A formação dos alunos de enfermagem nos países nórdicos, Portugal, Espanha e Suíça tem demonstrado uma crescente ênfase na educação interprofissional, onde os estudantes de enfermagem frequentemente têm aulas em conjunto com alunos de medicina e outras áreas de tecnologias da saúde. Essa abordagem é fundamental para promover a colaboração e a comunicação entre diferentes profissionais de saúde, preparando os alunos para um ambiente de trabalho integrado.
Nos países nórdicos, a educação interprofissional é uma prática bem estabelecida. Algumas pesquisas indicam que os currículos de enfermagem frequentemente incluem módulos que incentivam a interação com estudantes de medicina, permitindo que os alunos desenvolvam uma compreensão mais profunda das responsabilidades e desafios enfrentados pelos seus colegas de outras disciplinas de saúde (Krielen et al. 2023; Mitchell et al., 2010). Essa colaboração é vista como uma maneira de melhorar as competências interprofissionais, que são essenciais para a prática clínica moderna (Chen et al., 2015).
Em Portugal e Espanha, a integração de alunos de enfermagem e medicina nas aulas tem sido cada vez mais comum. Estudos mostram que muitos cursos de enfermagem incorporam componentes que promovem a interação com estudantes de medicina e áreas tecnológicas da saúde, especialmente em tópicos relacionados à saúde pública e prática baseada em evidências (Parreira et al., 2022). Essa interação não só enriquece a experiência educacional dos alunos, mas também melhora a compreensão mútua das funções e responsabilidades de cada profissão (Visiers‐Jiménez et al., 2022).
Na Suíça, a educação interprofissional é igualmente promovida. Algumas pesquisas sugerem que a colaboração entre alunos de enfermagem e medicina é incentivada através de programas que visam melhorar a comunicação e a compreensão entre as diferentes disciplinas ("Determination of Nursing Students’ Medical Errors", 2019). A implementação de simulações interprofissionais e atividades práticas em conjunto tem mostrado resultados positivos na formação de competências essenciais para a prática clínica, como a comunicação e o trabalho em equipa (Mitchell et al., 2010; Yang, 2023).
Além disso, a pandemia de COVID-19 trouxe desafios e oportunidades para a educação interprofissional. A necessidade de adaptação ao ensino remoto e a utilização de plataformas digitais para a educação em saúde têm sido uma constante, mas também abriram espaço para novas formas de colaboração entre alunos de diferentes áreas de saúde (Dutta et al., 2021; Park et al., 2023). A experiência adquirida durante esse período pode ter um impacto duradouro na forma como os currículos são estruturados no futuro, enfatizando ainda mais a importância da educação interprofissional (Dybsand et al., 2019).
Em suma, a formação dos alunos de enfermagem nos países nórdicos, Portugal, Espanha e Suíça está cada vez mais integrada com a educação de alunos de medicina e outras áreas de saúde. Essa abordagem interprofissional é essencial para preparar os futuros profissionais de saúde para um ambiente de trabalho colaborativo e eficaz.
Com a integração da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra na Universidade, surgem novas possibilidades para a formação dos futuros profissionais de saúde de forma mais integrada. Este projeto pretende explorar as percepções dos estudantes de Enfermagem, Medicina e Tecnologias de Saúde sobre a adoção de um tronco comum nos anos iniciais dos cursos, procurando entender os seus benefícios e desafios. O nosso foco está em compreender se os estudantes veem esse currículo compartilhado como uma forma de enriquecer a formação, desenvolvendo habilidades colaborativas que são cada vez mais valorizadas no mercado de trabalho. Este tema ganha especial relevância no contexto da integração universitária, onde há uma oportunidade concreta de incentivar o diálogo e a troca de conhecimentos entre as áreas da saúde. Ao trabalhar desde cedo num currículo integrado, espera-se que os estudantes de saúde possam desenvolver uma visão mais abrangente e colaborativa do cuidado à pessoa. Pesquisas realizadas noutros países indicam que currículos interdisciplinares não só fortalecem o trabalho em equipa como também promovem uma melhor qualidade nos serviços de saúde. Com esta pesquisa, queremos obter uma visão clara das expectativas e percepções dos alunos sobre o currículo partilhado, contribuindo para decisões fundamentadas sobre o futuro da formação em Enfermagem na Universidade, numa perspectiva multidisciplinar e interprofissionais.
- Elaborar uma revisão da literatura sobre o ensino superior multidisciplinar;
- Descrever os planos de estudos das instituições de ensino superior de Enfermagem; Medicina e Tecnologias de Saúde em alguns países da Europa;
- Conhecer as vantagens e desvantagens da formação multidisciplinar;
- Identificar as percepções dos estudantes, docentes e profissionais de saúde sobre a formação multidisciplinar;
- Relatar as percepções dos estudantes, docentes e profissionais de saúde sobre o impacto da formação multidisciplinar na qualidade dos cuidados;
- Contribuir para a construção de planos de estudo transformadores do ensino superior na área da saúde.
