Rede de Inovação e Oportunidades Sustentáveis: RIOS Living Lab [RIOS]

Sabe-se que o conhecimento produzido na academia ainda está distante do real compartilhamento na comunidade, necessitando maior participação e engajamento para as questões sociais, principalmente através das demandas oriundas da própria sociedade através da observação das suas necessidades. É latente um processo de escuta ativa e co-criação colaborativa, para implementação de novas tecnologias de inovação educacional, voltadas a linguagem e características culturais das sociedades tracionais da Amazônia.

O plano de trabalho intitulado “Práticas sustentáveis e inovadoras no contexto cultural das populações tradicionais da Amazônia: a co-criação da pesquisa e da prática extensionistas na estruturação de um centro de estudos sobre sustentabilidade, povos tradicionais e educação na Amazônia”, que tem por título público resumido [RIOS] Rede de Inovação e Oportunidades Sustentáveis: RIOS Living Lab

Encontra-se ancorado no tema 6 Educação, Cultura, Povos e Saberes Tradicionais (item 1.2 da Chamada), Linha 1 - Grupos de Pesquisa Emergentes e perpassa pelos 3 problemas centrais [Marginalização e Vulnerabilidade; Desconexão entre Universidade e Comunidades; e Necessidade de Inovação Educacional] abordados no macroprojeto do Centro de Estudos sobre Sustentabilidade, populações tradicionais e Educação na Amazônia (CESPE), aprovado na Chamada CNPq/MCTI/FNDCT Nº 19/2024 – Centros Avançados em Áreas Estratégicas para o Desenvolvimento Sustentável da Região Amazônica - Pró- Amazônia.

Parcerias no âmbito de diversas esferas e com atores sociais distintos, criam ambientes propícios para trocas de conhecimentos científicos, metodológicos e com impacto social mais duradouro. Nesse contexto, a pesquisa ação participativa em saúde (PaPS) constitui-se de abordagem que ativa ferramentas tanto para a pesquisa como para as práticas extensionistas. Estas parcerias acadêmico-comunitárias são colaborações horizontais entre instituições de ensino e comunidades, visando à co-criação de conhecimento e soluções para desafios sociais. Promovem a troca de saberes e o desenvolvimento mútuo, integrando pesquisa, ensino e extensão (FREIRE, 1996) e fomentam novos projetos junto aos atores locais para manutenção e disseminação das práticas de inovação educacional. Estes novos olhares representam uma oportunidade de reverberar de forma crítica e contextualizada as necessidades locais e a transformação social, considerando o contexto cultural.A PaPS reconhece as comunidades (no caso, as populações tradicionais da Amazônia brasileira) como agentes de mudança, integrando seus saberes à ciência para enfrentar problemas complexos. Para indígenas, quilombolas e ribeirinhos, ela pode representar uma ferramenta de empoderamento, conservação ambiental e justiça social, contribuindo para a construção de um futuro mais equitativo e sustentável na região. Ademais, permite que as tecnologias de pesquisa e inovação sejam culturalmente congruentes.

As vantagens da PaPS vão além do conhecimento científico: aumento de conhecimentos e de performance; estabelece ligações com outros membros comunitários; permite contribuições positivas para a comunidade; promove a comparticipação financeira; aumenta a procura de serviços que são difíceis de fornecer.

Ademais, parcerias académico comunitárias promovem práticas culturalmente congruentes, ou seja, intervenções que respeitam e se alinham com os valores, crenças, normas e tradições culturais de um determinado grupo ou comunidade. Essas práticas buscam promover a compreensão mútua, a inclusão e o respeito à diversidade cultural, especialmente em contextos como saúde, educação, assistência social, psicologia, e trabalho comunitário.

O Centro de Estudos sobre Sustentabilidade, Populações Tradicionais e Educação na Amazônia (CESPE), aprovado pela Chamada CNPq/MCTI/FNDCT Nº 19/2024, busca promover o desenvolvimento sustentável e os direitos das populações tradicionais através da inovação social e do envolvimento universitário. No âmbito do CESPE, o projeto RIOS Living Lab estabelece parcerias académico-comunitárias para co-criar pesquisas e ações extensionistas sobre práticas sustentáveis e inovação social na Amazônia. O objetivo é consolidar metodologias de pesquisa-ação participativa, integrando ensino, pesquisa e extensão, aplicando a abordagem de pesquisa-ação participativa (PaPS), focado no desenvolvimento de intervenções complexas para a promoção da saúde e controle de doenças, com forte envolvimento comunitário. Os projetos serão gerados por comunidades tradicionais (indigenas, quilombolas e ribeirinhos) e serão sistematizados em uma plataforma digital, que servirá para armazenar dados e disseminar boas práticas. A PaPS busca gerar evidências úteis para a prática, incentivando a reflexão sobre a gestão e transformação das metodologias de pesquisa com a participação ativa das comunidades. Ao final, serão produzidos materiais científicos que abordarão as práticas e metodologias participativas, além de analisar os desafios éticos e vantagens da implementação do projeto em pelo menos 3 comunidades tradicionais da Amazônia.

