TecPrevInf: Transfer of technological innovations to nursing practice: A contribution to the prevention of infections

Introdução: As Infeções Associadas aos Cuidados de Saúde (IACS) e o aumento da resistência dos microrganismos aos antimicrobianos são problemas com importância crescente à escala mundial. Em Portugal, a prevalência de IACS (10,6%) excede a prevalência na Europa (6,1%) conduzindo a um pior prognóstico da doença, com internamentos mais longos, mais doenças, e um aumento da taxa de mortalidade e de custos. (Fernandes, Silva, Cruz & Paiva, 2016)

A inserção de um cateter venoso periféricos (CVP) é o procedimento invasivo mais efetuado em contexto hospitalar. (Marsh, Webster, Mihala & Rickard, 2015; Wallis, McGrail, Webster, Marsh, Gowardman, Playford & Rickard, 2014; Webster, Osborne, Rickard, & New, 2013). Durante a hospitalização, 33-67% dos doentes precisa de ter um CVP inserido. Grüne, Schrappe, Basten, Wenchel, Tual & Stützer, 2004; Pujol, Hornero, Saballs, Argerich, Verdaguer, Cisnal, Peña, Ariza, Gudiol, 2007)

Estes dispositivos não são isentos de riscos afetando a segurança e bem-estar dos doentes. De facto, muitos CVP são removidos devido a complicações. A flebite é a complicação local reportada mais comummente, com taxas de incidência entre 3,7% e 70% (Abolfotouh, Salam, Bani-Mustafa, White & Balkhy, 2014; Cicolini, Manzoli, Simonetti, Flacco, Comparcini & Eltaji, 2014; Oliveira & Parreira, 2010; Zoraya, Parra & Camargo-Figuera, 2015), facilitando a colonização bacteriana e causando infeções, infeções da corrente sanguínea e sepsias. (Dorniak-Wall, Rudaks., Solanki, & Greenwood, 2013)

De acordo com o Inquérito Nacional de Prevalência de Infeções, o CVP é o fator de risco externo que aumenta a prevalência dessas infeções para 11,7%, enquanto que a prevalência é 8,3% sem CVP. (Fernandes et al, 2016)

Alguns dos múltiplos fatores de risco para complicações em doentes com CVP são passíveis de intervenção.

Nos contextos clínicos, os enfermeiros são quem insere CVP mais frequentemente e monitoriza o doente. Contudo, têm de lidar com acessos venosos difíceis devido à idade do doente, características físicas, estado clinico e medicação que dificultam a inserção do CVP.

O método tradicional para a deteção e seleção de novos acessos venosos inclui o uso de um garrote, palpação e observação. Contudo, quando as veias não são visíveis ou palpáveis, tal pode conduzir a sucessivas tentativas de punção, causando dor ao paciente e desconforto ao enfermeiro que resulta num aumento dos custos.

As recomendações estabelecem que a punção deve ser tentada apenas duas vezes, no entanto, contra esta recomendação e devido à necessidade terapêutica do doente e à sua situação clinica, os profissionais de saúde tentam a punção até dez vezes. Neste sentido, os enfermeiros devem considerar a utilização de tecnologias especificas para ajudar a selecionar a veia a puncionar e reduzir o numero de tentativas de punção e as complicações mecânicas relacionadas com o cateter. Apesar dos recursos tecnológicos disponíveis atualmente, são subutilizados em Portugal, o ultrassom permite ver as veias e as estruturas adjacentes, tornando o procedimento mais fácil de efetuar em tempo real.

As vantagens desta tecnologia têm sido estudadas, mostrando uma redução significativa de complicações devido ao uso de cateteres venosos centrais (CVC) que tendem a causar mais complicações do que os CVP. Adicionalmente, o uso de ultrassons permite diminuir o numero de tentativas de punção, o tempo necessário para a punção e a dor associada, consequentemente aumentam a satisfação do doente.

O Active Vascular Imaging Navigation (AVIN) permite iluminar a veia com uma luz parecida com infravermelhos, que é absorvida pelo sangue e refletida pelos tecidos adjacentes. Quando comparada com o método tradicional, esta tecnologia alternativa mostrou uma incidência mais baixa de hematomas e menos ansiedade nos pacientes.

Outro fator que depende estritamente da prática dos enfermeiros e que pode influenciar a ocorrência de complicações em doentes com CVP é o uso repetido de garrotes em múltiplos doentes.

O manuseamento dos garrotes coloca o risco de contaminação da pele próximo do local de inserção do CVP. Em Portugal, o uso de garrotes individuais não é prático comum nas unidades de cuidados e não existem estudos publicados sobre este assunto. No entanto, os estudos conduzidos noutros contextos mostraram que uma percentagem elevada de garrotes esta contaminada com Staphylococcus aureus e muitos destes microrganismos são resistentes à Meticilina.

