O cancro encontra-se entre as três principais causas de morte em Portugal, verificando-se um aumento progressivo do seu peso proporcional. Face a estes dados, o Plano Nacional de Saúde (2004-2010) indica como orientação estratégica “melhorar o acesso e a qualidade de cuidados de saúde oncológicos”. A qualidade dos cuidados de saúde oncológicos depende não só da capacidade de proporcionar bons tratamentos específicos para a doença, mas também de atender estas pessoas de uma forma global, nomeadamente enfatizando-se as componentes emocionais e a qualidade de vida.
Para a maioria das pessoas, o diagnóstico do cancro continua a ser uma situação muito ameaçadora. Por este facto, a melhoria dos cuidados oncológicos está intimamente ligada à componente psicossocial e ao alívio do sofrimento emocional destes doentes. De facto, o distress é uma alteração de origem psicológica (cognitiva, comportamental ou emocional), social e/ou espiritual que pode interferir com a capacidade em lidar eficazmente com o cancro, sintomas físicos e tratamento (NCCN, 2008). Apesar disso monitorizar o distress pode muitas vezes ser deixado para segundo plano, uma vez que os profissionais de saúde estão mais centrados nos sintomas físicos (Clark, 2001). A literatura mostra que um terço dos doentes com cancro sofre de níveis elevados de distress e menos de 5% destes relatam os seus sentimentos aos prestadores de cuidados de saúde (Zabora et al, 2001; NCCN, 2006). Apesar de todas as emoções poderem ser experimentadas ao longo do processo, a ansiedade e a depressão são manifestações importantes do sofrimento experimentado ao longo da trajectória da doença e estão frequentemente sub-avaliadas (Mendes et al, 2003; Madden, 2006).
01/01/2008
01/01/2013
Self-care and health-disease