Com as metas de apoiar a participação social na gestão de comunidades tradicionais e fortalecer a colaboração entre universidades, centros de pesquisa, comunidades e outros grupos interessados, o projeto apresenta os seguintes objetivos:

OBJETIVO GERAL

Promover a co-criação de práticas sustentáveis e inovadoras com populações tradicionais da Amazônia, por meio da estruturação do [RIOS] Rede de Inovação e Oportunidades Sustentáveis: RIOS Living Lab, visando integrar pesquisa, extensão e educação para fortalecer a sustentabilidade socioambiental e cultural dessas comunidades.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar de forma participativa com comunidades tradicionais no Estado do Amapá, as principais temáticas de relevância social.

Consolidar práticas e metodologias de pesquisa participativa na comunidade, integrando ensino, pesquisa e extensão.

Fomentar académicos, profissionais e lideranças locais para manutenção e disseminação das práticas de inovação educacional e social.

Fortalecer parcerias de pesquisa locais, regionais, nacionais e internacionais e em todos os níveis de formação.

A pesquisa-ação participativa em saúde é uma inovação investigativa que transforma a comunidade em protagonista na construção do conhecimento. Para a sociedade, o impacto é o empoderamento e desenvolvimento local, gerando resultados relevantes e adaptados às realidades de comunidades tradicionais.

Para o cidadão, as intervenções em saúde são concebidas a partir de suas próprias necessidades, tornando as soluções mais eficazes e sustentáveis. Esse processo capacita os indivíduos, fortalece a autonomia e contribui para a redução das desigualdades em saúde, promovendo um bem-estar mais equitativo.

Para as pessoas envolvidas nas parcerias académico-comunitárias, os benefícios transcendem a produção de evidência científica: aumento de conhecimentos e de performance; estabelece ligações com outros membros comunitários; permite contribuições positivas para a comunidade; comparticipação financeira; aumenta a procura de serviços que são difíceis de fornecer.

Por se tratar de abordagem participativa através de parcerias académico-comunitárias, diversos atores sociais serão envolvidos, tais como: líderes comunitários e a comunidade geral, académicos e investigadores em diferentes etapas de formação, além de outros parceiros de instituições públicas e privadas. Isso significa uma abordagem colaborativa e de coprodução, onde as cosmovisões de cada

comunidade serão respeitadas e seus membros estarão presentes desde o início do projeto até o seu final, validando passo-a-passo a pesquisa. Será envolvimento de coprodução: o(s) cidadão(s) exerce(m) ativamente um papel de membro(s) da equipa de investigação no controle, direção e gestão da investigação, e participa(m), no mesmo nível de decisão que os investigadores nas fases de realização do projeto

  • Universidade Federal do Amapá (UNIFAP)
  • Centro de Estudos sobre Sustentabilidade, Populações Tradicionais e Educação na Amazônia -CESPE
  • Instituto Federal do Amapá
  • Universidade de Le Mans (França)
  • Escola de Enfermagem do Porto
  • Associação Conscientizar
  • Estado do Amapá
  • International Collabortion for Participatory Health Research
  • Andrea, B.-G., Michalski, F., Gibbs, J. P., & Norris, D. (2022). Amazonian run‐of‐river dam reservoir impacts underestimated: Evidence from a before–after control–impact study of freshwater turtle nesting areas. Aquatic Conservation: Marine and Freshwater Ecosystems, 32(3), 508-522.

    Araújo, M. L. S. d., Rufino, I. A. A., Silva , F. B., Brito, H. C. d., & Santos, J. R. N. (2024). The Relationship between Climate, Agriculture and Land Cover in Matopiba, Brazil (1985–2020). Sustainability, 16(2670), 1-22.

    Araújo, MHM; Daher, DV; Brito, IS; Teixeira, ER; Morais, CH; Pinto, AA; Almeida, LBM; Fecury, AA. Modelo PRECEDE-PROCEED como ferramenta para a construção e avaliação de intervenções em saúde do trabalhador: estudo metodológico. Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.16, n.11, p. 26105-26123, 2023. DOI: 10.55905/revconv.16n.11-079

    Barrowcliffe, R. (2021). Closing the narrative gap: social media as a tool to reconcile institutional archival narratives with Indigenous counter-narratives. Archives and Manuscripts, 49(3),151–166.

