A prevalência de indivíduos com sequelas de lesão medular traumática é pouco conhecida em Portugal e no Mundo. Trata-se de uma situação catastrófica na vida das pessoas uma vez que desta resulta a perda parcial ou total da mobilidade e sensibilidade, com múltiplos compromissos de vários sistemas do organismo, para além das alterações que envolvem a dificuldade de adaptação ao ambiente e a desestruturação da imagem corporal do próprio.
Este estudo teve como principal objetivo perceber o que influencia ou influenciou a qualidade de vida das pessoas com lesões vertebromedulares, paraplégicas, com idade acima de 18 anos e com lesão há cerca de 2 anos ou mais.
Para a sua concretização desenvolveu-se um estudo do tipo quantitativo com orientação descritivo – correlacional, em que foram estudadas as relações entre várias variáveis:nível e tipo de lesão, existência de complicações, idade, género, Locus de controlo, atividades e apoios sociais, nível de habilitações literárias, APGAR familiar, estado civil, situação profissional, Classificação Social de Graffar, atividade sexual/sexualidade e a qualidade de vida das pessoas com paraplegia traumática.
A avaliação da qualidade de vida foi medida através da escala Short Form - 36 Health Survey Questionnaire (SF-36) adaptada à população Portuguesa e aplicada, inserida num questionário, a 51 participantes.
Dos resultados destaca-se a correlação entre a Qualidade de Vida e a idade com que a pessoa sofreu a lesão, porque apesar de associada a outros fatores, foi a variável que pareceu influenciar de forma mais decisiva a qualidade de vida na pessoa paraplégica.
Os dados que seguidamente são apresentados foram tratados mediante o total de respostas obtidas e a partir do questionário utilizado neste estudo.
Na amostra estudada a paraplegia traumática reconheceu-se em indivíduos, no essencial, jovens. Verificou-se que 74,5% apresentaram menos de 30 anos e que 43,1% tinham entre 10 e 20 anos. Estes valores foram de encontro ao que Henriques (2003) detetou no seu estudo havendo uma maior concentração da sua amostra nas idades abaixo dos 30 anos, tal como Lobosky (1996) e Freed (1998) encontraram nos seus estudos (Quadro 1).
Quadro 1 – Distribuição absoluta e percentual da idade (grupo etário) dos inquiridos no momento da lesão
Grupo etário
nº (nº de casos)
%
10-20
22
43,1
21-30
16
31,4
31-40
11
21,6
41-50
2
3,9
Total
51
100,0
A distribuição da nossa amostra segundo o género apresenta-se na Quadro 2. Reconheceu-se uma clara predominância do sexo masculino, em 78,4% da nossa amostra, o que é corroborado pelo estudo de Henriques (2003) em que 81,8% das pessoas estudadas pertenciam ao sexo masculino. Também no estudo de Bampi, Guilhem e Lima (2008) se reconheceu a supremacia masculina nas vítimas de lesões medulares traumáticas, em que o rácio foi de 5,5 homens para cada mulher.
Quadro 2 - Distribuição absoluta e percentual da amostra segundo o género
Género
nº
%
Masculino
40
78,4
Feminino
11
21,6
Total
51
100,0
Quanto ao estado civil antes da lesão percebeu-se que a maioria pertencia ao grupo de solteiros com 70,6% dos casos (Quadro 3).
Quadro 3 – Distribuição absoluta e percentual do estado civil dos respondentes antes e depois da lesão
Estado civil
Antes da lesão
Depois da lesão
nº
%
nº
%
Solteiro
36
70,6
24
47,1
Casado
14
27,5
16
31,4
Viúvo
1
2,0
Divorciado
1
2,0
6
11,8
União de facto
4
7,8
Total
51
100,0
51
100,0
De notar que, quando se avalia a amostra após a lesão, os solteiros já «só» foram 47,1%, mas que tal não significou uma passagem estável ao estado de casado, dado que este estado civil evoluiu de 27,5% antes da lesão, para 31,4% depois da lesão, havendo um claro crescimento da percentagem de divorciados (de 2,0% para 11,8%) (Quadro 3), tal como aconteceu no estudo de Henriques (2003), em que se verificou uma diminuição do número de solteiros (antes da lesão 67,5%, depois da lesão 50,6%) mas com um aumento de divorciados (antes da lesão 5,2%, depois da lesão 16,9%).
Antes da lesão, a moda da composição numérica do agregado familiar foi de 3 elementos (27,5%), seguida de 1 elemento (25,5%). Depois da lesão a média de elementos diminuiu, embora a moda tenha continuado a ser de 3 elementos (29,4), aumentando claramente o número de famílias com 1 elemento (27,5) e 2 elementos (25,5) (Quadro 4). No estudo de Henriques (2003) reconheceu-se também um aumento das famílias com apenas um elemento, o que significa que muitos dos respondentes viviam sozinhos após a lesão, tal como aconteceu na nossa amostra.
Quadro 4 – Distribuição absoluta e percentual do agregado familiar antes e depois da lesão
Elementos do agregado
Antes da lesão
Depois da lesão
n º
%
n º
%
1
13
25,5
14
27,5
2
8
15,7
13
25,5
3
14
27,5
15
29,4
4
11
21,6
7
13,7
5
1
2,0
2
3,9
6
2
3,9
-
-
7
1
2,0
-
-
8
0
0
-
-
9
1
2,0
-
-
Total
51
100,0
51
100,0
O estudo da nossa amostra no que diz respeito ao número de filhos revelou que antes da lesão 72,5% dos respondentes não tinham filhos, no entanto, após a lesão, 58,8% dos questionados manteve-se sem filhos, mas 23,5% apresentaram 1 filho após a lesão, enquanto que antes da lesão somente 13,7% o apresentavam (Quadro 5), o que vai de encontro a diversos estudos, tal como, o de Henriques (2003).
Quadro 5 – Distribuição absoluta e percentual do número de filhos antes e depois da lesão
Número de Filhos
Antes da lesão
Depois da lesão
nº
%
nº
%
0
37
72,5
30
58,8
1
7
13,7
12
23,5
2
6
11,8
8
15,7
3
1
2,0
1
2,0
Total
51
100,0
51
100,0
As habilitações literárias dos inquiridos aumentaram entre os dois momentos considerados, o que evidenciou o facto de que estas pessoas investiram na sua formação, no seu futuro, passando os possuidores do 12.º ano/curso profissional de 15,7% para 21,6%, e os detentores de curso superior de 11,8% para 27,5%. No estudo de Vall, Braga e Almeida (2006) com 32 paraplégicos adultos brasileiros, reconheceu-se que a sua maioria apresentava como habilitações literárias o ensino fundamental (9º ano) (53,1%) e 21,8 % das pessoas em estudo apresentavam o ensino médio (12º ano), o que não foi muito diferente da situação portuguesa.
Percebeu-se assim (Quadro 6) que ao nível do 2º ciclo, após a lesão, foram encontrados 27,5 % dos respondentes, todavia, o que diferiu do estudo brasileiro foi o facto de ser detetada a mesma percentagem ao nível do curso superior, o que não acontece nesse estudo.
Quadro 6 – Distribuição absoluta e percentual das habilitações literárias antes e depois da lesão
Habilitações literárias
Antes da lesão
Depois da lesão
n º
%
n º
%
Não sabe ler
2
3,9
2
3,9
1º Ciclo – 4ª classe
10
19,6
7
13,7
2º Ciclo – 9º ano
18
35,3
14
27,5
3º Ciclo – 11º ano
5
9,8
2
3,9
12º Ano / curso profissional
8
15,7
11
21,6
Curso superior
6
11,8
14
27,5
Outro
2
3,9
1
2,0
Total
51
100,0
51
100,0
Foi verificado também um aumento no número de desempregados, de 35,3% para 52,9%, na amostra em estudo. Apesar de nem todos os questionados terem respondido à segunda parte desta questão foi possível constatar o aumento concomitante de reformados (de 0,0% para 21,6%) e a diminuição de estudantes (de 23,5% para 3,9%) (Quadro 7, 8). Este aumento de reformados e desempregados pareceu estar associado ao tempo sem profissão após a lesão, com 66,7% da amostra respondente (N=46) a não encontrar emprego durante mais de 2 anos (Quadro 9). Segundo o estudo, realizado na Tailândia, por Jang, Wang e Wang (2005) sobre o regresso ao trabalho de 169 pessoas com traumatismo vertebro-medular reconheceu-se que apenas 47% dos participantes se encontravam a desenvolver trabalho remunerado, o que demonstra o significativo número de pessoas desempregadas após a lesão.
