Interações familiares em famílias com adolescentes

As famílias com adolescentes encontram-se a vivenciar uma transição desenvolvimental, a adolescência, que acarreta profundas alterações para o adolescente e para toda a família. As famílias desenvolvem padrões de interação que podem favorecer ou prejudicar a saúde individual, tendo em conta a forma como a família se adapta às transições de saúde dos seus membros, podendo fortalecer ou debilitar a saúde familiar (Figueiredo, 2009). Durante os processos de transição, as famílias tendem a ficar mais suscetíveis aos riscos, e esse facto pode afetar a saúde e bem-estar familiar, pela qual são considerados uma área importante para a Enfermagem de Saúde Familiar (ESF).
Tendo em consideração a visão da família como foco dos cuidados de enfermagem e, partindo do pressuposto que esta tem um papel fundamental nos comportamentos de saúde da família e de cada um dos seus membros, perspetiva-se desenvolver um estudo que visa identificar as necessidades das famílias com adolescentes entre os 10 e os 13 anos a nível do funcionamento familiar e analisar a perceção das famílias relativamente aos aspetos que possam influenciar a interação entre os seus membros ( forças e dificuldades), de modo a contribuir para a construção de um projeto de melhoria contínua na área de Enfermagem de Saúde Familiar dirigido às famílias com adolescentes. Pretende-se com este projeto de melhoria, promover uma adequada transição para a adolescência, potencializando as competências da família na gestão dos seus processos de saúde, contribuindo para a implementação de intervenções em colaboração com a família, que se traduzam em ganhos de saúde sensíveis aos cuidados de enfermagem de modo a conseguir alcançar a mudança com benefícios no futuro. Em Portugal, não existe ainda
nenhum estudo desenvolvido sobre esta temática, tornando-se assim essencial a realização de um estudo primário que dê resposta a estes objetivos. Caracterizar a funcionalidade das famílias com adolescentes irá permitir identificar as áreas de atenção de enfermagem de saúde familiar que apresentem vulnerabilidades e potencialidades e consequentemente definir estratégias que incluem o planeamento de intervenções de modo a promover ganhos em saúde. Estes ganhos verificam-se pelas mudanças ocorridas a nível do funcionamento familiar, implicando assim, novas histórias, novas relações e interações, e novos comportamentos.

  • Caracterizar a funcionalidade e o desenvolvimento das famílias com adolescentes;
  • Identificar as áreas de atenção de enfermagem de saúde familiar que apresentam fragilidade e as áreas com potencialidade;
  • Descrever a perceção das famílias sobre as dificuldades e forças que possam influenciar a interação entre os seus membros;
  • Estabelecer parcerias com as redes formais e informais das comunidades, visando a capacitação das famílias para a promoção da saúde.

Pretende-se com este estudo identificar as necessidades das famílias com adolescentes entre os 10 e os 13 anos, no que respeita às suas relações e interações entre os seus membros, bem como, a sua perceção relativamente às dificuldades e forças que possam influenciar a sua interação, contribuindo para uma melhor compreensão e conhecimento das necessidades de mudança a nível do funcionamento familiar. No decurso da adolescência ocorrem algumas das mais complexas modificações do ciclo vital, não só a nível físico, como também a nível psicológico e social, que assumem interpretações e significados diferentes, consoante os contextos socioculturais em que os adolescentes se encontram inseridos. A identificação das necessidades das famílias permitirá assim, a implementação de estratégias conducentes à potencialização das competências da família na gestão dos seus processos de saúde. Os
enfermeiros, enquanto agentes facilitadores, têm assim, um papel fundamental ao auxiliarem as famílias nas transições que vão vivenciando, de forma a incorporarem conhecimentos novos, alterarem comportamentos, ultrapassando etapas e mudanças na vida para fazer face a situações novas. Deste modo, e uma vez que a adolescência se trata de um período de transição, é fundamental que os Enfermeiros de Saúde Familiar disponibilizem especial atenção a este ciclo de vida. Neste sentido, e desconhecendo-se estudos neste âmbito em Portugal, o desenvolvimento deste estudo de investigação, torna-se por isso relevante, não apenas para identificar as necessidades de mudança a nível do funcionamento familiar, mas também para planear de futuro outros estudos e ações que promovam a melhoria dos cuidados de enfermagem prestados às famílias com adolescentes quer ao nível da prevenção e promoção da saúde e bem-estar familiar, quer no tratamento de problemas de saúde individual e/ou familiar. De modo a construir um projeto de melhoria contínua na área da Enfermagem de Saúde Familiar dirigido às famílias com adolescentes entre os 10 e os 13 anos, propõe-se a avaliação das famílias na sua dimensão funcional e a implementação de registos de enfermagem no SI, a nível do
processo da família, de modo a dar visibilidade à atividade diagnóstica, nomeadamente na categoria avaliativa “Processo Familiar”. Pretende-se assim, melhorar a atividade diagnóstica das famílias tendo por base conceptual o MDAIF e implementar intervenções que se traduzam em ganhos de saúde sensíveis aos cuidados de enfermagem. Deste modo, poderá ser um contributo para a construção de indicadores relativos à área da saúde familiar e simultaneamente na melhoria dos indicadores da USF no que corresponde ao aumento da proporção de jovens até aos 14 anos com consulta de vigilância de saúde.

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    Informação do projeto

    • Data de Início

      01/01/2021

    • Data de conclusão

      01/01/2025

    • Projeto Estruturante

      Investigação e Ação em Saúde Familiar

    • Linha Temática

      Well-being and Health Promotion

    • Palavras-chave
      • : Relações Familiares
      • Família
      • Adolescente
      • Enfermagem Familiar.
    • ODS da Agenda 2030 das Nações Unida
      • Garantir o acesso à saúde de qualidade e promover o bem-estar para todos, em todas as idades
    • Equipa de Projeto
      • Maria de Fátima Rodrigues da Costa Coelho IR
      • Sílvia Manuela Dias Tavares da Silva
      • Margarida Alexandra Nunes Carramanho Gomes Martins Moreira Silva
      • Maria da Conceição Brito Bonifácio