A prática de enfermagem tem estado, desde os tempos mais antigos, ligada à noção de conforto. Ao analisarmos a origem etimológica de conforto e de enfermeiro, verificamos que são conceitos intimamente relacionados. O enfermeiro é aquele que promove o fortalecimento e o conforto daquele que está enfermo (Bottorff, 1991). O conforto, seja ele considerado como um processo, o de confortar, ou como um resultado, o das intervenções, é um conceito nobre e subjacente à intervenção de enfermagem (Apóstolo, 2010).
O conforto é definido por Kolcaba (1995) como uma condição em que estão satisfeitas as necessidades básicas, relativamente aos estados de alívio, tranquilidade e transcendência, as quais se desenvolvem em quatro contextos: físico, sociocultural, psicoespiritual e ambiental.
De acordo com a mesma autora (2003), os cuidados de conforto envolvem pelo menos três tipos de intervenções que podem ser implementadas para melhorar o conforto total das pessoas: 1) Intervenções de conforto padrão: também conhecidas como medidas técnicas de conforto, projetadas para manter a homeostase, tais como administração de terapêutica, monitorização de sinais vitais ou alternância de decúbitos; 2) "Coaching": intervenções que aliviam a ansiedade, fornecem tranquilidade e informações, e instilam esperança, tal como a escuta ativa; 3) "Conforto para a alma": intervenções que fazem com que as pessoas se sintam fortalecidos de maneiras intangível e personalizada, tal como a prestação de cuidados de higiene, o toque terapêutico, a massagem terapêutica ou imaginação guiada.
De acordo com Kolcaba (1994; 2001; 2003;) o conforto é um resultado desejável que é pertinente à disciplina da enfermagem. Assim, os enfermeiros avaliam as necessidades de conforto holísticas (físicas, psicospirituais, socioculturais e ambientais) das pessoas alvo dos seus cuidados e implementam intervenções para atender a essas necessidades. Contudo, referidas intervenções, só podem ser consideradas reconfortantes se a pessoa que as recebe as definir/perceber como tal. Logo, os níveis de conforto devem ser avaliados antes e após a implementação de intervenções.
O conforto aprimorado fortalece as pessoas para se empoderarem em comportamentos que as levam a um estado de bem-estar (Wilson & Kolcaba, 2004). Esses comportamentos são chamados de comportamentos de procura de saúde (Kolcaba, 2001; Kolcaba, 1994).
Por sua vez, quando as pessoas têm o apoio necessário para se comprometerem com comportamentos de procura de saúde, a integridade e a qualidade institucional também é melhorada com potencial de redução de custo dos cuidados, duração da internação, satisfação da pessoa e enfermeiro.
Em síntese, as intervenções de conforto promovem uma maior satisfação da pessoa, maior satisfação e criatividade dos enfermeiros, e refletem-se num benefício para a instituição (Kolcaba, 2003).
Não obstante ao exposto, para que as intervenções de conforto sejam efetivas, ajustadas e fundamentadas, deverá ser realizada investigação para a produção de conhecimento em enfermagem ao nível da avaliação e intervenção no âmbito do conforto.
O projeto "Conforto: Avaliação e Intervenção" não responde apenas à necessidade urgente de uma abordagem baseada em evidências para a prestação de cuidados de conforto, mas representa, também, um compromisso com a excelência na prática de enfermagem e com o conforto dos utentes, contribuindo para a melhoria contínua da qualidade e eficácia dos cuidados de saúde prestados.
01/01/2004
01/01/2025
Self-care and health-disease