O autoconceito profissional (AcP) pode ser definido como um continuum, iniciando-se aquando da admissão ao ensino superior enquanto estudante, terminando ou estagnando com o inicio da pratica profissional (Wang et al., 2019). Consiste na reflexão da informação e das crenças relativas ao papel profissional, dos valores e comportamentos, sendo uma atitude que aumenta o sentido de identidade profissional (Nwafor et al., 2015). De acordo com Montazeralfaraj et al. (2018), o AcP e definido como a perceção individual do “eu” enquanto profissional, afetando diferentes aspetos no desempenho profissional. Para os estudantes de enfermagem, a complexidade do curso associada a pratica clínica implica um acréscimo de responsabilidade, impactando de forma significativa na construção do AcP (Nogueira & Sequeira, 2017). De acordo com Firmino et al. (2021), o AcP nos estudantes de enfermagem sofre uma maior influencia de fatores como as expetativas da familia e sociedade, assim como dos orientadores, professores, tutores e pares. Aprofundar e aferir o AcP nos estudantes de enfermagem justifica-se ainda pela elevada taxa de abandono ao longo do curso, os níveis de stress e burnout nos profissionais, assim como a crescente procura de melhores condições de trabalho fora de Portugal. Estes fatores influenciam a ação dos estudantes, pelo que se torna necessário e prioritário um maior suporte escolar, ocupacional e social tanto ao longo do percurso académico como no inicio da pratica profissional (Jahromi et al., 2014), uma vez que e essencial para melhorar o AcP do futuro enfermeiro, melhorando a sua qualidade de vida e os outcomes positivos em saúde (Muthu et al., 2021). O AcP ainda, segundo Lopes et al. (2013), promove ganhos específicos ao nível das competências pessoais, relacionais e sociais, e de comunicação interpessoal, favorecendo a evolução no percurso académico e clínico, relacionando-se de forma significativa com a idade e o estado civil, bem como com os programas de estudos frequentados, principalmente os que incorporam relações com a equipa multidisciplinar, cuidado, comunicação, conhecimento e liderança (Muthu et al., 2021). O AcP positivo potencia o empowerment dos estudantes e enfermeiros, a performance clínica e a capacidade de resolução de problemas que, consequentemente, elevam a qualidade dos cuidados de enfermagem. Os enfermeiros com elevado AcP são considerados mais responsáveis pelos seus utentes (Sabanciogullari & Dogan, 2017) e relacionam-se de um modo mais respeitoso e interessado (Mosayebi et al., 2018). Comparativamente, os enfermeiros que apresentam um baixo nível de AcP tendem a apresentar redução nas competências clínicas, menor satisfação profissional e maior intenção de rotatividade entre serviços e instituições (Poorgholami et al., 2016), comportando elevados custos para as instituições prestadoras de cuidados e para os utentes (Yoo & Kim, 2016). Cabe aos diferentes atores envolvidos no processo de formação dos estudantes de enfermagem (e.g. professores e enfermeiros tutores), mas também aos enfermeiros gestores das unidades de prestação de cuidados, proporcionar um ambiente de aprendizagem clínico facilitador do aperfeiçoamento profissional dos estudantes e do desenvolvimento do seu autoconceito e competência profissional (Yang & Zang, 2022). O AcP e um construto teórico importante, tendo sido alvo de atenção nos últimos anos em diversos setores profissionais (Puente-Palacios & Souza, 2018). Apesar disso, através de uma pesquisa e revisão da literatura, foi possível verificar que, em Portugal, este tema tem vindo a ser pouco estudado, não existindo instrumentos validados para aferir o AcP em enfermagem e nos estudantes de enfermagem. Deste modo, a partir do problema sumariamente enunciado, este protocolo de investigação apresenta como objetivos: traduzir, adaptar e validar o “Nurse Self-Concept Questionaire” (NSCQ) para a população de estudantes de enfermagem em Portugal. A escolha do NSQC deve-se aos bons indicadores psicométricos obtidos na versão original e nos diversos estudos de tradução, adaptação e validação já realizados em diferentes populações e contextos.
O autoconceito profissional (AcP) dos estudantes de enfermagem é um processo contínuo que consiste na reflexão acerca da informação e crenças sobre o papel profissional, os valores e comportamentos. Um AcP positivo está relacionado com a diminuição dos níveis/presença de depressão e ansiedade e com o aumento da autoestima e da autoeficácia, criando a sensação de bem-estar e realização. Um bom AcP traduz-se numa maior aptidão para lidar com os desafios apresentados e manter uma melhor adaptação ao quotidiano e à vida profissional. Deste modo, surge a necessidade de trabalhar, aprofundar e avaliar o AcP dos estudantes de enfermagem, prevenindo possíveis consequências como burnout, stress, diminuição da qualidade de vida e do bem-estar, bem como problemas de saúde mental.
Objetivo: Traduzir, adaptar e validar o “Nurse Self-concept Questionnaire” (NSCQ) para a população de estudantes de enfermagem em Portugal. Deste modo, perspetiva-se a obtenção de um instrumento válido e fiável, capaz de avaliar o AcP em estudantes de enfermagem e permitindo um adequado acompanhamento dos estudantes e prevenção de possíveis complicações. A existência de um instrumento
validado para Portugal acerca do AcP é fulcral e permitirá avaliar e prevenir o desenvolvimento de consequências a nível da saúde mental dos estudantes.