Quadro 7 - Distribuição absoluta e percentual da situação de emprego antes e depois da lesão
Situação de emprego
Antes da lesão
Depois da lesão
n º
%
n º
%
Desempregado
18
35,3
27
52,9
Empregado
33
64,7
24
47,1
Total
51
100,0
51
100,0
Quadro 8 – Distribuição absoluta e percentual da profissão apresentada antes e depois da lesão
Profissão
Antes da lesão
Depois da lesão
nº
%
nº
%
Sem resposta
17
33,3
20
39,2
Estudante
12
23,5
2
3,9
Reformado
11
21,6
Outro
22
43,2
18
35,3
Total
34
100,0
31
100,0
Quadro 9 – Distribuição absoluta e percentual do tempo sem atividade profissional após a lesão
Tempo após lesão sem atividade profissional
nº
%
Sem resposta
5
9,8
1 - 6 meses
3
5,9
6 meses - 1 ano
2
3,9
1 - 2 anos
7
13,7
Mais de 2 anos
34
66,7
Total
46
100,0
Relativamente ao domínio social da amostra, a maioria dos indivíduos (72,5%) referiu não receber ou ter alguma vez recebido apoio social de qualquer tipo (Quadro 10).
Quadro 10 - Distribuição absoluta e percentual do apoio social recebido após a lesão
Apoio Social
nº
%
Recebe atualmente/já recebeu
14
27,5
Não recebe atualmente/nunca recebeu
37
72,5
Total
51
100,0
O nível de participação em atividades desportivas foi, fundamentalmente, baixo (nenhum em 35,3% dos casos e reduzido em 15,7%), até porque a média se situou no valor 2,94 da escala (Quadro 11, 12). Esta situação também foi detetada no estudo desenvolvido por Henriques (2003) em que 27,5% da sua amostra revelou não participar em atividades desportivas. Já no que se refere ao convívio com amigos, o panorama foi diferente, com muita ou moderada participação, 15,7% situando-se no valor 5 e 10 da escala (Quadro 12), o que foi igualmente detectado no estudo de Henriques (2003), pois 21,1% da amostra se situou nos valores 8 e 10 do nível de participação.
Quadro 11 – Distribuição dos valores obtidos nas variáveis participação em atividades desportivas e em convívios com amigos
Variáveis que envolvem a participação em atividades após a lesão
nº
Mínimo
Máximo
Média
Desvio-padrão
Participação em atividades desportivas
51
0
10
2,94
3,215
Participação em convívios com amigos
51
0
10
5,78
3,288
Quadro 12 – Distribuição absoluta e percentual das variáveis que envolvem a participação em atividades após a lesão
Variáveis que envolvem a participação em atividades após a lesão
Participação em atividades desportivas
Participação em convívios com amigos
Nível
nº
%
nº
%
Nenhuma
participação 0
18
35,3
4
7,8
1
8
15,7
5
9,8
2
2
3,9
1
2,0
3
5
9,8
4
7,8
4
1
2,0
2
3,9
5
5
9,8
8
15,7
6
2
3,9
2
3,9
7
3
5,9
5
9,8
8
4
7,8
7
13,7
9
1
2,0
5
9,8
Muita
participação 10
2
3,9
8
15,7
TOTAL
51
100,0
51
100,0
No que diz respeito a férias e tempos livres, houve um claro declínio no usufruto depois da lesão – antes, iam para fora 41,1%, depois 27,4%, havendo um aumento, em cerca de 6% na percentagem dos que deixaram de sair de casa após a lesão (de 13,7% antes, para 19,6% depois) (Quadro 13). Este facto corroborou o estudo de Henriques (2003), apesar de mais diluído.
Quadro 13 – Distribuição absoluta e percentual das férias/tempos livres antes e depois da lesão
Férias/tempos livres
Antes da lesão
Depois da lesão
n º
%
n º
%
Não sai de casa
7
13,7
10
19,6
Esporadicamente passa dias fora
23
45,1
27
52,9
Vai sempre para fora
12
23,5
2
3,9
Vai para fora e às vezes para outro país
9
17,6
12
23,5
Total
51
100,0
51
100,0
Quanto ao apoio recebido para atividades desportivas e de lazer, este não contribuiu para as fomentar, sendo que 43,1% não receberam qualquer apoio e 15,7% receberam apoio “reduzido” a “moderado”, por considerarem os valores 1 e 5 no nível de apoio (Quadro 15), encontrando-se a média no nível 1,94 (Quadro 14). Este facto foi igualmente reconhecido no estudo de Henriques (2003) em que 21,1% dos respondentes referiu que não recebeu qualquer apoio neste tipo de atividades.
Quadro 14 - Distribuição dos valores obtidos nas variáveis que envolvem os apoios recebidos após a lesão
Variáveis que envolvem os apoios recebidos após a lesão
nº
Mínimo
Máximo
Média
Desvio-padrão
Apoio em atividades de lazer
51
0
8
1,94
2,353
Ajudas na adaptação de habitação
51
0
10
1,88
2,826
Apoio na aquisição de meios de prevenção de complicações
51
0
10
2,69
2,604
Apoios na adaptação do local de trabalho
51
0
10
2,98
3,797
Quadro 15 - Distribuição absoluta e percentual das variáveis que envolvem os apoios recebidos após a lesão
Variáveis que envolvem os apoios recebidos após a lesão
Apoio em atividades de lazer
Ajudas na adaptação de habitação
Apoio na aquisição de meios de prevenção de complicações
Apoios na adaptação do local de trabalho
Nível
nº
%
nº
%
nº
%
nº
%
0
Nenhuns
22
43,1
28
54,9
16
31,4
26
51,0
1
8
15,7
6
11,8
6
11,8
2
3,9
2
4
7,8
3
5,9
5
9,8
1
2,0
3
5
9,8
2
3,9
5
9,8
5
9,8
4
-
-
1
2,0
3
5,9
3
5,9
5
8
15,7
4
7,8
10
19,6
1
2,0
6
2
3,9
1
2,0
3
5,9
-
-
7
-
-
3
5,9
1
2,0
1
2,0
8
2
3,9
1
2,0
-
-
5
9,8
9
-
-
1
2,0
1
2,0
1
2,0
10
Muitos
-
-
1
2,0
1
2,0
6
11,8
TOTAL
51
100,0
51
100,0
51
100,0
51
100,0
Quanto às condições materiais, 54,9% dos inquiridos não receberam qualquer apoio (nível 0) para proceder à adaptação da sua habitação e 11,8% receberam apoio “reduzido” (nível 1/2) (Quadro 15). No estudo de Henriques (2003) também 51,4% da amostra não recebeu ajuda na adaptação das suas habitações após a sua lesão.
Em relação ao apoio na aquisição de meios de prevenção de complicações, o panorama, sendo um pouco melhor, esteve longe de se poder considerar bom: 19,6% receberam apoio moderado (nível 5), contra 31,4% e 11,8% que, respetivamente, não receberam qualquer apoio ou o que receberam foi de forma “reduzida” (Quadro 15). A situação agrava no que se refere à adaptação do local de trabalho às novas condições dos inquiridos, com 51,0 % a não receber nenhum apoio, apesar de 11,8% referirem ter recebido muito apoio (Quadro 15).
