Uma das preocupações dos enfermeiros nos cuidados ao recém-nascido (RN) relaciona-se com os cuidados com a pele. Este órgão apresenta particularidades anatómicas e fisiológicas que quando manuseado frequentemente devido a procedimentos médicos e de enfermagem, uso de medicamentos e de DM, expõe o RN à ocorrência de lesões de pele (Scheans, 2015; Visscher & Taylor, 2014)As lesões de pele (LP) adquiridas em contexto hospitalar manifestam-se com pele íntegra ou lesão aberta como resultado de uma pressão intensa ou prolongada e/ou cisalhamento, ocorrendo normalmente numa proeminência óssea e associada ao uso de DM (Jucker et al., 2024; Santos, Silveira, et al., 2022). Estas lesões são um resultado inaceitável na prestação dos cuidados, pois são passiveis de prevenção. Reduzir a incidência de LP faz parte da boa prática dos cuidados (DGS, 2011). Os RN são particularmente vulneráveis à LP (Santos, Silveira, et al., 2022; Verdon et al., 2022) por apresentarem um estrato córneo fino (Verdon et al., 2022) que associado a fatores de risco como condições clínicas que impõem imobilidade, dificultam os reposicionamentos, exigem ventilação, o uso de drogas vasomotoras, uma longa hospitalização (superior a um mês) (Santos, Silveira, et al., 2022) e o uso de DM (respiratórios, intravenosos, talas/orteses, oxímetros de pulso, entre outros (Murray et al., 2013) aumentam significativamente a incidência de LP. Em unidades de cuidados intensivos neonatais (UCIN) a prevalência pode chegar aos 28% (Jucker et al., 2024), sendo que mais de 60% estão relacionadas com o uso DM e cerca de 40% à imobilidade (Santos, Silveira, et al., 2022). A utilização de instrumentos para avaliação do risco de LP contribui para uma maior qualidade e segurança dos cuidados (Santos, 2014). Estima-se que 95% das LP são evitáveis através da identificação precoce das crianças em risco (DGS, 2015). Para identificar as crianças vulneráveis ao aparecimento de LP exige-se uma avaliação do risco estruturada ou seja, utilizando instrumentos de avaliação validos e fiáveis (Martins & Curado, 2017; Moore & Patton, 2019; Santos, Silveira, et al., 2022; Verdon et al., 2022). Esta atividade diagnóstica do enfermeiro contribui para um planeamento dos cuidados personalizado dirigido aos fatores de risco orientando a intervenção do enfermeiro. Existem várias escalas que avaliam o risco de aparecimento de uma LP em contexto hospitalar (Sousa et al., 2023), mas são escassos aqueles que avaliem o risco em RN. Com reprodutibilidade para o contexto Português está apenas disponível a escala Neonatal Skin Risk Assessment Scale (Martins & Curado, 2017). Todavia, não contempla o mais importante fator de risco que é a utilização de DM. A escala Braden QD (Curley et al., 2018) avalia o risco de LP relacionado com a imobilidade e uso de DM desde o nascimento até aos 21 anos. Esta escala derivou da escala Braden Q amplamente utilizada em contexto pediátrico e está organizada em três dimensões (intensidade e duração da pressão; tolerância da pele e estrutura de suporte; e DM) sendo composta por sete subescalas: mobilidade; perceção sensorial; fricção e cisalhamento; nutrição; perfusão tecidual e oxigenação; número de DM; e reposicionamento/proteção da pele. Com exceção da subescala número de DM, pontuada de acordo com a sua quantidade até um máximo 8, todas as outras são pontuadas de 0 a 2. A pontuação total varia entre 0 e 20 pontos, sendo que o risco de LP aumenta com o aumento da pontuação. Considera-se alto risco de LP para um valor ≥ 13 pontos. A escala já foi adaptada transculturalmente para várias línguas (Chinês, Holandês, Inglês, Francês canadense e suíço, Italiano, Coreano, Tailandês, Dinamarquês, Finlandês) incluindo o Português do Brasil (Santos, Jessica, et al., 2022) e de Portugal (Lagoa, 2021). A avaliação das propriedades psicométricas da versão Portuguesa de Portugal foi realizada em RN, em uma única UCIN e numa reduzida amostra revelando baixa consistência interna, razões que justificam a realização de um estudo multicêntrico e de maior dimensão que possa comprovar a validade e fiabilidade da versão Portuguesa.
