Em janeiro de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou a Covid-19 como uma emergência de saúde pública, classificando-a como uma pandemia em março do mesmo ano. A sobrelotação dos serviços de saúde, tanto hospitalares como farmacêuticos, foi uma realidade vivenciada, debilitando e interferindo na rápida e eficaz capacidade de resposta destes serviços à população. Mais concretamente, as pessoas com perturbações aditivas foram bastante afetadas com o aumento destas restrições (European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction, 2020). Também em Portugal, as repercussões no que diz respeito aos estabelecimentos farmacêuticos, unidades móveis e instituições de apoio a esta comunidade, implicaram uma clara diminuição na oferta e aquisição dos Kits do Programa de Troca de Seringas (PTS), em vigor desde 1993 em território nacional.
Para além deste fator, verificou-se um aumento significativo no número de overdoses e no número de consumidores de substâncias por via injetável (European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction, 2022). Apenas em Portugal, 1 a 4 pessoas em 1000 habitantes consome ou já consumiu drogas por via endovenosa (European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction, 2019). Assim sendo, concomitantemente com a diminuição da oferta de Kits, poderemos vir a enfrentar uma taxa de infeções associada aos consumos de substancias por via injetável em valores superiores aos verificados no período pré pandemia.
É importante referir que a adesão ao PTS é condicionada pelo acesso a farmácias na área de residência, o que pode não ser aplicável em todos os contextos geográficos de Portugal Continental e Ilhas.
A pandemia veio reforçar e expor ainda mais esta problemática, com a drástica diminuição de farmácias, associações e profissionais dedicados à implementação do PTS (situação que se estima ser mais recorrente nas próximas décadas). Também a aquisição de Kits do PTS, na sua abordagem tradicional, expõe socialmente a pessoa com problemas de adição, fator que é sabido ser desencorajador junto de um número significativo de pessoas.
Urge, portanto, a necessidade de criar um método, sustentável a longo prazo, que esteja disponível perto do consumidor sem constrangimentos, que recolha também o material utilizado e que disponha de informação relevante e direcionada para a pessoa alvo.
O ROY (Reset is On You) é uma inovação que pretende adjuvar o Programa da Troca de Seringas, fornecendo um serviço anónimo, próximo da população alvo, instituições prestadoras de cuidados à pessoa com problemas no espetro da adição e da comunidade, fomentando a sua consciencialização para a problemática da toxicodependência.
A inovação apresentada diz respeito a um dispositivo que fornece Kits do Programa da Troca de Seringas aquando da introdução de duas seringas usadas.
Adicionalmente, pretendemos desenvolver um novo design para as embalagens desses Kits, incluindo informações relevantes (no seu exterior), tais como números de emergências médicas, passos a adotar em caso de sobredosagem e números de apoio para a desabituação e reabilitação de acordo coma região do país onde estão a ser fornecidos.
O presente estudo visa desenvolver uma inovação adjuvante ao programa da troca de seringas, destinado a pessoas com problemas de adição a substâncias. Espera-se que esta inovação aumente a adesão à aquisição dos kits fomentando uma prática de consumo menos danosa, aumentando a consciencialização relativamente à problemática e tornando o anonimato e privacidade uma realidade.
Como objetivos específicos:
Submeter um pedido de marca;
Procurar a melhor evidencia disponível para o desenvolvimento do conceito da inovação, através de pesquisa de literatura e patentes;
Consultar peritos da área para o desenvolvimento do conceito e aprimoramento do dispositivo final (grupos focal e painel de peritos);
Desenhar e modelar em 3D o dispositivo;
Submeter pedido de um modelo de utilidade;
Este serviço permite, estando em locais públicos, alertar a sociedade para a problemática existente e crescente do consumo de substâncias, proporcionar uma cultura inclusiva já que na abordagem tradicional do PTS, a pessoa com problemas de adição expõe-se socialmente, fator que é sabido ser desencorajador junto de um número significativo de pessoas e prevenir infeções associadas a esta prática de consumos. O ROY apresenta ainda uma vertente eco-friendly, devido à reutilização de materiais e antigos equipamentos de vending machine para a sua construção. Ambicionamos a alteração do design da embalagem, com informação mais pormenorizada de serviços disponíveis e do modo de atuação em caso de sobredosagem e/ou emergência, pretendendo, assim, contribuir para a diminuição das mortes por overdose e aumento dos pedidos de ajuda.
Esta nova alternativa, sustentável a longo prazo, de disponibilização de Kits através da automatização de um serviço, irá representar para os profissionais, instituições e voluntários uma reaproximação com os grupos de risco, ou seja, o produto ao estar estrategicamente colocado junto das instituições de apoio permite estabelecer pontos de contacto mais facilmente com o utilizador. A realização desta troca próxima das instituições, permite aos indivíduos a ausência de um ambiente proporcionador de estigmas e preconceitos. Além disto, esta experiência poderá ser enriquecedora a nível do desenvolvimento profissional e da comunidade envolvente, desmistificando o preconceito com a doença mental e aumentando a consciencialização da população relativamente à problemática.
O cidadão será envolvido de forma consultiva e colaborativa.
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Inovação em Tecnologias dos Cuidados de Saúde: Estudo e desenvolvimento de soluções inovadoras
Care Systems, Organization, Models, and Technology