Na nossa amostra a reabilitação foi realizada, no essencial, em meio hospitalar ou numa clínica de reabilitação em Portugal (62,7%), tal como se verificou no estudo de Henriques (2003), seguida do departamento de reabilitação de um Hospital Geral (25,5%) (Quadro 16).
Quadro 16 – Distribuição absoluta e percentual do local onde se iniciou a reabilitação
Local onde iniciou reabilitação
n º
%
Departamento de reabilitação do H. Geral
13
25,5
Hospital/clínica de reabilitação em Portugal
32
62,7
Hospital/clinica de reabilitação fora de Portugal
1
2,0
Outros
5
9,8
Total
51
100,0
A experiência do processo de reabilitação foi considerada positiva pela maioria das pessoas, sendo que 27,5% se encontraram no nível 8 e 11,8% no nível 6, o que se verificou no valor da média (7,02) e muito positiva por 25,5% dos respondentes (nível 10) (Quadro 17 e 18).
Quadro 17 – Distribuição dos valores obtidos nas variáveis: experiência vivenciada no centro de reabilitação e importância do contacto com outras pessoas com paraplegia no processo de reabilitação
Variáveis
nº
Mínimo
Máximo
Média
Desvio-padrão
Experiência vivenciada no centro de reabilitação
51
0
10
7,02
2,881
Contacto com outras pessoas com paraplegia no processo de reabilitação
51
0
10
7,35
2,876
Quadro 18 - Distribuição absoluta e percentual das variáveis: experiência vivenciada no centro de reabilitação e importância do contacto com outras pessoas com paraplegia no processo de reabilitação
Variáveis
Experiência vivenciada no centro de reabilitação
Contacto com outras pessoas com paraplegia no processo de reabilitação
Nível
nº
%
nº
%
0
Muito negativa/ sem importância
3
5,9
2
3,9
1
1
2,0
-
-
2
-
-
2
3,9
3
2
3,9
3
5,9
4
3
5,9
1
2,0
5
5
9,8
7
13,7
6
6
11,8
2
3,9
7
-
-
1
2,0
8
14
27,5
9
17,6
9
4
7,8
8
15,7
10
Muito positiva/
importante
13
25,5
16
31,4
TOTAL
51
100,0
51
100,0
Quanto ao contacto com pessoas paraplégicas durante a reabilitação foi considerado por 31,4% dos respondentes como muito importante (nível 10) sendo que para uma grande parcela fora importante, pois no nível 8 situaram-se 17,6% e no nível 9, 15,7 % das pessoas em estudo, o que corresponde a uma média de 7,35 (Quadro 18).
No que diz respeito ao nível socioeconómico da amostra, a classificação social de Graffar, indicou-nos que os inquiridos pertencem, fundamentalmente, a famílias de classe socioeconómica média-alta e alta (classe II com 41,2% e classe I com 29,4%) (Quadro 19).
Quadro 19 – Distribuição absoluta e percentual do índice de Graffar
Índice de Graffar
nº
%
Classe I:alta.
15
29,4
Classe II: média alta
21
41,2
Classe III: média
9
17,6
Classe IV: média baixa
5
9,8
Classe V: baixa
1
2,0
Total
51
100,0
Através da escala de APGAR familiar verificou-se que as famílias receberam, em larga maioria, a classificação de “altamente funcionais” (82,4%) (Quadro 20).
Quadro 20 – Distribuição absoluta e percentual da escala de APGAR familiar
APGAR familiar
nº
%
Família com disfunção acentuada
2
3,9
Família com moderada disfunção
7
13,7
Família altamente funcional
42
82,4
Total
51
100,0
Relativamente à caracterização da lesão traumática esta revelou-se, na maioria dos casos da amostra estudada, a nível dorsal (88,2%), sendo de 11,8% incidiu ao nível da região lombar (Quadro 21). Nenhum participante apontou como tendo lesão ao nível da região sagrada.
Quadro 21 – Distribuição absoluta e percentual do nível de lesão traumática
Nível de Lesão
nº
%
Dorsal
45
88,2
Lombar
6
11,8
Total
51
100,0
Quanto ao tipo da lesão e segundo a classificação de Frankel, a maioria dos inquiridos não apresenta sensibilidade e tem paralisia (70,6%) – lesão completa A, seguindo-se os que, tendo também paralisia, mantêm alguma sensibilidade (19,6%) – lesão incompleta B (Quadro 22).
Quadro 22 – Distribuição absoluta e percentual do tipo de lesão
Tipo de lesão
nº
%
Não sente e tem paralisia
36
70,6
Tem paralisia mas tem alguma sensibilidade
10
19,6
Tem alguns movimentos mas sem utilidade
1
2,0
Tem alguns movimentos que permitem alguma função
3
5,9
Outra
1
2,0
Total
51
100,0
A lesão vertebro-medular traumática apresenta consequências diferentes consoante os órgãos e sistemas funcionais afectados: a espasticidade surgiu em 56,9% dos casos, as alterações intestinais em 49,0%, as alterações urinárias atingiram 60,8%, as alterações sexuais em 47,1% e alterações na pele em 27,5% dos inquiridos. No entanto, são reduzidos os casos de trombose venosa profunda, disreflexia autónoma e alterações gástricas (Quadro 23).
Quadro 23 – Distribuição absoluta e percentual das complicações no estado de saúde: espasticidade, alterações intestinais, alterações urinárias, trombose venosa profunda, disreflexia autónoma, alterações gástricas, alterações sexuais, alterações na pele.
Complicações de saúde
Com a complicação
Sem a complicação
Total
nº
%
nº
%
nº
%
Espasticidade
29
56,9
22
43,1
51
100,0
Alterações Intestinais
25
49,0
26
51,0
51
100,0
Alterações Urinárias
31
60,8
20
39,2
51
100,0
Trombose Venosa Profunda
2
3,9
49
96,1
51
100,0
Disreflexia Autónoma
3
5,9
48
94,1
51
100,0
Alterações Gástricas
3
5,9
48
94,1
51
100,0
Alterações na pele
14
27,5
37
72,5
51
100,0
Alterações sexuais
24
47,1
27
52,9
51
100,0
A preocupação apresentada pelos respondentes neste estudo, com eventuais complicações é “elevada”, em que 21,6% das pessoas se encontram no nível 8. No entanto 11,8% referem não atribuírem muita importância à preocupação que possam sentir relativamente às complicações de saúde (Gráfico 1).
Gráfico 1 - Distribuição absoluta do nível de preocupação com complicações resultantes da lesão
No que se refere, especificamente, à atividade sexual, no período pós-lesão (Quadro 24) verificou-se que 33,3% a não possui (quer tenha parceiro – 7,8%, quer não o tenha – 25,5%), ao passo que 39,2% referem apresentar relações sexuais esporádicas (23,5% em relações ocasionais e 15,7% com o parceiro). Do total, 27,5% referiram ter relações sexuais frequentes.
Quadro 24 - Distribuição absoluta e percentual da atividade sexual após lesão
Atividade sexual após lesão
nº
%
Não tem parceiro sexual permanente e não tem relações sexuais
13
25,5
Não tem parceiro sexual permanente mas tem relações sexuais esporádicas
12
23,5
Tem parceiro sexual permanente e tem relações sexuais frequentes
14
27,5
Tem parceiro sexual permanente e tem relações sexuais esporádicas
8
15,7
Tem parceiro sexual permanente e não tem relações sexuais
4
7,8
Total
51
100,0
As alternativas adotadas por estas pessoas nas suas relações sexuais apresentam-se no quadro 25, em que se verificou que 43,1% não utilizou qualquer alternativa, 29,4% utilizou a excitação manual e 25,5% outras alternativas, entre as quais a excitação de zonas erógenas. Esta situação foi de encontro aos resultados obtidos no estudo de Henriques (2003) em que 53,7 % das pessoas estudadas indicaram não necessitar de recorrer a métodos diferentes.
