi:10.1177/001872015581933

EASHW. OSH in figures – Work-related musculoskeletal disorders in the EU – Facts and figures: European Agency for Safety and Health at Work; 2010. Recuperado de: https://osha.europa.eu/en/publications/reports/TERO09009ENC

López-López, D., Becerro-de-Bengoa-Vallejo, Losa-Iglesias, M. E., Palomo-López, P., Rodríguez-Sanz, D., Brandariz-Pereira, J. M., & Calvo-Lobo, C. (2018). Evaluation of foot health related quality of life in individuals with foot problems by gender: a crosssectional comparative analysis study. BMJ Open, 8:e023980. doi: 10.1136/bmjopen-2018-023980