Este projeto visa promover uma inovação significativa no ensino superior da área da saúde, com foco na integração e colaboração interdisciplinar. Através da investigação das perceções de estudantes e docentes de Enfermagem, Medicina e Tecnologias de Saúde sobre a implementação de um currículo comum nos primeiros anos, procura-se avaliar como é que essa abordagem pode enriquecer a formação dos futuros profissionais de saúde.
A adoção de um tronco comum permitiria aos estudantes desenvolver desde cedo competências colaborativas essenciais para a prática clínica e para a prestação de cuidados de saúde mais integrados e holísticos. Essa mudança curricular visa responder à necessidade crescente de profissionais que saibam trabalhar em conjunto, reconhecendo a importância de cada área no cuidado à pessoa. Com um currículo partilhado, espera-se que os estudantes adquiram uma visão mais ampla e interligada dos cuidados de saúde, melhorando sua capacidade de atuação no mundo real.
Além da inovação no ensino, este projeto apresenta um impacto direto na sociedade. Com uma formação mais integrada e colaborativa, os profissionais de saúde estarão mais preparados para enfrentar os desafios do sistema de saúde atual, promovendo uma melhoria na qualidade dos cuidados prestados.
Ao gerar novos conhecimentos sobre as percepções dos estudantes e docentes sobre o currículo interdisciplinar, espera-se que o projeto contribua para decisões fundamentadas sobre a transformação dos planos de estudo nas instituições de ensino superior, formando profissionais mais preparados para os desafios da saúde global.
Neste projeto, o envolvimento do cidadão será promovido principalmente por meio de uma abordagem colaborativa, garantindo que as perceções e experiências dos cidadãos, especialmente dos futuros profissionais de saúde e da sociedade em geral, sejam integralmente consideradas ao longo de todo o processo de investigação. Embora o foco principal seja a recolha de dados de estudantes e docentes, a metodologia será desenhada de forma a envolver os cidadãos nas fases de discussão e disseminação dos resultados, promovendo a reflexão sobre como as mudanças no currículo de formação podem impactar diretamente a prática profissional e, consequentemente, a qualidade dos cuidados de saúde prestados.
Este envolvimento das diversas partes interessadas não só enriquecerá a investigação, mas também garantirá que as conclusões e recomendações sejam mais ajustadas às necessidades reais da sociedade, garantindo uma maior relevância social e um impacto direto na qualidade dos cuidados prestados pelos futuros profissionais de saúde.
Mitchell, M., Groves, M., Mitchell, C., & Batkin, J. (2010). Innovation in learning – an inter-professional approach to improving communication. Nurse Education in Practice, 10(6), 379-384. https://doi.org/10.1016/j.nepr.2010.05.008
Krielen, P., Meeuwsen, M., Tan, E., Schieving, J., Ruijs, A., & Scherpbier, N. (2023). Interprofessional simulation of acute care for nursing and medical students: interprofessional competencies and transfer to the workplace. BMC Medical Education, 23(1). https://doi.org/10.1186/s12909-023-04053-2
Chen, A., Kiersma, M., Keib, C., & Cailor, S. (2015). Fostering interdisciplinary communication between pharmacy and nursing students. American Journal of Pharmaceutical Education, 79(6), 83. https://doi.org/10.5688/ajpe79683
Parreira, P., Santos-Costa, P., Pardal, J., Neves, T., Bernardes, R., Serambeque, B., ... & Salgueiro-Oliveira, A. (2022). Nursing students’ perceptions on healthcare-associated infection control and prevention teaching and learning experience in portugal. Journal of Personalized Medicine, 12(2), 180. https://doi.org/10.3390/jpm12020180
Visiers‐Jiménez, L., Palese, A., Brugnolli, A., Cadorin, L., Salminen, L., Leino‐Kilpi, H., ... & Kajander‐Unkuri, S. (2022). Nursing students’ self‐directed learning abilities and related factors at graduation: a multi‐country cross‐sectional study. Nursing Open, 9(3), 1688-1699. https://doi.org/10.1002/nop2.1193
Yang, B. (2023). Effects of interdisciplinary teaching on student learning and healthcare-giving competence: a mixed methods study.. https://doi.org/10.21203/rs.3.rs-3218987/v1
Dutta, S., Ambwani, S., Lal, H., Ram, K., Mishra, G., Kumar, T., ... & Varthya, S. (2021). The satisfaction level of undergraduate medical and nursing students regarding distant preclinical and clinical teaching amidst covid-19 across india. Advances in Medical Education and Practice, Volume 12, 113-122. https://doi.org/10.2147/amep.s290142
Dybsand, L., Hall, K., & Carson, P. (2019). Immunization attitudes, opinions, and knowledge of healthcare professional students at two midwestern universities in the united states. BMC Medical Education, 19(1). https://doi.org/10.1186/s12909-019-1678-8
06/12/2024
01/01/2027
Education and development of the discipline