A enfermagem é considerada como o esqueleto dos sistemas de saúde em todo o mundo e uma diminuição nas suas competências terá um efeito negativo substancial nos resultados de saúde (OMS, 2006). Diversos estudos conduzidos por Linda Aiken mostraram que um bom nível de desenvolvimento de competências em enfermagem está relacionado com taxas de mortalidade mais baixas em doentes hospitalizados bem como numa menor morbilidade e na ocorrência de menos eventos adversos. (Aiken, Smith e Lake, 1994; Aiken, Clarke, Cheung et al, 2003; Aiken, Clarke, Sloane et al, 2008; Aiken, Sloane, Bruyneel, et al, 2014).

Em 2001 a Organização Mundial de Saúde (OMS) apresentou a sua Estratégia para a Enfermagem e Obstetrizes com a finalidade de melhorar e unificar os programas de enfermagem (OMS, 2001) e em 2006 o International Council of Nurses (ICN) emitiu uma recomendação aos educadores em enfermagem para que mantenham um alto nível de competências para as enfermeiras registadas (ICN, 2006). Estas orientações foram mais recentemente reforçadas pela OMS que enfatizou a importância de que os planos de estudo em enfermagem se baseiem em evidência e competências (OMS, 2009). 

As competências em enfermagem requerem combinações complexas de conhecimento, desempenho, habilidades e atitudes e na sua definição encontra-se, por vezes, componentes genéricas como a resolução de problemas ou o pensamento crítico. Uma revisão da literatura recente realça a existência de 8 categorias principais: 1) valores profissionais e éticos; 2) habilidades e intervenções; 3) habilidades comunicacionais e interpessoais; 4) conhecimento e capacidade cognitiva; 5) avaliação e melhoria da qualidade em enfermagem; 6) desenvolvimento profissional; 7) gestão da liderança e trabalho em equipa; 8) utilização da investigação (Kajander-Unkuri et al, 2013).

Apesar de uma relativo consenso sobre o que se espera da enfermagem como contributo para a melhoria da saúde das populações e da existência de diretivas nacionais e internacionais que enquadram o ensino de enfermagem é de esperar a existência de grande variabilidade entre os países e dentro de cada país fruto dos contextos nacionais e da autonomia das escolas. Num mundo cada vez mais globalizado a comparabilidade das competências de saída dos estudantes de enfermagem pode ser um instrumento essencial para uma maior uniformização de exigências e um facilitador ao recrutamento. Por outro lado, a monitorização sobre o nível de competências que os diferentes cursos de enfermagem oferecem pode ser um mecanismo muito importante para a melhoria contínua e um instrumento essencial para a avaliação e atualização dos cursos de acordo com as exigências de um mundo em constante evolução.

A utilização de escalas que permitam medir as competências dos estudantes no terminus da sua formação gera dados que podem ser utilizados com aqueles fins. Contudo, para que esses dados possam ser comparados entre os países é necessário a utilização de instrumentos de medida comuns que foram sujeitos a processos de validação e de estudo de fiabilidade em cada país.

O estudo de tradução e validação da escala NPC de Nilsson et al (2014) é, assim, um contributo para estudos futuros e mais gerais de comparabilidade e monitorização das competências de estudantes de enfermagem.

Traduzir e validar culturalmente a NPC Scale de Nilsson et al (2014)


O processo de tradução e validação seguirá as recomendações da OMS (2015) com as seguintes adaptações:

1)      Tradução da versão inglesa para português por tradutor profissional

2)      Revisão por painel de peritos e revisão da primeira versão em português

3)      Retroversão de português para inglês

4)      Análise comparativa por painel de peritos. Geração de consensos e consulta a terceiros

5)      Revisão linguística da versão portuguesa

6)      Pré teste e entrevistas de avaliação de conteúdo

7)      Revisão final

Resultados esperados:

Editoração da escala NPC em português de Portugal

Comparação das competências de estudantes finalistas de enfermagem portugueses e estudantes suecos