Sobrelotação dos serviços de urgências: impacto nos resultados das pessoas admitidas e a efetividade das estratégias de redução

A sobrelotação dos serviços de urgência é considerada um problema significativo de saúde pública (Somma et al., 2015). A sobrelotação neste contexto é definida por diferentes autores como uma dada situação em que a procura pelos serviços de urgência excede a capacidade de resposta (prestação de cuidados) no tempo adequado, comprometendo assim a qualidade em saúde (Affleck et al., 2013; Johnson & Winkelman, 2011; Sun et al., 2013; Tekwani et al., 2013).

Na génese deste problema poderão estar em causa aspetos relacionados com a gestão, com a estrutura do serviço de urgência ou com as pessoas admitidas (como por exemplo, o aumento das doenças crónicas, o aumento da esperança média de vida) (Maninchedda et al., 2023).

Este fenómeno pode gerar inúmeras consequências, tanto para as pessoas admitidas nos serviços de urgência como para os profissionais de saúde. Estes efeitos nefastos da sobrelotação podem traduzir-se no aumento da incidência de eventos adversos, da morbilidade e mortalidade, do tempo de internamento, na diminuição da satisfação das pessoas que usufruem destes serviços e dos profissionais de saúde, e a administração de medicação em tempos desadequados (Berg et al., 2019; Hsuan et al., 2023; Mataloni et al., 2019; Pines et al., 2006). Considerando a evidência científica disponível sobre estas consequências, torna-se necessário o desenvolvimento de uma revisão sistemática para determinar os efeitos da sobrelotação nos serviços de urgência. A síntese desta evidência permite consciencializar e informar os profissionais de saúde e políticos em saúde sobre a emergência da implementação de estratégias para minimizar/controlar a sobrelotação.

Muitas são as estratégias descritas para minimizar/controlar a sobrelotação dos serviços de urgência, inclusive já se encontram disponíveis revisões sistemáticas sobre as mesmas (Hoot & Aronsky, 2008; Maninchedda et al., 2023). Segundo estes autores, estas estratégias podem passar, por exemplo, pela eficiência de recursos humanos, pelo desenvolvimento de modelos preditivos, pelo aumento do acesso a camas disponíveis para internamentos hospitalares, pelo encaminhamento de casos não urgentes, pela gestão de desvios/controlo das ambulâncias/ admissões. Considerando a identificação destas revisões, verifica-se a necessidade do desenvolvimento de uma revisão de revisões (Umbrella review), de forma a avaliar da efetividade das estratégias na redução da sobrelotação dos serviços de urgência. Esta avaliação permitirá a translação e implementação desse conhecimento para os contextos clínicos e políticas de saúde.

A sobrelotação dos serviços de urgência é considerada um problema de saúde pública, que tem gerado consequências tanto para as pessoas admitidas nestes contextos como para os profissionais de saúde, pelo que se torna pertinente a avaliação do efeito da sobrelotação nos resultados das pessoas admitidas. Considerando esta problemática, muitas são as estratégias descritas na evidência científica para minimizar a sobrelotação, maioritariamente relacionadas tanto com a gestão de recursos humanos como de aspetos estruturais, pelo que a avaliação da efetividade de estratégias/ intervenções para a redução da sobrelotação dos serviços de urgência é necessária. Considerando a existência de estudos primários sobre os efeitos da sobrelotação nos resultados das pessoas admitidas, perspetiva-se o desenvolvimento de uma revisão sistemática de etiologia e risco. E, verificando-se também a disponibilidade de revisões que avaliaram a efetividade de estratégias/intervenções para minimizar este fenómeno, prevê-se o desenvolvimento de uma revisão de revisões (Umbrella review).

(1) Avaliar os efeitos da sobrelotação dos serviços de urgência nos resultados das pessoas internadas (mortalidade, tempo de permanência no hospital, tempo para a administração de antibiótico, trombólise e analgésico);

(2) Avaliar a efetividade das estratégias/intervenções na redução da sobrelotação de serviços de urgência.

Este projeto permitirá contribuir para a síntese da ciência, como uma etapa fundamental para a promoção dos cuidados de saúde informadas pela evidência. O conhecimento dos efeitos da sobrelotação dos serviços de urgência nos resultados das pessoas admitidas nesses contextos permitirá informar profissionais de saúde e políticos em saúde sobre a emergência da implementação de estratégias para minimizar/controlar a sobrelotação. Por sua vez, a avaliação da efetividade dessas estratégias permitirá a translação e implementação desse conhecimento para os contextos clínicos e políticas de saúde.