De facto, a investigação tem mostrado que os garrotes foram usados indiscriminadamente nos doentes, sem serem desinfetados, apesar de as recomendações de utilização de garrotes descartáveis.

Um estudo com uma amostra de 335 CVP e 335 amostras de esfregaços de pele em redor do local de inserção foram analisados microbiologicamente, foram reportados resultados positivos em 144 casos. O mesmo microrganismo estava presente nos dois locais o que pode indicar uma migração dos microrganismos da pele para o CVP ou de contaminação do CVP durante o processo de punção.

Neste sentido, a colocação adequada do CVP e a proteção do local de inserção pode também contribuir para a prevenção de complicações, apesar de o tipo de penso a ser usado permanecer pouco claro. (Marshet al. 2015; Roja-Sanchez, L.Z., Parra & Camargo-Figuera, 2015).

Finalmente, em alternativa ao CVP, os cateteres centrais de inserção periférica (PICC) permitem, a administração de soluções que não são bem toleradas pelos CVPs, tais como a medicação antineoplásica, soluções irritantes e vesicantes, alimentação parenteral, vários antibióticos e medicação com valores de pH inferiores a 5 ou superiores a 9 e osmolaridade superior a 600 mOsm/L (Avelar-Silva, 2012; Baiocco, Silva, 2010).

Na perspetiva do doente, os benefícios dos PICC incluem: não serem necessários múltiplas punções, menos dor e stress causada pelas punções repetidas, menos desconforto, preservação do sistema vascular periférico e diminuição do risco de infiltração. (Janes, Kalyn, Pinelli & Paes, 2000; Ragavan, Gazula, Yadav, Agarwala, Srinivas, Bajpai, Bhatnagar, Gupta & 2010).

Contudo, os enfermeiros devem possuir e melhorar as competências necessárias ao uso destas inovações, que podem contribuir para a redução de complicações e melhorar a qualidade dos cuidados.

As Infeções Associadas aos Cuidados de Saúde (IACS) e o aumento da resistência dos microrganismos aos antimicrobianos são problemas com importância crescente à escala mundial, com custos diretos, indiretos e intangíveis. A presença da pessoa em ambiente hospitalar expõe-na a elevado risco de infeção, aumentando exponencialmente quando à necessidade de inserção de um dispositivo médico, dando acesso à corrente sanguínea. O dispositivo médico invasivo mais utilizado, em contexto hospitalar, é o cateter venoso periférico (CVP), para administração de medicação entre outras finalidades, contudo não isento de complicações. Entre os fatores descritos para a prevenção de complicações, nomeadamente as infeções, surgem as práticas dos profissionais e os materiais utlizados nos cuidados. Considerando que são enfermeiros que habitualmente inserem o CVP e cuidam da pessoa durante a sua permanência, propomos este projeto que tem como objetivos: contribuir para a prevenção de infeções hospitalares, através da mudança de práticas dos enfermeiros relacionadas com os cuidados a doentes com CVP; implementar tecnologias inovadoras na prática clínica;  contribuir para o aumento do conhecimento científico, integrando o conhecimento da praxis com o da investigação; facilitar a criação de redes de investigação, através da articulação de instituições de ensino politécnico e contextos de prática clínica, dando continuidade aos ideais estabelecidos no projeto. Para dar resposta aos objetivos propostos e recorrendo à Investigação-Ação (IA), propomos o projeto para a região centro, envolvendo vários parceiros, potenciando assim o relacionamento entre a academia (Ensino Politécnico, áreas da enfermagem e microbiologia), prática clínica (Hospital Central), a comunidade (Associação de Acessos Vasculares) mas, também, algumas empresas produtoras/distribuidoras de inovações tecnológicas na área da saúde.  Tem previsto o desenvolvimento de um conjunto de atividades, que visam o envolvimento dos profissionais da prática clínica, para a adoção de inovações tecnológicas que contribuam para a prevenção de infeções, a utilizar durante a inserção (Active Vascular Imaging Navigation, Ultrassom, Garrote descartável), manutenção (penso de cateter de última geração ou outros definir) ou em alternativa ao CVP (Cateter Venoso Central de Inserção Periférica) e simultaneamente, a investigação sobre a eficácia das referidas inovações. Será implementada a observação participante e entrevistas aos enfermeiros, incluindo dois estudos observacionais prospetivos, um Estudo Randomizado Controlado (Randomized Clinical Trial – RCT) e um Estudo Piloto, com o objetivo de identificar a eficácia de inovações tecnológicas, comparativamente às práticas habitualmente usadas. Pretendemos integrar competências e valorizar sinergias, com a realização de ateliês de reflexão sobre a prática clínica, formação avançada dos enfermeiros na adoção de tecnologias inovadoras e apresentação de proposta para disseminação do projeto a nível nacional e internacional.

Awaiting information from the PI

Resultados esperados: Implementação de tecnologias inovadoras na prática clinica dos enfermeiros, contribuindo para a prevenção de infeções hospitalares relacionadas com CVP.

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