Quadro 25 – Distribuição absoluta e percentual das alternativas adotadas nas relações sexuais
Alternativas adotadas nas relações sexuais
nº
%
Não responde
1
2,0
Não necessita de recorrer a métodos diferentes
22
43,1
Utiliza a excitação manual dos orgãos genitais do parceiro
15
29,4
Desenvolve a excitação de zonas erógenas específicas
3
5,9
Utiliza outras alternativas
10
19,6
Total
51
100,0
Apesar das informações recolhidas através dos dados anteriormente apresentados, quanto à satisfação sexual, a média situou-se no nível 4,70, ou seja no nível de satisfação “moderada”, mas a maior percentagem situou-se no nível 0, ou seja 17,6% consideraram estarem totalmente insatisfeitos com a sua atividade sexual (gráfico 2).
Gráfico 2 – Distribuição absoluta da variável satisfação com a atividade sexual
Os valores obtidos na variável Locus de controlo na nossa amostra, tal como se apresenta no quadro 27, revelaram um valor médio de internalidade de 30,51 num máximo possível de 48,0. Quanto à externalidade a média foi de 22,02 e a externalidade acaso apresentou como média o valor 23,43. A tendência da amostra em estudo entrou em acordo com a orientação demonstrada também pela amostra estudada por Henriques (2003), onde a média de internalidade se situou no valor de 31,03 (Quadro 26 e 27).
Quadro 26 – Distribuição absoluta e percentual do IPC de Levenson - Locus de Controle
Dimensões
Internalidade (I)
Externalidade (P)
Externalidade acaso (C)
Valores obtidos IPC
nº
%
nº
%
nº
%
8-15
2
3,9
7
13,7
4
7,8
16-23
3
5,9
21
41,2
15
29,4
24-31
22
43,1
21
41,2
29
56,9
32-39
22
43,1
2
3,9
3
5,9
40-48
2
3,9
-
-
-
-
Total
51
100,0
51
100,0
51
100,0
Quadro 27- Distribuição dos valores obtidos nas Dimensões da escala IPC de Levenson
Dimensões da escala IPC de Levenson
nº Itens
Min
possível
Máx
possível
Min
obtido
Máx
obtido
Min
Obtido ͙
Máx
Obtido
͙
Média
Média
͙
Desvio-padrão
Internalidade - I
8
8
48
8
40
21
41
30,51
31,03
6,604
Externalidade - P
8
8
48
8
36
8
37
22,02
24,42
6,586
Externalidade Acaso - C
8
8
48
8
33
10
41
23,43
25,85
6,485
͙ - resultados de estudo de Henriques (2003)
Serão agora apresentados os dados obtidos através da aplicação da escala de qualidade de vida SF – 36.
Assim, o uso da escala SF-36 modificada apresenta os seguintes resultados estatísticos:
Quadro 28 – Estatística resumo da escala SF-36 modificada (N =51)
SF-36
nº
Mínimo
Máximo
Média
Desvio-padrão
CV
Mediana
Desempenho Físico
51
0
100
62,75
28,531
45,0%
62,50
Dor Física
51
0
100
61,43
25,312
41,2%
62,00
Saúde em Geral
51
5
97
52,98
22,477
42,4%
52,00
Vitalidade
51
15
95
61,76
21,745
35,2%
60,00
Função Social
51
13
100
74,02
25,353
34,3%
87,50
Desempenho Emocional
51
0
100
68,63
29,420
42,9%
75,00
Saúde Mental
51
8
100
67,76
22,984
33,9%
72,00
N
51
CV – Coeficiente de variação = Desvio- padrão (S´) / Média (Ẍ) x 100 (Maroco, 2007)
Os resultados apresentados para as 7 dimensões da qualidade de vida mostraram resultados mais reduzidos na dimensão Saúde em Geral e superiores na Função Social, Desempenho Emocional e Saúde Mental. Genericamente, verificaram-se resultados inferiores no que concerne aos aspetos físicos da qualidade de vida.
Pestana e Gajeiro (2005) referem que caso o coeficiente de variação se apresente com valores inferiores ou iguais a 15% estamos perante uma baixa dispersão, homogénea e estável, se os valores estiverem entre 15 e 30% estamos perante uma média dispersão e se os valores forem superiores a 30% já se evidencia uma alta dispersão, heterogénea, tal como foi verificado no nosso estudo.
Foi ainda detetada uma grande variabilidade nas pontuações, com respondentes a apresentarem pontuações muito baixas (por vezes 0) em várias dimensões, e outros a apresentarem pontuações muito altas (por vezes 100) nessas mesmas dimensões. Tal reflecte-se em valores elevados de desvio padrão (entre 20 e 30 pontos de desvio, nas diversas dimensões).
O valor de Alpha de Cronbach foi de 0,898, sendo elevado e superior ao valor a partir do qual se considera que a escala possui uma fiabilidade interna elevada, que permite a sua utilização para medir a característica para a qual foi idealizada. Os valores do Alpha não sobem significativamente se eliminarmos qualquer um dos seus itens, pelo que a escala, pode manter apenas 7 dimensões. Deve ser aqui relembrado o facto de que a dimensão Função Física foi inicialmente abolida pelo facto de estarmos a desenvolver um estudo com pessoas que apresentavam paraplegia traumática.
Teste das Hipóteses em EstudoSeguidamente são apresentadas algumas comparações e correlações existentes tendo como ponto de partida o teste das hipóteses em estudo.
Depois de se ter estabelecido o nível de significância (p) de 0,05 para aceitação das hipóteses estudadas avançámos para a verificação da distribuição da variável dependente – qualidade de vida.
Assim para testar a normalidade da variável usou-se o Teste de Kolmogorov-Smirnov.
Quadro 29 – Resultado da aplicação do teste de Kolmogorov – Smirnov para a variável dependente qualidade de vida e a varável independente género.
Género
Kolmogorov-Smirnova
Shapiro-Wilk
SF-36
Estatistica
df
Sig.
Estatistica
df
Sig.
Desempenho físico
masculino
,143
40
,037
,927
40
,013
feminino
,169
11
,200*
,939
11
,509
Dor física
masculino
,155
40
,016
,950
40
,076
feminino
,154
11
,200*
,931
11
,425
Saúde em geral
masculino
,089
40
,200*
,973
40
,436
feminino
,296
11
,008
,835
11
,027
Vitalidade
masculino
,141
40
,045
,922
40
,009
feminino
,129
11
,200*
,951
11
,654
Saúde fisica
masculino
,248
40
,000
,851
40
,000
feminino
,174
11
,200*
,923
11
,346
Desempenho emocional
masculino
,213
40
,000
,862
40
,000
feminino
,224
11
,128
,878
11
,098
Saúde mental
masculino
,112
40
,200*
,926
40
,012
feminino
,153
11
,200*
,927
11
,386
a. Lilliefors Significance Correction
*. This is a lower bound of the true significance.
Verificando-se a existência de valores de p (signif) inferiores a 0,05, rejeitou-se, à partida, a hipótese de normalidade da distribuição. No entanto, a dimensão da nossa
amostra é de N= 51, portanto acima de N= 30 e a representação gráfica de todas as dimensões da qualidade de vida apresentam a curva a tender para a normalidade, tal como se exemplifica nos 2 gráficos seguintes.
Gráfico 3 e 4 – Representação gráfica da normalidade para as dimensões de qualidade de vida: Saúde Mental e Saúde em Geral , respetivamente
Análise da Hipótese 1 - Existe diferença na qualidade de vida mediante o nível de lesão
Para analisar esta hipótese utilizou-se o teste t-Student para grupos independentes, elaborando um estudo sobre a diferença de médias. Estando os valores de p acima de 0,05, foram corroborados os resultados obtidos por Henriques (2003), em que não foi encontrada relação entre o nível de lesão e a qualidade de vida.
