O risco de ocorrência de acidentes em meio hospitalar é uma realidade que tem levado os profissionais de saúde, nomeadamente os Enfermeiros, a desenvolver estratégias de promoção da segurança do utente hospitalizado.
As quedas surgem entre os acidentes mais frequentes nos hospitais, podendo ter consequências nefastas para a saúde e bem-estar dos utentes, quer a nível físico, psicológico e social. Habitualmente estes eventos traduzem-se num aumento do período de internamento e de dependência do indivíduo, com consequente acréscimo de custos económicos e sociais. Este tipo de acidentes é, por isso, considerado como importante indicador da qualidade assistencial (Mugaiar et al., 2004; Mesa et al., 2001; Saraiva et al., 2008).
Estudos realizados no continente Americano demonstraram que 84% dos utentes internados sofriam quedas (Wilson, E. B., 1998; Bernick, L., Bretholz, I., 1999; Edelberg, H. R., 2001), sendo os utentes com idade igual ou superior aos 65 anos quem a experimentava a maioria destes eventos, repetindo-se mais do que uma vez em 10% dos casos (Wilson, E. B., 1998; Tinetti, M. E., 2003).
Wilson, E. B. (1998) refere que a probabilidade de cair está positivamente correlacionada com o aumento da idade, mais precisamente em pessoas entre os 80 e os 89 anos de idade. Contudo, Wilson (1998) refere que alguns estudos revelam a existência de quedas em pacientes mais novos, nomeadamente nos serviços de oncologia, cuidados intensivos e nos serviços de doenças infecciosas. O mesmo autor afirma que vários factores como cognitivos, psicológicos, farmacológicos, entre outros poderão levar à queda dos utentes nos hospitais.
Assim, torna-se uma preocupação em saúde quando as consequências das quedas levam a danos físicos, incapacidade, como restrições da actividade e alterações da mobilidade, diminuição da independência e da auto-estima, medo de cair e morte (Bernick, L., Bretholz, I., 1999; Edelberg, H. R., 2001; Tinetti, M. E., 2003).
Neste contexto há que ter em consideração as quedas no que diz respeito a questões de saúde/doença no âmbito dos hospitais portugueses, face ao défice ou inexistência de dados nesta área. A promoção de um ambiente hospitalar seguro deverá passar por uma correcta prevenção das quedas através da identificação e avaliação dos riscos e factores a elas associadas.
Com este projecto pretende-se avaliar a prevalência das quedas dos utentes nos serviços hospitalares em Portugal e identificar possíveis causas de modo a desenvolver uma política sistematizada de prevenção nesta temática. Os objectivos específicos são: averiguar o número de utentes que caem por dia nos serviços hospitalares e respectivas consequências; identificar as possíveis causas das quedas dos utentes; reflectir com as equipas de enfermagem estratégias para diminuir o risco das quedas nos serviços; reduzir os custos face às consequências das quedas dos utentes.
Face ao estado da arte no que concerne às quedas dos utentes nos Hospitais Portugueses, propõe-se uma Investigação quantitativa do tipo exploratório, suportada pelo registo de incidentes diário, assim como das consequências e causas da mesma. O instrumento de medida adoptado será o questionário intitulado “Quedas em meio hospitalar” (Mendes, A.; Abreu, C, 2006), constituído pela caracterização do utente (data de internamento; idade; género e grau de dependência), caracterização da queda (dia, hora e local de ocorrência; tipo de queda, consequências e causas) e sobre as estratégias de prevenção que poderiam ter sido tomadas.
As variáveis em estudo serão as quedas, respectivas lesões e traumatismos, causas (farmacológicas, cognitivas, psicológicas, aspectos inerentes à própria patologia…).
Com este projecto esperamos conseguir caracterizar a realidade dos hospitais em Portugal através da descrição da prevalência das quedas nos hospitais e sua precisa caracterização, de forma a proceder à correcta implementação de programas de monitorização e intervenção adequada. O objectivo final será sempre a melhoria dos cuidados prestados aos utentes, com desenvolvimento de acções que visem a transformação do ambiente hospitalar num local seguro e propício à recuperação dos doentes.
01/01/2024
Care Systems, Organization, Models, and Technology