As instituições de saúde cada vez mais se direcionam para a maximização da qualidade e segurança dos cuidados prestados. Desta forma, é imprescindível a sensibilização dos enfermeiros na adesão de boas práticas na gestão de cuidados.
O Regulamento do Perfil de Competências dos Enfermeiros (Ordem dos Enfermeiros, 2012) define que este grupo profissional deverá criar e manter um ambiente de cuidados seguro, através da utilização de estratégias de garantia da qualidade e de gestão do risco. Para este efeito, o enfermeiro deverá incorporar na sua prática resultados de investigação válidos e relevantes, assim como outras evidências.
A farda clínica emerge na literatura como uma fonte de preocupação para profissionais e gestores de unidades de saúde pelo seu potencial impacto na prestação de cuidados de segurança, nomeadamente pelo seu potencial de atuação enquanto veículo de transmissão de microorganismos (Treakle et al., 2009; Wiener-well et al., 2011 & Oliveira et al., 2012).
A farda clínica é considerada pela Divisão de Saúde Ocupacional da Direção-Geral da Saúde (2013) um equipamento de proteção individual. Destina-se a ser utilizada pelos enfermeiros para proteger a sua saúde e prevenir os riscos profissionais. Contudo, de acordo com Treakle et al. (2009); Wiener-well et al. (2011) e Oliveira et al. (2012), a farda clínica poderá ser um potencial reservatório para disseminação de microorganismos.
A Ordem dos Enfermeiros no parecer nº 216/2009, refere-se à farda clínica:
‘‘Essencialmente com função de proteção, teve também um importante papel social na identificação do grupo profissional. Em Portugal, aquando da reestruturação do ensino de enfermagem pelo Decreto-lei 36219/47 de 10 de Maio (…) as escolas de enfermagem passaram a usar a farda como veículo de informação sobre a nova imagem social da escola e dos enfermeiros que nela eram formados. O uniforme e quem o usava deveria espelhar os valores e as exigências de disciplina dessas escolas. Alunos ou diplomados deveriam apresentar-se sempre com uniforme impecavelmente limpo e cuidado. (…) Este período marcou também o predomínio do branco, como imaculado, sinónimo de higiene perfeita (…). Contudo, em Portugal o branco continuou a ser dominante na farda dos enfermeiros.’’(p.1).
Todavia, a gestão de cuidados de enfermagem desempenha um papel preponderante para o alcance de metas como a qualidade, a eficiência e a eficácia nos cuidados de saúde. Desta forma, a presença de microrganismos na farda clínica dos enfermeiros tem constituído uma crescente fonte de preocupação uma vez que estas são utilizadas em diversos ambientes.
Deste modo, reconhecendo as competências dos enfermeiros na implementação de procedimentos de controlo de infecção (Ordem dos Enfermeiros 2012), torna-se fulcral o desenvolvimento de questões relacionadas coma gestão de práticas em Enfermagem e a sua associação com a prevenção e controlo de IACS, como é o caso da gestão da farda clínica por enfermeiros.
Resultados esperados: no que concerne à temática e ao desenho metodológico, considera-se que a associação da gestão de fardas clínicas por enfermeiros e a avaliação microbiológica é um contexto investigacional inovador e de elevada pertinência para a enfermagem, reconhecendo o seu impacto na prestação de cuidados pautados pela segurança, qualidade e eficácia. De modo geral, espera-se que este projeto: promova entre enfermeiros o reconhecimento do fardamento clínico como fator de risco extrínseco para o desenvolvimento de infeções associadas aos cuidados de saúde; reduza contextos e práticas de gestão do fardamento clínico por enfermeiros, através da elaboração de guidelines neste âmbito temático; e facilite o acesso a normas e guidelines de referência nas unidades de cuidados.
01/01/2016
01/01/2019
Care Systems, Organization, Models, and Technology