O crescente envelhecimento populacional pode refletir-se num maior isolamento social e no aumento dos processos de fragilidade física e cognitiva. Associado a estes factores, a autonomia, a independência e a qualidade de vida também podem ficar comprometidas, despertando o interesse em identificar, analisar e discutir eventuais intervenções de enfermagem que visem mitigar estes declínios. Simultaneamente, deve existir uma valorização da pessoa idosa, numa
perspetiva positiva e que promova uma cidadania mais ativa e participativa.
Na era do envelhecimento global, as intervenções de saúde, com recurso digital, são vistas como uma nova oportunidade para superar os vários desafios associados ao envelhecimento, através da promoção da saúde e inclusão social, da capacitação da pessoa.
Neste sentido, e face à crescente inovação tecnológica, pretende-se desenvolver uma intervenção de enfermagem, multidimensional, com recurso digital (AtiVida), que use uma comunicação assente na melhor evidência científica disponível, num formato acessível e atrativo para a pessoa, com a finalidade de promover o envelhecimento ativo e saudável.
Adicionalmente, o projeto será enquadrado no paradigma da Ciência Cidadã, sendo que ao longo das diferentes tarefas se perspetiva a inclusão e colaboração de um painel de cidadãos.
Neste sentido, e face à crescente inovação tecnológica, pretende-se desenvolver uma intervenção de enfermagem, multidimensional (fisico, cognitivo, emocional e social), com recurso digital (AtiVida), que use uma comunicação assente na melhor evidência científica disponível, num formato acessível e atrativo para a pessoa, com a finalidade de promover o EAS.
Associados a este objetivo geral, constituem-se como objetivos específicos deste projeto de Doutoramento:
1) Explorar o significado das experiências das pessoas que utilizaram intervenções digitais, destinadas a promover o EAS, e avaliar a efetividade dessas intervenções na qualidade de vida, interação social, capacidade cognitiva e funcional;
2) Selecionar e adaptar as intervenções e os recursos digitais para o desenvolvimento da AtiVida;
3) Validar as intervenções de Enfermagem da AtiVida;
4) Avaliar a efetividade da AtiVida na promoção do EAS e o significado atribuído pelos utilizadores.
Pretende-se desenvolver este projeto, recorrendo à metodologia das Intervenções Complexas, delineado pelo Medical Research Council (MRC) (Skivington et al., 2021). As Intervenções Complexas são intervenções que geralmente envolvem mudança de comportamentos, de forma a solucionar problemas que exigem diferentes estratégias. A
investigação decorrerá em três fases: Fase I) desenvolvimento da intervenção (tarefa II e III); Fase II) viabilidade (tarefa IV) e Fase III) avaliação (tarefa V).
Face à crescente inovação tecnológica, pretende-se que a investigação a realizar com este projeto contribua para a agregação, utilização e inovação do conhecimento já existente na comunidade científica, nomeadamente no que diz respeito à promoção do EAS.
No que concerne aos cuidados de enfermagem, pretende-se que surjam novos conhecimentos e estratégias, tendo por base um dos desígnios dos cuidados de enfermagem que visa a promoção da saúde, ao longo de todo o ciclo vital, na pessoa e comunidades.
Em termos de sustentabilidade, após o términus deste projeto, acreditamos que a AtiVida possa ser utilizada como (i) recurso educativo, (ii) de extensão à comunidade e (iii) de investigação; (i) educativo, na medida que os estudantes da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) poderão contribuir e atualizar os conteúdos da AtiVida; (ii) de extensão porque a AtiVida, como produto desenvolvido pela ESEnfC, poderá ser utilizada pela sociedade, com o objetivo de promover o EAS; (iii) de investigação, na medida que os investigadores podem desenvolver soluções a serem incorporadas na AtiVida, mas também exportar os dados e avaliar comportamentos e performances.
Alturas, B. (2019). Modelos de Aceitação e Uso de Tecnologia: Tendências da investigação no século XXI. ISCTE.
Alves Faria, A. D. C., Martins, M. M., Ribeiro, O. M. P. L., Ventura-Silva, J. M. A., Teles, P. J. F. C., & Laredo-Aguilera, J. A. (2022). Adaptation and Validation of the Individual
Lifestyle Profile Scale of Portuguese Older Adults Living at Home. International Journal of Environmental Research and Public Health, 19(9), Artigo 9.
https://doi.org/10.3390/ijerph19095435.
Apóstolo, J. & Gameiro, M. (2005). Referências Ontoepistemológicas e Metodológicas da Investigação em Enfermagem: uma análise crítica. Revista
de Enfermagem Referência, (1), 29-38.
