A prevenção do suicídio é uma tarefa global e prioritária da OMS e recentemente ratificada pela
EU, no Pacto Europeu para a Saúde Mental e Bem-estar, como a primeira de cinco prioridades
em saúde mental (2008). A nível nacional, o Plano Nacional de Saúde Mental para 2007-2016
(2008) elege como um dos seus quatro objectivos um programa de prevenção da depressão e
suicídio.
-Em Portugal as taxas de suicídio têm aumentado (9,8/100.000, em 2008). Se analisarmos, a
nível da região centro, os dados disponíveis para os comportamentos para-suicidários
verificamos que, comparativamente com os dados do estudo multicêntrico do para suicídio da
OMS, Coimbra ocupa os lugares cimeiros particularmente em jovens do género feminino
(Schmidtke et al, 1994; Saraiva, 1996). Estes dados permanecem muito provavelmente
bastante actuais, a crer no atendimento registado em serviços de urgência, onde a Consulta de
Prevenção do Suicídio dos HUC aponta para cerca de dois casos em média/dia de parasuicidas.
O perfil do para-suicida na região de Coimbra caracteriza-se por ser do género
feminino, jovem, baixo nível de educação ou com dificuldades escolares, com problemas
psicossociais, embora frequentemente não aparente doença psiquiátrica anteriormente
diagnosticada (Saraiva, 1997; Santos, 2006). A vivência da escola aparece como factor
importante nesta definição de perfil.
A escola aparece como centro promotor de saúde mental quando associa à sua função
educacional uma psico-educação para as emoções sociais e habilidades para a vida (Social
Emotional Learning e Skills for Life) como evidencia um estudo de análise sistemática
conduzido por Diekstra (2008). A inclusão de toda a escola (professores e auxiliares incluídos)
nas estratégias definidas e duração superior a seis meses optimizam os resultados alcançados
a curto e médio prazo, nomeadamente aprendizagem ou melhoria de habilidades e
competências sociais, atitudes positivas em relação a si e aos outros, redução de
comportamento anti-social, prevenção ou identificação precoce de doença mental, melhoria
dos resultados escolares (idem).
Assim, o presente projecto tem como objectivos promover a saúde mental no contexto escolar
e, contribuir assim para uma redução de comportamentos de risco, nomeadamente da esfera
de comportamentos suicidários.
A amostra são jovens estudantes do 7º, 8º e 9º ano nos estabelecimentos de ensino da região
centro. Estes jovens serão avaliados especificamente ao nível do auto-conceito, coping, bemestar
e depressão, quer através de métodos quantitativos (instrumentos psicométricos
validados para a população portuguesa adolescente), quer através de métodos qualitativos
(entrevista semiestruturada).
Relativamente ao procedimento de recolha de dados, o projecto global desenrolar-se-á em em
quatro fases principais. Uma primeira fase que consistirá na formação dos técnicos de saúde e
sociais dos centros de saúde da área onde se inserem as escolas alvo de intervenção; a
segunda fase consistirá na identificação e formação de gatekeepers junto da comunidade
educativa das escolas alvo de intervenção; a terceira fase compreenderá a formação /
sensibilização dos encarregados de educação para este problema de saúde pública; por último,
a quarta fase incluirá o desenvolvimento, implementação e avaliação do programa de
intervenção – propriamente dito – junto dos adolescentes. Esta última fase, por sua vez,
incluirá três etapas consecutivas: a) planeamento, b) diagnóstico de necessidades e c)
implementação e avaliação do projecto de prevenção. A intervenção constará de metodologias activas para dinâmica de grupos como sejam jogos socioeducativos e role-play, visando sobretudo o aumento da auto-estima, melhoria da capacidade de resolução de problemas, combate ao estigma em saúde mental.
Para o planeamento e concretização deste projecto utilizaremos o modelo PRECED /
PROCEED (Green & Kreuter, 2005). No diagnóstico e avaliação de resultados serão utilizados
instrumentos psicométricos e recolhidas as entrevistas. Na fase de implementação contaremos
com uma equipa multidisciplinar de técnicos especialistas e com experiência no
desenvolvimento de programas na área da saúde mental assim como gatekeepers indicados
pelas instituições e alvo de formação avançada nesta área, tal como especificado nas fases
anteriores.
Para melhor avaliar a efectividade da intervenção recorreremos a um grupo de controlo com
características idênticas à amostra em estudo, mas que não será alvo de intervenção
específica.
ver anexo para o ano letivo 2011 / 2012
01/01/2009
Em desenvolvimento
PREVENÇÃO DE COMPORTAMENTOS SUICIDÁRIOS
Well-being and Health Promotion