Não aplicável

  • Instituto Politécnico de Viseu, Escola de Saúde
  • Affleck, A., Parks, P., Drummond, A., Rowe, B. H., & Ovens, H. J. (2013). Emergency department overcrowding and access block. CJEM, 15(6), 359–384. https://doi.org/10.1017/s1481803500002451

    Aromataris, E., Fernandez, R., Godfrey, C., Holly, C., Khalil, H., & Tungpunkom, P. (2020). Umbrella Reviews. In E. Aromataris, C. Lockwood, K. Porritt, B. Pilla, & Z. Jordan (Eds.), JBI Manual for Evidence Synthesis. JBI; 2024. https://doi.org/10.46658/JBIMES-24-08

    Berg, L. M., Ehrenberg, A., Florin, J., Östergren, J., Discacciati, A., & Göransson, K. E. (2019). Associations Between Crowding and Ten-Day Mortality Among Patients Allocated Lower Triage Acuity Levels Without Need of Acute Hospital Care on Departure From the Emergency Department. Annals of emergency medicine, 74(3), 345–356. https://doi.org/10.1016/j.annemergmed.2019.04.012

    Di Somma, S., Paladino, L., Vaughan, L., Lalle, I., Magrini, L., & Magnanti, M. (2015). Overcrowding in emergency department: an international issue. Internal and Emergency Medicine, 10(2), 171–175. https://doi.org/10.1007/s11739-014-1154-8

    Dickinson G. (1989). Emergency department overcrowding. Canadian Medical Association journal, 140(3), 270–271.

    Hoot, N. R., & Aronsky, D. (2008). Systematic review of emergency department crowding: causes, effects, and solutions. Annals of Emergency Medicine, 52(2), 126–136. https://doi.org/10.1016/j.annemergmed.2008.03.014

    Hsuan, C., Segel, J. E., Hsia, R. Y., Wang, Y., & Rogowski, J. (2023). Association of emergency department crowding with inpatient outcomes. Health Services Research, 58(4), 828–843. https://doi.org/10.1111/1475-6773.14076

    Johnson, K. D., & Winkelman, C. (2011). The effect of emergency department crowding on patient outcomes: a literature review. Advanced Emergency Nursing Journal, 33(1), 39–54. https://doi.org/10.1097/TME.0b013e318207e86a

    Maninchedda, M., Proia, A. S., Bianco, L., Aromatario, M., Orsi, G. B., & Napoli, C. (2023). Main Features and Control Strategies to Reduce Overcrowding in Emergency Departments: A Systematic Review of the Literature. Risk management and healthcare policy, 16, 255–266. https://doi.org/10.2147/RMHP.S399045

    Mataloni, F., Pinnarelli, L., Perucci, C. A., Davoli, M., & Fusco, D. (2019). Characteristics of ED crowding in the Lazio Region (Italy) and short-term health outcomes. Internal and Emergency Medicine, 14(1), 109–117. https://doi.org/10.1007/s11739-018-1881-3

    Moola, S., Munn, Z., Tufanaru, C., Aromataris, E., Sears, K., Sfetcu, R., Currie, M., Lisy, K., Qureshi, R., Mattis, P., & Mu, P. (2020). Systematic reviews of etiology and risk. In. E. Aromataris, C. Lockwood, B. Porritt, B. Pilla, Z. Jordan (Eds.), JBI Manual for Evidence Synthesis. JBI; 2024. https://doi.org/10.46658/JBIMES-24-06.

    Pines, J. M., Hollander, J. E., Localio, A. R., & Metlay, J. P. (2006). The association between emergency department crowding and hospital performance on antibiotic timing for pneumonia and percutaneous intervention for myocardial infarction. Academic Emergency Medicine, 13(8), 873–878. https://doi.org/10.1197/j.aem.2006.03.568

    Sun, B. C., Hsia, R. Y., Weiss, R. E., Zingmond, D., Liang, L. J., Han, W., McCreath, H., & Asch, S. M. (2013). Effect of emergency department crowding on outcomes of admitted patients. Annals of Emergency Medicine, 61(6), 605–611.e6. https://doi.org/10.1016/j.annemergmed.2012.10.026

    Tekwani, K. L., Kerem, Y., Mistry, C. D., Sayger, B. M., & Kulstad, E. B. (2013). Emergency Department Crowding is Associated with Reduced Satisfaction Scores in Patients Discharged from the Emergency Department. The Western Journal of Emergency Medicine, 14(1), 11–15. https://doi.org/10.5811/westjem.2011.11.

    Informação do projeto

    • Data de início

      26/05/2024

    • Data de conclusão

      27/12/2025

    • Linha Temática

      Care Systems, Organization, Models, and Technology

    • Target population
      • Pessoas com idade igual ou superior a 18 anos, admitidas em serviços de urgência.
    • Palavras-chave
      • Serviços de Saúde de Emergência
      • Sobrelotação
      • Avaliação de Resultados em Cuidados de Saúde
      • Segurança
      • Revisão Sistemática
    • Áreas prioritárias
      • Segurança do doente e efetividade dos cuidados
    • ODS da Agenda 2030 das Nações Unida
      • Garantir a disponibilidade e a gestão sustentável da água potável e do saneamento para todos
    • Project Team
      • Eduardo José Ferreira dos Santos RI
      • Diana Gabriela Simões Marques Santos
      • Joana Raquel Martins Agostinho
      • Daniela Filipa Batista Cardoso
      • Mauro Alexandre Lopes Mota
      • Maria Madalena Jesus Cunha Nunes