Apóstolo, J. L. A., Paiva, D. D. S., Silva, R. C. G. D., Santos, E. J. F. D., & Schultz, T. J. (2018). Adaptation and validation into Portuguese language of
the six-item cognitive impairment test (6CIT). Aging & mental health, 22(9), 1184–1189. https://doi.org/10.1080/13607863.2017.1348473
Børøsund, E., Varsi, C., Børøsund, E., & Varsi, C. (2019). Intervenciones innovadoras de esalud en la investigación de enfermería. cómo utilizar un enfoque de método mixto para el diseño, desarrollo, evaluación e implementación. Ciencia y enfermería, 25, 0–0. https://doi.org/10.4067/s0717-95532019000100401
Buyl, R., Beogo, I., Fobelets, M., Deletroz, C., Van Landuyt, P., Dequanter, S., Gorus, E., Bourbonnais, A., Giguère, A., Lechasseur, K., & Gagnon, M.-P. (2020). e-Health interventions for healthy aging: A systematic review. Systematic Reviews, 9(1), 128. https://doi.org/10.1186/s13643-020-01385-8.
Comissão Europeia. (2021). The 2021 ageing report - Publications Office of the EU 2021. Bruxelas.
Dantas, C., van Staalduinen, W., Jegundo, A., Ganzarain, J., Van der Mark, M., Rodrigues, F., Illario, M., & De Luca, V. (2019). Smart Healthy Age-Friendly Environments—
Policy Recommendations of the Thematic Network Shafe. Translational Medicine @ UniSa, 19, 103–108.
Direção Geral da Saúde. Estratégia Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saudável 2017-2025. Lisboa.
Ferreira P.L. (2000). Criação da versão portuguesa do MOS SF-36. Parte II – Testes de validação. Acta Médica Portuguesa, 13(3): 119-127.
Frank, L. D., Bigazzi, A., Hong, A., Minaker, L., Fisher, P., & Raine, K. D. (2022). Built environment influences on healthy eating and active living: The NEWPATH study. Obesity, 30(2), 424–434. https://doi.org/10.1002/oby.23352.
José, H., & Gomes, I. (2021). Teorias e/ou Modelos de Enfermagem no Desenvolvimento do Cuidado Gerontogeriátrico. Competências em Enfermagem Gerontogeriátrica: uma exigência para a qualidade do cuidado, 19, 95–113.
Li, J., Erdt, M., Chen, L., Cao, Y., Lee, S.-Q., & Theng, Y.-L. (2018). The Social Effects of Exergames on Older Adults: Systematic Review and Metric Analysis. Journal of Medical Internet Research, 20(6), e10486. https://doi.org/10.2196/10486.
Livingston, G., Huntley, J., Sommerlad, A., Ames, D., Ballard, C., Banerjee, S., Brayne, C., Burns, A., Cohen-Mansfield, J., Cooper, C., Costafreda, S. G., Dias, A., Fox, N., Gitlin, L. N., Howard, R., Kales, H. C., Kivimäki, M., Larson, E. B., Ogunniyi, A., … Mukadam, N. (2020). Dementia prevention, intervention, and care: 2020
report of the Lancet Commission. The Lancet, 396(10248), 413–446. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)30367-6.
Lizarondo L, Stern C, Carrier J, Godfrey C, Rieger K, Salmond S, Apostolo J, Kirkpatrick P, Loveday H. (2020). Chapter 8: Mixed methods systematic reviews. In: Aromataris E, Munn Z (Editors). JBI Manual for Evidence Synthesis. JBI. https://doi.org/10.46658/JBIMES-20-09.
Mahr, D.; Göbel, C.; Irwin, A.; Vohland, K.; (2018) Watching or being watched - Enhancing productive discussion between the citizen sciences, the social sciences and the humanities. In: Hecker, S. and Haklay, M. and Bowser, A. and Makuch, Z. and Vogel, J. and Bonn, A., (eds.) Citizen Science - Innovation in Open Science,
Society and Policy. (pp. 99-109). UCL Press: London. https://doi.org/10.14324/111.9781787352339.
Martins, A., Rosa, A., Queirós, A., Silva, A., & Rocha, N. (2015). European Portuguese Validation of the System Usability Scale (SUS). 67. https://doi.org/10.1016/j.procs.2015.09.273.
Organização das Nações Unidas. (2015). Sustainable Development Goals | United Nations Development Programme. New York.
Organização Mundial da Saúde. (2021). Global strategy on digital health 2020-2025. Geneva.
Pender, N., Murdaugh, C., Parsons, M. A. (2011). Health Promotion in Nursing Practice. New Jersey: Pearson.
Pinto, A. M., Malva, J., & Veríssimo, M. (2020). Manual do Cuidador. Coimbra University Press.
Pordata (2022). Agregados domésticos privados com computador, com ligação à Internet e com ligação à Internet. Pordata, Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Skivington, K., Matthews, L., Simpson, S. A., Craig, P., Baird, J., Blazeby, J. M., Boyd, K. A., Craig, N., French, D. P., McIntosh, E., Petticrew, M., Rycroft-Malone, J., White, M., & Moore, L. (2021). A new framework for developing and evaluating complex interventions: update of Medical Research Council guidance. BMJ (Clinical research ed.), 374, n2061. https://doi.org/10.1136/bmj.n2061.
Vaz Serra, A., Canavarro, M. C., Simões, M., Pereira, M., Gameiro, S., Quartilho, M. … Paredes, T. (2006). Estudos psicométricos do instrumento de Avaliação da Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde (WHOQOL-Bref) para Português de Portugal. Psiquiatria Clínica, 27(1), 41-49.
01/01/2023
01/01/2027
Well-being and Health Promotion