Quadro 30 – Resultados da aplicação do teste t-Student para grupos independentes às dimensões da qualidade de vida em função do nível de lesão
Nível de lesão
nº
Média
Desvio-padrão
t
p
Desempenho físico
Dorsal
45
63,75
27,71
,69
,50
Lombar
6
55,21
36,10
Dor física
Dorsal
45
62,69
25,70
,97
,34
Lombar
6
52,00
21,75
Saúde em geral
Dorsal
45
51,91
23,28
-,93
,36
Lombar
6
61,00
13,97
Vitalidade
Dorsal
45
62,00
21,96
,21
,84
Lombar
6
60,00
21,91
Função social
Dorsal
45
73,61
26,41
-,31
,76
Lombar
6
77,08
16,61
Desempenho emocional
Dorsal
45
68,52
29,83
-,07
,94
Lombar
6
69,44
28,71
Saúde mental
Dorsal
45
66,22
23,47
-1,32
,19
Lombar
6
79,33
15,88
Nota: Não foi considerado o nível de lesão sagrada por não ter sido assinalada pelos respondentes
Análise da Hipótese 2 - Existe diferença na qualidade de vida mediante o tipo de lesão
Para testar a relação entre o tipo de lesão e a qualidade de vida realizámos o teste ANOVA cujos valores de F e p se apresentam na seguinte Quadro.
Quadro 31 - Resultados da aplicação do teste ANOVA às dimensões da qualidade de vida em função do tipo de lesão
Tipo de Lesão
nº
Média
Desvio-padrão
F
p
Desempenho físico
Não sente e tem paralisia
36
63,37
30,59
,28
,76
Tem paralisia mas tem alguma sensibilidade
10
65,00
28,44
Tem alguns movimentos
5
53,75
7,13
Dor física
Não sente e tem paralisia
36
64,58
26,20
2,03
,14
Tem paralisia mas tem alguma sensibilidade
10
60,40
15,99
Tem alguns movimentos
5
40,80
28,30
Saúde em geral
Não sente e tem paralisia
36
55,19
23,67
,622
,541
Tem paralisia mas tem alguma sensibilidade
10
48,80
17,16
Tem alguns movimentos
5
45,40
24,31
Vitalidade
Não sente e tem paralisia
36
62,08
23,83
,01
,99
Tem paralisia mas tem alguma sensibilidade
10
61,00
17,76
Tem alguns movimentos
5
61,00
15,17
Função social
Não sente e tem paralisia
36
76,74
25,56
2,10
,13
Tem paralisia mas tem alguma sensibilidade
10
75,00
19,54
Tem alguns movimentos
5
52,50
28,50
Desempenho emocional
Não sente e tem paralisia
36
70,14
30,69
,35
,71
Tem paralisia mas tem alguma sensibilidade
10
68,33
29,08
Tem alguns movimentos
5
58,33
22,82
Saúde mental
Não sente e tem paralisia
36
68,33
23,55
,08
,93
Tem paralisia mas tem alguma sensibilidade
10
67,60
16,16
Tem alguns movimentos
5
64,00
33,82
Nota: os respondentes que assinalaram ter algum movimento mas sem utilidade e ter algum movimento que permite alguma função foram reunidos na categoria: tem alguns movimentos. Excluídos foram os tipos de lesão: capacidade motora normal com alguns reflexos anormais e outra, por não terem sido assinalados.
Não se verifica relação estatisticamente significativa entre qualquer uma das dimensões da qualidade de vida e o tipo de lesão, dado que os valores de p estãoacima de 0,05, o que mais uma vez corrobora o estudo de Henriques (2003).
Reconheceu-se que, as pessoas que não sentem e têm paralisia assim como, as que referem não ter paralisia mas apresentam alguma sensibilidade evidenciaram valores de média superiores ao nível das dimensões Função Social e Desempenho Emocional, enquanto que para as que apresentaram algum movimento foi ao nível da dimensão Saúde Mental que demonstraram apresentar melhor qualidade de vida.
Análise da Hipótese 3 - A existência de complicações do estado de saúde influencia a qualidade de vida da pessoa com paraplegiaPara analisar a hipótese 3 recorremos a uma análise descritiva e posterior comparação de médias entre as várias complicações de saúde e as dimensões da qualidade de vida, assim como ao teste de ANOVA para perceber as possíveis diferenças existentes na qualidade de vida mediante as pessoas tenham apresentado uma, duas, três, quatro ou mais complicações de saúde.
Quadro 32 – Distribuição absoluta e percentual do número de ocorrências de complicações de saúde apresentadas pelos colaboradores estudados
Ocorrência de complicações
nº
%
Teve um tipo de complicação
16
31,3
Teve dois tipos de complicações
11
21,5
Teve três tipos de complicações
6
11,8
Teve quatro ou mais tipos de complicações
18
35,4
TOTAL
51
100,0
Através da apreciação dos resultados obtidos neste estudo foi possível perceber que várias complicações de saúde foram apontadas em simultâneo pela maioria dos respondentes neste estudo (35,4%). No entanto também uma significativa percentagem de respondentes apresentou apenas um tipo de complicação (31,4%) (Quadro 32). Através do quadro 33 pudemos ainda conhecer que as complicações mais evidenciadas foram as alterações urinárias e a espasticidade e na posição oposta encontrámos as complicações trombose venosa profunda, disreflexia autónoma e alterações gástricas em que apenas 2 a 3 pessoas as enumeraram.
Contudo, através da comparação das médias nas várias complicações de saúde (Quadro 33) e nas dimensões da qualidade de vida, percebemos que as pessoas que manifestaram alterações intestinais apresentaram níveis de qualidade de vida inferiores em todas as dimensões, relativamente às outras complicações e que, apesar da complicação espasticidade ter sido descrita por 29 dos respondentes demonstrou valores de médias superiores nas várias dimensões de qualidade de vida para quem a apresenta do que para quem não a enumera, o que demonstra a importância que a espasticidade assume a nível funcional no paraplégico.
Quadro 33 – Comparação entre as médias das Dimensões da Escala SF-36 e a variável complicações de saúde.
Complicação de saúde
Não apresenta (N.A) / Apresenta (A)
Desempenho físico
Dor física
Saúde em geral
Vitalidade
Função social
Desempenho emocional
Saúde mental
Espasticidade
Média
N.A.
(N = 22)
56,82
58,64
47,32
61,14
69,89
65,15
64,73
Média
A.
(N = 29)
67,24
63,55
57,28
62,24
77,16
71,26
70,07
Alterações Intestinais
Média
N.A.
(N= 26)
69,23
66,81
54,58
64,81
81,25
76,92
70,46
Média
A.
(N= 25)
56,00
55,84
51,32
58,60
66,50
60,00
64,96
Alterações Urinárias
Média
N.A.
(N =20)
63,75
59,40
51,80
63,00
76,88
70,83
71,20
Média
A.
(N= 31)
62,10
62,74
53,74
60,97
72,18
67,20
65,55
Alterações Sexuais
Média
N.A.
( N = 27)
62,96
57,52
49,15
60,93
73,61
64,81
68,74
Média
A.
( N = 24)
62,50
65,83
57,29
62,71
74,48
72,92
66,67
Alterações da pele
Média
N.A.
( N =37)
63,18
58,38
53,78
62,16
75,34
70,72
68,86
Média
A.
(N = 14)
61,61
69,50
50,86
60,71
70,54
63,10
64,86
Nota: As complicações de saúde Trombose Venosa Profunda, Disreflexia Autónoma e Alterações Gástricas foram apresentadas por apenas 2 a 3 pessoas daí que não tenham sido aqui consideradas.