    Brito, I. S. (2019). Towards a new generation of clinical trials: Participatory Action Research in Health v. Online Braz J Nurs, 18(4), 1-5.

    Brito, I. S., Cruz, M., Corte, A., & Toledo, N. (2024). PEER-IESS no ensino superior: uma tecnologia social de pesquisa-ação participativa com métodos mistos CIAIQ2024 – 13o Congresso Ibero-Americano de Investigação Qualitativa, Cáceres ES. https://eventos.galoa.com.br/ciaiq-2024/calendar/activity/11943?lang=es

    Chaves, M. d. P. S. R., Rodrigues, D. C. B., Nascimento, C. F. P. d., Pedrosa, E. B., & Silva, T. S. (2020). SUSTENTABILIDADE & QUALIDADE DE VIDA: práticas sustentáveis de saúde em comunidades ribeirinhas no Amazonas. Revista de Políticas Públicas, 41, 265–285.

    Cornwall, A. (2008). Unpacking ‘Participation’ Models, Meanings and Practices. Community Development Journal, Oxford. 43 (3), pp. 269-283.

    Cornwall, A.& Jewkes, R. (1995). What is Participatory Research? Social Science & Medicine 41 (12) pp. 1667-1676

    Deroy, B. C., Darimont, C. T., & Service, C. N. (2019). Biocultural indicators to support locally led environmental management and monitoring. Ecology and Society, 24(4), 1-14.

    Hossain, M., Leminen, S., & Westerlund, M. (2019). A Systematic Review of Living Lab Literature. Journal of Cleaner Production, 213, 976-988.

    IBGE. (2022). Censo Demográfico 2022. IBGE. Retrieved 29/08/2024 fromhttps://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/22827-censo-demografico-2022.html?edicao=37417&t=resultados

    International Collaboration for Participatory Health Research (ICPHR) (2013) Position Paper 1: What is Participator Health Research? Version: Mai 2013. 

    Korman, M., Weiss, P. L., & Kizony, R. (2015). Living Labs: overview of ecological approaches for health promotion and rehabilitation. Disability and Rehabilitatio, 38(7), 613–619.

    Lopes, P. F. M., Cousido-Rocha, M., Silva, M. R. O., Carneiro, C. C., Pezzuti, J. C. B., Martins, E. G.,...Pennino, M. G. (2023). Droughts and controlled rivers: how Belo Monte Dam has affected the food security of Amazonian riverine communities. Environmental Conservation, 51(1), 27-35.

    Rong, T., Ristevski, E., & Carroll, M. (2023). Exploring community engagement in place-based approaches in areas of poor health and disadvantage: A scoping review. Health & Place, 81, 1-16.

    Santos, E. R., Michalski, F., & Norris, D. (2021). Understanding Hydropower Impacts on Amazonian Wildlife is Limited by a Lack of Robust Evidence: Results From a Systematic Review. Tropical Conservation Science, 14, 1-15.

    Springett, J., Wright, M. T. & Roche, B. (2011). Developing quality criteria for Participatory Health Research: An agenda for action. WZB Discussion Paper, Berlin: Social Science Research Center, p 45.

    Informação do projeto

    • Data de Início

      30/04/2025

    • Data de conclusão

      30/04/2026

    • Projeto Estruturante

      PEER - AVALIAÇÃO DE PROJECTOS DE EDUCAÇÃO PELOS PARES EM PORTUGAL, BRASIL E CABO VERDE

    • Linha Temática

      Well-being and Health Promotion

    • Target population
      • Parceria académico-comunitária na Amazónia (populações indígenas, quilombolas e ribeirinhas)
    • Palavras-chave
      • Pesquisa-ação Participativa em Saúde
      • Inovação Social
      • Amazónia Brasileira
      • Parceria Académico-Comunitária
      • Comunidades Tradicionais
      • intervenção culturalmente congruente
    • Áreas prioritárias
      • Educação para a Saúde e Literacia
      • Formação e desenvolvimento dos profissionais de saúde
      • Metodologias de cuidados de enfermagem diferenciados (complexos)
      • Transições de saúde e autocuidado
    • ODS da Agenda 2030 das Nações Unida
      • Garantir o acesso à saúde de qualidade e promover o bem-estar para todos, em todas as idades
      • Reduzir as desigualdades no interior dos países e entre países
      • Reforçar os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável
    • Equipa de Projeto
      • Amanda Alves Fecury IR
      • Claudio Alberto Gellis de Matos Dias
      • António Jorge Soares Antunes Nabais
      • Rogério Manuel Clemente Rodrigues
      • Irma da Silva Brito