Os transtornos do humor são uma das desordens psiquiátricas mais comuns em idosos, sendo responsáveis pela perda de autonomia e pelo agravamento de quadros patológicos preexistentes. A depressão é uma das perturbações mais frequentes e está associada ao maior risco de morbilidade e de mortalidade, ao aumento na utilização dos serviços de saúde, à negligência no autocuidado, à adesão reduzida aos regimes terapêuticos e a maior risco de suicídio (Paradela, Lourenço e Veras, 2005; Almeida e Almeida, 2009).
A evidência sugere também que a depressão contribui para o desenvolvimento de deficits cognitivos em alguns indivíduos. A depressão na Doença de Alzheimer (DA) é marcadamente sub-diagnosticada (Starkstein, Mizrahi e Power, 2008). Alguns estudos evidenciam que os doentes com depressão têm maior risco de desenvolver demência (Draper, 2004; Rosness, Barca e Engedal, 2010; Jorm, 2001).
Não obstante, em Portugal os dados sobre a prevalência da depressão em idosos, quer na comunidade, quer institucionalizados, são escassos e não conclusivos.
Várias escalas para avaliar sintomas depressivos foram desenvolvidas e muitas delas têm sido utilizadas para o rastreio de tais sintomas na população geral. A Escala de Depressão Geriátrica (GDS) é um dos instrumentos mais frequentemente utilizados para o rastreio de depressão em idosos tendo já sido desenvolvidos estudos com uma versão em português do Brasil (Paradela, Lourenço e Veras, 2005; Almeida e Almeida, 2009) e sendo necessária a sua adaptação para o português de Portugal, de modo a aferir o seu melhor ponto de corte para a população idosa portuguesa (equilíbrio entre a sensibilidade e a especificidade).
Neste contexto, espera-se: adaptar para português de Portugal a GDS-15 determinando o melhor ponto de corte da GDS-15 para a população idosa portuguesa; traçar um perfil dos estados afectivo-emocionais na população de idosos utentes de CSP em Portugal; conhecer a relação entre os estados afectivo-emocionais na população de pessoas idosas, a idade, o género e a cognição.
O estudo será desenvolvido em amostras constituídas por pessoas idosas, com idade superior a 65 anos, seleccionadas em Centros de Saúde, Centros de Dia e Lares de terceira idade de diferentes regiões de Portugal, que servem população rural, urbana e de transição, ou seja, abrangendo as diferentes características da população portuguesa, com recurso à Geriatric Depression Scale (GDS-15), e ao Mini-Exame do Estado Mental (MMSE).
Objectivos:
- Adaptar a GDS para o português de Portugal a partir da versão do português do Brasil, de Almeida e Almeida (1999);
- Traçar um perfil dos estados afectivo-emocionais na população de pessoas idosas em contexto comunitário e institucionalizadas;
- Analizar a relação entre os estados afectivo-emocionais na população de pessoas idosas, a idade, o género e a cognição.
01/01/2010
01/01/2016
Well-being and Health Promotion