Através da aplicação do teste ANOVA verificou-se que não existiram diferenças estatisticamente significativas entre o número de complicações apresentadas e a qualidade de vida dos respondentes no estudo, dado que os valores de p (significância) se encontraram acima de 0,05. Todavia, percebemos que as pessoas que apresentaram apenas um tipo de complicação mostraram os melhores níveis de qualidade de vida na dimensão Função Social enquanto que na dimensão Saúde em Geral o valor de média foi o mais reduzido, o que refletiu o compromisso que a complicação causa. Quanto às pessoas que apresentaram dois tipos de complicações verificou-se que os melhores níveis de qualidade de vida se centraram na dimensão Função Social, quando foram três, os tipos de complicações, foi na dimensão de qualidade de vida Desempenho Emocional e quando se reconheceram quatro, ou mais, complicações denotou-se que foi novamente ao nível da dimensão Função Social que se encontraram os melhores valores de média.
Quadro 34 – Resultados da aplicação do teste ANOVA às dimensões de qualidade de vida (SF-36) em função das complicações de saúde apresentadas
Qualidade de Vida
Ocorrência de complicações
nº
Média
Desvio-padrão
F
p
Desempenho Físico
Uma
16
64,06
26,76
,22
,88
Duas
11
64,20
28,10
Três
6
68,75
29,32
Quatro ou mais
18
58,68
31,81
Dor Física
Uma
16
57,69
23,01
,33
,81
Duas
11
62,91
24,30
Três
6
56,83
31,90
Quatro ou mais
18
65,39
27,05
Saúde em Geral
Uma
16
44,19
19,15
1,51
,23
Duas
11
61,18
18,96
Três
6
51,00
16,83
Quatro ou mais
18
56,44
27,15
Vitalidade
Uma
16
62,50
20,82
,70
,56
Duas
11
66,82
25,23
Três
6
50,83
23,75
Quatro ou mais
18
61,67
20,22
Função Social
Uma
16
72,66
25,50
,75
,53
Duas
11
82,95
24,54
Três
6
64,58
24,26
Quatro ou mais
18
72,92
26,52
Desempenho Emocional
Uma
16
69,27
27,34
,37
,78
Duas
11
71,97
27,71
Três
6
76,39
32,68
Quatro ou mais
18
63,43
32,61
Saúde Mental
Uma
16
66,50
24,38
1,02
,40
Duas
11
78,18
20,89
Três
6
62,00
24,63
Quatro ou mais
18
64,44
22,37
Assim podemos dizer que neste estudo não foi possível corroborar a hipótese estudada, dado que independentemente do número de complicações apresentadas não houve alterações na qualidade de vida dos respondentes, contudo a complicação de saúde alterações intestinais indicia comprometer a qualidade de vida destas pessoas, perante os dados que obtivemos.
Análise da Hipótese 4 - A idade no momento da lesão influencia a qualidade de vida da pessoa com paraplegia
Para verificar a correlação existente entre a idade e a qualidade de vida recorreu-se ao coeficiente de correlação de Pearson. No Quadro 35 apresentam-se os valores obtidos.
Apercebemo-nos que o r (coeficiente de correlação de Pearson) se apresentou negativo, em todas as dimensões de qualidade de vida, no entanto, existiu uma relação inversa entre as variáveis, para as dimensões Dor Física e Vitalidade, o que significa que quanto maior a idade apresentada no momento da lesão, menor é a qualidade de vida relativamente a estas dimensões. No entanto, não se torna possível corroborar a hipótese em estudo.
Estes resultados confirmam, em parte, o estudo de Henriques (2003), dado que o autor encontrou uma relação inversa entre a idade e a dimensão Vitalidade, mas também com outras dimensões que não as que encontrámos no nosso estudo.
Quadro 35 – Resultados da aplicação do coeficiente de Correlação de Pearson para as dimensões da qualidade de vida e a idade.
Idade
r
Desempenho físico
-,007
Dor física
-,337*
Saúde em geral
-,059
Vitalidade
-,277*
Função social
-,106
Desempenho emocional
-,093
Saúde mental
-,070
Análise da Hipótese 5 - A diferença de género influencia a qualidade de vida, após a lesão
Para testar esta hipótese realizou-se o teste t-Student. Os resultados deste teste apresentam-se na Quadro 36. Os valores de p não revelaram diferenças significativas entre o género e as dimensões da qualidade de vida, o que não corrobora a hipótese considerada.
Reconheceu-se contudo que, os homens apresentaram valores superiores de média em todas as dimensões de qualidade de vida o que indicia apresentarem melhor qualidade de vida, no entanto, também se encontraram em maior número relativamente às mulheres, o que pode ludibriar os resultados, até porque Henriques (2003) no seu estudo detetou que existia um menor nível de qualidade de vida nos homens em todas as dimensões embora sem significado estatístico.
Quadro 36 – Resultados da aplicação do teste t-Student para grupos independentes às dimensões da qualidade de vida em função do género.
Género
nº
Média
Desvio-padrão
t
p
Desempenho físico
Masculino
40
63,44
29,37
,328
,745
Feminino
11
60,23
26,41
Dor física
Masculino
40
62,23
25,00
,423
,674
Feminino
11
58,55
27,47
Saúde em geral
Masculino
40
54,03
22,25
,629
,532
Feminino
11
49,18
24,00
Vitalidade
Masculino
40
63,50
20,70
1,089
,282
Feminino
11
55,45
25,24
Função social
Masculino
40
76,25
25,13
1,203
,235
Feminino
11
65,91
25,67
Desempenho emocional
Masculino
40
70,42
29,95
,826
,413
Feminino
11
62,12
27,73
Saúde mental
Masculino
40
69,90
22,59
1,273
,209
Feminino
11
60,00
23,80
Análise da Hipótese 6 - Existe relação entre o Locus de controlo e a qualidade de vida das pessoas com paraplegia
O estudo da relação entre o Locus de controlo, avaliado através da escala IPC de Levenson, e a qualidade de vida apresenta-se no quadro 37. Verificou-se que existiu uma correlação positiva entre as dimensões de qualidade de vida: Desempenho Físico, Dor física e Função Social e a dimensão Internalidade. Por outro lado existiu correlação, mas em sentido negativo, entre a dimensão de qualidade de vida avaliada pela escala SF-36: Saúde em Geral e a dimensão Externalidade Acaso.
Assim percebe-se que, apesar de não podermos corroborar a hipótese apresentada, é possível depreender que as pessoas que consideram que a sua vida depende de si e das suas ações apresentam melhor qualidade de vida, principalmente ao nível das suas relações sociais e da sua condição física.
Já Henriques (2003) no seu estudo encontrou uma relação estatisticamente significativa na maior parte das relações entre as dimensões de qualidade de vida e as
dimensões do Locus de Controlo, percebendo também que as pessoas que tendem para a internalidade têm maior qualidade de vida.
Quadro 37 – Resultados da aplicação do coeficiente de Correlação de Pearson às dimensões da qualidade de vida e ao Locus de Controlo (N = 51).
IPC
Levenson
Desempenho físico
Dor física
Saúde em geral
Vitalidade
Função social
Desempenho emocional
Saúde Mental
Internalidade
Correlação de Pearson (r)
,326*
,306*
,019
,102
,293*
,237
,051
p
,020
,029
,896
,476
,037
,093
,721
Externalidade
Correlação de Pearson (r)
-,203
-,166
-,271
-,122
,005
-,156
-,167
p
,153
,244
,054
,395
,971
,274
,242
Externalidade acaso
Correlação de Pearson (r)
-,116
-,110
-,346*
-,235
,060
-,143
-,112
p
,416
,444
,013
,097
,674
,316
,436
*. Correlation is significant at the 0.05 level (2-tailed).
Análise da Hipótese 7 - A qualidade de vida da pessoa com paraplegia depende do seu estado civil
Para percebermos a relação entre o estado civil e a qualidade de vida das pessoas com paraplegia traumática e dado que apenas um número reduzido de respondentes se encontravam num outro estado civil que não o solteiro ou casado, avançámos para o estudo desta relação através do teste t-Student para grupos independentes, em que os resultados se apresentam no quadro 38.