Traduzir, adaptar e validar o “Nurse Self-concept Questionnaire” (NSCQ) para a população de estudantes de enfermagem em Portugal.
Considerando a inexistência em Portugal de instrumentos construídos de raiz ou validados para avaliar o autoconceito profissional dos estudantes de Enfermagem, este estudo constitui um contributo importante para avaliar o autoconceito profissional e a sua influência sobre a ação profissional dos estudantes.
O Envolvimento do Cidadão no processo de investigação foi de consultoria e colaborativa
Beaton, D. E., Bombardier, C., Guillemin, F., & Ferraz, M. B. (2000). Guidelines for the Process of Cross-Cultural Adaptation of Self-ReportMeasures: Spine, 25(24), 3186 3191. doi:10.1097/00007632-200012150-00014
Firmino, C., Sousa, L., Moutinho, L., Rosa, P., Marques, M., & Simoes, M. (2021). Sintomatologia musculosqueletica nos estudantes deenfermagem: o papel dos fatores psicossociais. Revista de Enfermagem Referencia, V Serie(No5), e20085. doi:10.12707/RV20085
Hill, M. M., & Hill, A. (2002). Investigacao por questionario. Silabo.
Jahromi, Z. B., Jahanbin, I., Sharif, F., Ghodsbin, F., & Keshavarzi, S. (2014). Investigation of the professional self-concept of nursingstudents in Shiraz, Iran. Central European Journal of Nursing and Midwifery, 5(3), 112–116. doi:10.15452/CEJNM.2014.05.0005
Lopes, R., Azeredo, Z., & Rodrigues, R. (2013). Competencias relacionais dos estudantes de enfermagem: Follow-up de programa deintervencao. Revista de Enfermagem Referencia, III Serie(no 9), 27–36. doi:10.12707/RIII1253
Montazeralfaraj, R. M., Ahmadi, E. A., Tafti, A. D. T., Barati, O., & Bahrami, M. A. (2018). Measuring the nurses’ professional self-conceptand its correlation with working stress in Iranian educational Hospitals. Bali Medical Journal, 7(2), 521. doi:10.15562/bmj.v7i2.938
Mosayebi, M., Alaee Karahroudy, F., Rassouli, M., & Nasiri, M. (2018). Correlation of occupational stress with professional self-concept inpediatric nurses. Journal of Health Promotion Managment, 6(6), 23–29. https://doi.org/10.21859/jhpm-07044
Muthu, P., Edwin, V., Kumardhas, V., & Sally. (2021). Professional Self-Concept among Student Nurses. Journal of Research & Method inEducation, 11(3), 18–21. https://doi.org/10.9790/7388-1103041821
Nogueira, M. J., & Sequeira, C. (2017). A saude mental em estudantes do ensino superior. Relacao com o genero, nivel socioeconomico eos comportamentos de saude. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saude Mental, spe5. https://doi.org/10.19131/rpesm.0167
Nwafor, C. E., Immanel, E. U., & Obi-Nwosu, H. (2015). Does nurses’ self-concept mediate the relationship between job satisfaction andburnout among Nigerian nurses. International Journal of Africa Nursing Sciences, 3, 71–75. doi:10.1016/j.ijans.2015.08.003
Pestana, M. H., & Gageiro, J. N. (2003). Analise de dados para ciencias sociais: A complementaridade do SPSS (3. ed. rev. aum). Silabo.
Poorgholami, F., Ramezanli, S., Jahromi, M., & Jahromi , Z. (2016). Nursing students’ clinical performance and professional self-concept. 15,57-1.https://web.p.ebscohost.com/ehost/pdfviewer/pdfviewer?vid=6&sid=803407f1-2a00-4018- 819e-80d39254d22c%40redis
Puente-Palacios, K., & Santos de Souza, M. G. (2018). Autoconcepto profesional: Prediccion del compromiso con el trabajo en equipo.Revista de Psicologia, 36(2), 465 490. doi:10.18800/psico.201802.003
Sabanciogullari, S., & Dogan, S. (2017). Professional self-concept in nurses and related factors: A sample from turkey. International Journalof Caring Services, 10(3), 1676 1684. http://www.internationaljournalofcaringsciences.org
Wang, M., Guan, H., Li, Y., Xing, C., & Rui, B. (2019). Academic burnout and professional selfconcept of nursing students: A cross-sectionalstudy. Nurse Education Today, 77, 27–31. doi:10.1016/j.nedt.2019.03.004
Yang, G., & Zang, X. (2022). Development of the professional competence and professional self-concept of undergraduate nursingstudents during the clinical practice period: A crosslagged panel analysis. Nurse Education in Practice, 63, 103360.doi:10.1016/j.nepr.2022.103360
Yoo, M. J., & Kim, J. K. (2016). A Structural Model of Hospital Nurses’ Turnover Intention: Focusing on Organizational Characteristics, JobSatisfaction, and Job Embeddedness. Journal of Korean Academy of Nursing Administration, 22(3), 292. doi:10.11111/jkana.2016.22.3.292
19/11/2022
25/10/2023
Violence in psychiatry: From understanding to promoting the safety of all parties involved
Self-care and health-disease