Uma das preocupações dos enfermeiros nos cuidados ao recém-nascidos (RN) são os cuidados com a pele. Este órgão apresenta particularidades que quando manuseado frequentemente por procedimentos médicos e de enfermagem, uso de medicamentos e de dispositivos médicos (DM), expõe o RN à ocorrência de lesão. Existem poucas escalas que avaliam este risco em RN e com reprodutibilidade para o contexto Português, está apenas disponível a escala Neonatal Skin Risk Assessment Scale. Todavia, esta não contempla o mais importante fator de risco que é a utilização de DM. Assim são objetivos deste projeto avaliar as propriedades psicométricas da versão Portuguesa de Portugal da escala Braden QD em RN em Unidades de cuidados intensivos neonatais (UCIN). Para tal, realiza-se um estudo metodológico e multicêntrico em RN internados em UCIN com seleção aleatória consecutiva e com um efetivo mínimo, por serviço, de 100 observações e/ou 40 RN. Será avaliada a: validade de constructo e preditiva (sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo e valor predito negativo) e a fiabilidade pela consistência interna e concordância inter-avaliadores.Espera-se que a versão Portuguesa revele boas propriedades psicométricas possibilitando um uso clínico seguro na identificação dos RN em risco, possibilitando a implementação de intervenções preventivas dirigidas aos fatores de risco identificados e sensíveis à ação do enfermeiro.
Avaliar as propriedades psicométricas da versão Portuguesa da escala Braden QD em RN (incluindo RN prematuros) em UCIN
A validação psicométrica da versão Portuguesa de Portugal da escala Braden QD em recém-nascidos, disponibilizará um importante instrumento de avaliação do risco de lesão de pele que contribuirá para uma maior qualidade e segurança dos cuidados aos recém-nascidos em particular ao possibilitar a implementação de cuidados preventivos e personalizados para uma eficaz prevenção das lesões de pele que são um resultado inaceitável dos cuidados prestados aos recém-nascidos.
Não aplicávelCurley, M. A. Q., Hasbani, N. R., Quigley, S. M., Stellar, J. J., Pasek, T. A., Shelley, S. S., Kulik, L. A., Chamblee, T. B., Dilloway, M. A., Caillouette, C. N., McCabe, M. A., & Wypij, D. (2018). Predicting Pressure Injury Risk in Pediatric Patients: The Braden QD Scale. The Journal of Pediatrics, 192, 189-195.e2. https://doi.org/10.1016/j.jpeds.2017.09.045
DGS. (2011). Orientação da Direção-Geral da Saúde. Escala de Braden: Versão Adulto e Pediátrica (Braden Q), no17/2011. DGS.
Jucker, T. A., Annaheim, S., Morlec, E., Camenzind, M., Schlüer, A.-B., Brotschi, B., & Rossi, R. M. (2024). Innovative air mattress for the prevention of pressure ulcers in neonates. Journal of Wound Care, 33(9), 652–658. https://doi.org/10.12968/jowc.2024.0121
Lagoa, R. (2021). Tradução, adaptação cultural e validação da versão Portuguesa (Portugal) da escala Braden QD: recém-nascidos. ESEnfC.
Martins, C., & Curado, M. (2017). Escala de Observação do Risco de Lesão da Pele em neonatos: Validação estatística com recém-nascidos. Revista de Enfermagem Referência, 13, 43–52. https://doi.org/doi.org/10.12707/RIV16082
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Murray, J. S., Noonan, C., Quigley, S., & Curley, M. A. Q. (2013). Medical Device-Related Hospital-Acquired Pressure Ulcers in Children: An Integrative Review. Journal of Pediatric Nursing, 28(6), 585–595. https://doi.org/10.1016/j.pedn.2013.05.004
Santos, S. V., Jessica, R. S., Costa, R., Batalha, L. M. C., & Velho, M. B. (2022). Adaptação transcultural e validação da escala braden QD para uso com recém-nascidos no Brasil. Texto & contexto enferm [Internet], 31, e20220044.
https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2022-0044pt
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Sousa, J. E. N. de, Santiago, R. F., Sousa, B. C. S., Pereira, L. M. A. A., Bastos, A. O., Silva, A. dos S., Landim, J. K. da S. P., & Oliveira, F. B. M. (2023). ESCALAS UTILIZADAS PARA MENSURAR O RISCO DE LESÃO POR PRESSÃO EM PACIENTES HOSPITALIZADOS: UMA REVISÃO. Revista Enfermagem Atual In Derme, 97(2), Artigo 2. https://doi.org/10.31011/reaid-2023-v.97-n.2-art.1573
Verdon, M., Rae, A.-C., Palleron, C., & Roulin, M.-J. (2022). [Risk assessment scale for pressure ulcers in pediatric patients: French translation, internal consistency, convergent validity, feasibility, and clinical utility of the Braden QD Scale]. Recherche En Soins Infirmiers, 149(2), 51–61. https://doi.org/10.3917/rsi.149.0051
Visscher, M., & Taylor, T. (2014). Pressure Ulcers in the Hospitalized Neonate: Rates and Risk Factors. Scientific Reports, 4. https://doi.org/10.1038/srep07429
01/09/2025
01/09/2028
DIAGNOSTICS AND INTERVENTIONS FOR CHILDREN AND ADOLESCENTS
Self-care and health-disease