Quadro 38 - Resultados da aplicação do teste t- Student para grupos independentes às dimensões da qualidade de vida em função do estado civil dos respondentes no estudo depois da lesão
Estado civil depois da lesão
nº
Média
Desvio-padrão
t
p
Desempenho físico
Solteiro
24
56,51
27,86
-1,38
,18
Casado
16
68,75
26,81
Dor física
Solteiro
24
64,50
28,28
1,04
,30
Casado
16
55,63
23,17
Saúde em geral
Solteiro
24
57,04
21,47
1,43
,16
Casado
16
46,13
26,62
Vitalidade
Solteiro
24
65,83
20,41
1,29
,20
Casado
16
56,88
22,94
Função social
Solteiro
24
76,04
28,29
,96
,34
Casado
16
67,97
21,88
Desempenho emocional
Solteiro
24
69,44
30,06
,44
,66
Casado
16
65,10
30,61
Saúde mental
Solteiro
24
72,50
23,63
2,21
,03
Casado
16
55,75
22,74
Nota: Não foram considerados os outros estados civis dado que foram assinalados por um reduzido número de respondentes.
Verificou-se que apesar do aumento de indivíduos casados após a lesão, os solteiros apresentaram níveis médios de qualidade de vida superiores às pessoas casadas, exceto na dimensão de qualidade de vida: Desempenho Físico, em que se deu o inverso.
Quanto aos valores da significância decorrentes do teste t- Student estes encontraram-se todos acima de 0,05 exceto para a dimensão Saúde Mental (p = 0,03 < 0,05) (Quadro 38), o que corrobora, somente nesta dimensão, a hipótese estudada.
O mesmo não foi detectado no estudo de Henriques (2003), pois foi reconhecido que as pessoas casadas após a lesão apresentaram níveis médios de qualidade de vida superiores às não casadas, em todas as dimensões, mas com significado estatístico para as dimensões Desempenho Físico e Saúde em Geral.
Análise da Hipótese 8 - As atividades e apoios sociais influenciam a qualidade de vida da pessoa com paraplegiaAtravés da aplicação do teste t-Student para testar a hipótese enunciada verificou-se que os valores de p, para todas as dimensões, se encontram acima de 0,05, daí que não possamos corroborar a hipótese mencionada. Observa-se no entanto, no quadro 39, que em todas as dimensões de qualidade de vida, os níveis das médias foram
superiores nas pessoas que já receberam, ou recebem atualmente apoio social, excepto nas dimensões Desempenho Físico e Dor Física em que as médias foram superiores nas pessoas que não recebem ou nunca receberam apoios.
Quadro 39 - Resultados da aplicação do teste t-Student para grupos independentes às dimensões da qualidade de vida em função das atividades e apoios sociais.
Apoio Social
nº
Média
Desvio- Padrão
t
p
Desempenho físico
Recebe atualmente/já recebeu
14
61,61
26,50
Não recebe atualmente/nunca recebeu
37
63,18
29,60
-,174
,86
Dor física
Recebe atualmente/já recebeu
14
56,50
26,24
Não recebe atualmente/nunca recebeu
37
63,30
25,06
-,854
,40
Saúde em geral
Recebe atualmente/já recebeu
14
55,07
17,38
Não recebe atualmente/nunca recebeu
37
52,19
24,30
,405
,69
Vitalidade
Recebe atualmente/já recebeu
14
61,79
26,06
Não recebe atualmente/nunca recebeu
37
61,76
20,28
,00
1,00
Função social
Recebe atualmente/já recebeu
14
75,00
21,37
Não recebe atualmente/nunca recebeu
37
73,65
26,97
,17
,87
Desempenho emocional
Recebe atualmente/já recebeu
14
74,40
23,90
Não recebe atualmente/nunca recebeu
37
66,44
31,27
,86
,39
Saúde mental
Recebe atualmente/já recebeu
14
72,57
24,85
Não recebe atualmente/nunca recebeu
37
65,95
22,32
,92
,36
Análise da Hipótese 9 - A qualidade de vida relaciona-se com o nível de habilitações literárias da pessoa com paraplegia
Os níveis médios de qualidade de vida nas suas diferentes dimensões variou consoante os níveis de habilitações literárias, ou seja, os valores de médias encontradas foram superiores para as pessoas com maiores níveis de formação, excepto no caso da dimensão Desempenho físico relativamente às pessoas com o 1º ciclo, em que a média foi neste caso superior.
No intuito de estudar estas diferenças recorremos ao teste ANOVA, cujos resultados se apresentam no quadro 41. A análise do mesmo não nos permite corroborar a hipótese considerada dado que todos os valores da significância são superiores a 0,05, havendo indício de alguma diferença ao nível da dimensão Vitalidade (p = 0,09). No estudo de Henriques (2003) foram detectadas diferenças significativas relativamente às habilitações literárias e às dimensões Desempenho Físico, Emocional e Saúde em Geral. Contudo, através da comparação de médias percebe-se que quanto maior for o grau académico melhores valores de qualidade de vida são atingidos (Quadro 40).
Quadro 40 – Comparação de médias entre as várias dimensões de qualidade de vida avaliadas pela escala SF-36 e as habilitações literárias depois da lesão
Habilitações literárias
depois da lesão
Desempenho
Físico
Dor
Física
Saúde em Geral
Vitalidade
Função Social
Desempenho Emocional
Saúde
Mental
Não sabe ler e escrever e 1º ciclo
Média
(N=9)
66,67
55,33
48,78
53,33
72,22
68,52
64,44
2º ciclo
Média (N=14)
57,59
63,21
48,36
60,71
73,21
64,29
66,57
3º ciclo e 12º ano/curso profissional
Média (N=13)
67,31
59,92
48,85
61,54
72,12
66,67
63,69
Curso superior
Média (N=14)
64,29
67,79
64,00
71,43
79,46
76,19
75,14
Nota: Foram removidos desta análise os casos respondidos como “outros” dado que N=1.
Quadro 41 - Resultados da aplicação do teste ANOVA às dimensões de qualidade de vida (SF-36) em função das habilitações literárias dos participantes deste estudo depois da lesão
Dimensões da qualidade de vida
F
p
Desempenho físico
,833
,511
Dor física
,986
,425
Saúde em geral
1,199
,324
Vitalidade
2,139
,091
Função social
,399
,808
Desempenho emocional
,402
,806
Saúde mental
,505
,732
Análise da Hipótese 10 - Existe relação entre as caraterísticas familiares (APGAR Familiar) e a qualidade de vida da pessoa com paraplegia
Quando testámos as diferenças de médias existentes, tendo por base as classes das famílias e através do teste ANOVA, verificámos que existiam diferenças entre os grupos, com significado estatístico, nas dimensões Desempenho Físico, Dor Física e Desempenho Emocional (Quadro 42). Complementando com o teste de Tukey percebemos ainda que essas diferenças se centram entre as famílias com disfunção acentuada e as famílias altamente funcionais, para a dimensão Dor Física e entre as famílias altamente funcionais e as famílias com moderada disfunção para a dimensão Desempenho Físico. No que diz respeito à dimensão Desempenho Emocional não foram detectadas diferenças significativas pelo que não foram apresentados estes resultados no Quadro 43. Estes dados permitem-nos perceber que as famílias com disfunção acentuada a moderada apresentaram menores níveis de qualidade de vida principalmente nas duas dimensões enumeradas.
Assim, esta hipótese inicialmente considerada foi corroborada em parte no nosso estudo.
Quadro 42 – Resultados da aplicação do teste ANOVA para as dimensões da qualidade de vida em função da escala de APGAR familiar
Dimensões da qualidade de vida
F
p
Desempenho físico
5,293
,008
Dor física
10,927
,000
Saúde em geral
,340
,713
Vitalidade
1,069
,351
Função social
1,493
,235
Desempenho emocional
3,916
,027
Saúde mental
,827
,443
Quadro 43 – Grupos e significado estatístico do teste de Tukey nas diferenças de médias da qualidade de vida nas diferentes categorias familiares da escala APGAR familiar
Variável Dependente
(I) Escala de APGAR familiar
(J) Escala de APGAR familiar
Diferenças de médias (I-J)
p
Desempenho físico
Família com disfunção acentuada
Família com moderada disfunção
,89
,999
Família altamente funcional
-30,80
,249
Família com moderada disfunção
Família com disfunção acentuada
-,89
,999
Família altamente funcional
-31,70 *
,014
Família altamente funcional
Família com disfunção acentuada
30,80
,249
Família com moderada disfunção
31,70 *
,014
Dor física
Família com disfunção acentuada
Família com moderada disfunção
-28,43
,233
Família altamente funcional
-56,50 *
,002
Família com moderada disfunção
Família com disfunção acentuada
28,43
,233
Família altamente funcional
-28,07 *
,007
Família altamente funcional
Família com disfunção acentuada
56,50 *
,002
Família com moderada disfunção
28,07 *
,007
O nosso estudo está de acordo, em parte, com o de Henriques (2003), porque foram detectadas diferenças significativas ao nível da dimensão Dor Física, mas também nas dimensões: Saúde em Geral, Vitalidade, Função Social e Saúde Mental havendo fundamentalmente diferenças entre as famílias com disfunção acentuada e as restantes classes.
Análise da Hipótese 11 - Existe relação entre a situação profissional e a qualidade de vida da pessoa com paraplegia de origem traumática
Através da aplicação do teste t-Student foi possível verificar que não foram encontradas relações, para a situação profissional após a lesão e a qualidade de vida, embora o valor de p indicie essa relação na dimensão Saúde Mental (p = 0,06), pois está muito próxima da significância estatística. Apesar desta situação não foi possível corroborar a hipótese anunciada, tal como não o foi no estudo de Henriques (2003).
Todavia pudemos perceber que após a lesão as pessoas que se encontraram empregadas apresentaram um melhor nível de qualidade de vida, o que se revelou através dos valores superiores de média às apresentadas pelo grupo de desempregados (Quadro 44).
Quadro 44 – Resultados da aplicação do teste t - Student para grupos independentes às dimensões da qualidade de vida em função da situação profissional (depois da lesão)
Emprego depois da lesão
nº
Média
Desvio-padrão
t
p
Desempenho físico
Desempregado
27
58,80
26,30
-1,049
,299
Empregado
24
67,19
30,80
Dor física
Desempregado
27
55,85
27,32
-1,701
,095
Empregado
24
67,71
21,72
Saúde em geral
Desempregado
27
47,81
23,69
-1,778
,082
Empregado
24
58,79
19,94
Vitalidade
Desempregado
27
57,41
21,32
-1,538
,130
Empregado
24
66,67
21,60
Função social
Desempregado
27
69,91
25,77
-1,235
,223
Empregado
24
78,65
24,58
Desempenho emocional
Desempregado
27
62,96
29,45
-1,475
,146
Empregado
24
75,00
28,66
Saúde mental
Desempregado
27
62,07
25,88
-1,926
,060
Empregado
24
74,17
17,61
Análise da Hipótese 12 - Existe relação entre a Classificação Social de Graffar e a qualidade de vida destas pessoas
Para percebermos a relação entre a situação económica dos elementos da amostra (índice de Graffar) e as dimensões da qualidade de vida recorremos à aplicação do teste ANOVA.
Através da análise dos valores de p, que se apresentam no quadro 45, verificou-se que não existiram diferenças significativas entre as variáveis estudadas, o que não nos permitiu corroborar a hipótese considerada.
Quadro 45 – Resultados da aplicação do teste ANOVA às dimensões da qualidade de vida em função do índice de Graffar (situação económica)
Índice de GRAFFAR
F
p
Desempenho físico
,04
1,00
Dor física
,65
,63
Saúde em geral
,79
,54
Vitalidade
1,11
,37
Função social
,67
,62
Desempenho emocional
,78
,55
Saúde mental
,02
1,00
No entanto, verificou-se, através da análise das médias dos grupos (Quadro 46), que os indivíduos pertencentes à Classe III, no índice de Graffar, apresentaram níveis superiores de qualidade de vida na maioria das suas dimensões, comparativamente com os pertencentes às outras classes sociais. A excepção encontrou-se nas dimensões: Desempenho Emocional e Saúde Mental, em que as Classes I e II apresentaram médias superiores.
Quadro 46 – Comparações entre as médias das dimensões da qualidade de vida e o índice de Graffar
Índice de Graffar
Desempenho
físico
Dor física
Saúde em geral
Vitalidade
Função social
Desempenho emocional
Saúde mental
Classe I
M (N =15)
61,25
62,00
54,13
61,67
73,33
75,56
68,80
Classe II
M (N = 21)
63,39
59,00
49,90
63,57
69,05
67,46
67,81
Classe III
M (N = 9)
65,28
69,33
54,67
64,44
80,56
62,96
67,56
Classe IV
M (N = 5)
60,00
51,20
52,00
45,00
80,00
56,67
65,60
Nota: A classe V não foi considerada dado ter nº de casos = 1.
M - Média
Análise da Hipótese 13 – Existe relação entre a atividade sexual e a qualidade de vida das pessoas com paraplegia traumática
Para perceber a relação entre a qualidade de vida e a atividade sexual utilizámos o teste ANOVA. Este possibilitou-nos perceber que houve significado estatístico em relação à dimensão Dor Física, porque os valores do p foram de 0,04, portanto (p ≤ 0,05) (Quadro 47), no entanto, este facto só nos permite corroborar a hipótese 13 apenas para esta dimensão.
Também a comparação de médias (Quadro 48) permitiu perceber que as pessoas que referiram ter parceiro sexual permanente e ter relações sexuais frequentes apresentaram melhores níveis de qualidade de vida em todas as dimensões exceto nas dimensões Desempenho Físico e Saúde Mental. Nestas duas dimensões os valores de média foram superiores nas pessoas que assinalaram ter parceiro sexual permanente com relações sexuais esporádicas. As pessoas que referiram não ter relações sexuais atingiram valores de média inferiores em todas as dimensões tal como se observa no Quadro 44.
Quadro 47 – Resultados da aplicação do teste ANOVA às dimensões da qualidade de vida em função da atividade sexual
Atividade sexual
F
p
Desempenho físico
1,10
,37
Dor física
2,76
,04
Saúde em geral
,66
,62
Vitalidade
1,51
,22
Função social
,45
,77
Desempenho emocional
2,14
,09
Saúde mental
,65
,63
Quadro 48 - Comparações entre as médias das dimensões da qualidade de vida e a atividade sexual
Atividade sexual após lesão
Desempenho físico
Dor física
Saúde em geral
Vitalidade
Função social
Desempenho emocional
Saúde mental
Não tem parceiro sexual permanente e não tem relações sexuais
Média
(N =13)
49,52
46,54
48,85
56,92
75,96
52,56
68,00
Não tem parceiro sexual permanente mas tem relações sexuais esporádicas
Média
(N =12)
64,06
71,17
54,75
61,67
75,00
71,53
67,00
Tem parceiro sexual permanente e tem relações sexuais frequentes
Média
(N =14)
69,20
72,00
58,57
72,86
77,68
80,36
70,00
Tem parceiro sexual permanente e tem relações sexuais esporádicas
Média
(N = 8)
71,87
58,38
53,75
55,00
70,31
77,08
73,00
Tem parceiro sexual permanente e não tem relações sexuais
Média
(N = 4)
60,94
49,75
40,00
52,50
59,38
54,17
51,00
Total
N = 51
01/01/2011
01/01/2013
Self-care and health-disease