Famílias que integram dependentes no autocuidado: organização e gestão dos cuidados

Em Portugal estamos a viver um triplo envelhecimento da população, o que se acentuará no futuro (Cabral M. V., 2017; INE, 2011; CENSOS de 2011; Rodrigues R. et al, 2014; Lopes, Alexandra; 2017, Rodrigues R., 2017; Bento, 2018; PORDATA, 2018; Rodrigues T., 2018). É conhecido que há uma correlação positiva entre a idade e o grau de dependência no autocuidado. Tendo em conta a evolução demográfica e os fatores a ela associados é expectável que aumente na próxima década exponencialmente o número de pessoas dependentes no autocuidado, a necessitarem de cuidados específicos de saúde, bem como a complexidade dos cuidados necessários para suprir essas necessidades (Economic Policy Committee and the European Commission, 2006; Eurostat, 2008; Petronilho, 2014; Rodrigues, Ricardo, 2017; Rodrigues, Teresa, 2018;). Esta constelação faz com que a dependência no autocuidado se constitua, no presente, como um dos desafios mais significativos à inteligência coletiva dos Portugueses (OPSS, 2015, p 84), em particular, poder garantir , como é desejável, os cuidados às pessoas dependentes ou em risco de transitar para a dependência, em suas casas (Ministério da Saúde, 2028; Unidade de Missão para os Cuidados Continuados, 2016; United Nation Department of Economic and Social Affairs, 2019; World Health Oganization, 2002; World Health Organization, 2017).

Apesar de não haver dúvidas sobre a importância do fenómeno e de todos reconhecerem as profundas transformações demográficas, sociais e assistenciais que se têm vindo a operar e o potencial de transfiguração da realidade que aquelas transportam, o fenómeno da prestação de cuidados a uma Pessoa dependente em casa é ainda pouco conhecido na sua amplitude e ignorado em muitas das suas vertentes (Parente, 2013; Bento 2020). Entre as questões que importa continuar a investigar estão as questões da dimensão e caracterização do fenómeno, uma vez que não existem estatísticas oficiais sobre o número de famílias com pessoas dependentes no autocuidado a viver no domicílio, bem como o modo como a família, no presente, está a responder às necessidades em cuidados dos seus membros dependentes.

Importa ainda estudar, de forma integrada, que cuidados são assegurador e por quem? Como se garante a permanência das pessoas em Casa, quando essa é a sua vontade? Quem são os cuidadores? que competências têm para o exercício do papel de cuidador? Como se avaliam?  Que modelos de organização de cuidados à pessoa e família, podem garantir completude de cuidados? Que articulação e integração de cuidados?

Os estudos associados a este projeto estruturante procuram dar resposta a estas questões.

Com os estudos associados, que integram e integraram este projeto estruturante pretende-se:

    Caracterizar o fenómeno da dependência no autocuidado de pessoas dependentes no contexto das famílias do Concelho de Coimbra; Caracterizar a natureza dos recursos de suporte para a prestação de cuidados a familiares dependentes em casa no e na facilitação do exercício do papel de cuidador familiar; Descrever as necessidades de cuidados, associados à transição para a dependência no autocuidado, que têm as pessoas dependentes no autocuidado e os seus cuidadores familiares; Responder à questão quem cuida das pessoas dependentes em casa? Identificar os fatores que, na atual organização de cuidados, dificultam a assistência integral necessária, que promova a integração da pessoa dependente no seio da família, contribuindo para repensar os modelos de organização dos cuidados; Validar para a realidade portuguesa instrumentos de avaliação de competências, em diferentes domínios, para o exercício do papel dos cuidadores familiares de pessoas dependentes no autocuidado; Conceber e avaliar a efetividade de programas de desenvolvimento de competências para o exercício do papel de cuidadores familiares de pessoas dependentes no autocuidado; Caracterizar a “casa”  como ambiente de cuidados.  Que exigências e desafios  traz a gestão de cuidados no domicílio, aos cuidados de enfermagem, o que é diferente dos cuidados prestados noutros contextos de prestação de cuidados de saúde? Avaliar, adaptar e desenvolver instrumentos de avaliação relacionados com os diferentes focos de interesse;

Gestão do percurso das pessoas e integração de cuidados (cuidados centrados na Pessoa/família; modelo transicional; gestor de caso; plano individual de cuidados).

  • ACES Baixo Mondego
  • União de Freguesias de São Martinho do Bispo e Ribeira de Frades
  • União de Freguesias de Coimbra
  • Araújo, I., Paúl, C., & Martins, M. (2011b). Viver com mais idade em contexto familiar: Dependência no auto cuidado. Revista Da Escola de Enfermagem da USP, 45(4), 869-875. doi:10.1590/S0080-62342011000400011

    Aznar, C., Aznar, A., Germán, C., Nalváiz, T., & Esteban, E. (2002). Dependencia y necesidades de cuidados no cubiertas de las personas mayores de una zona de salud de Zaragoza. Revista Española de Salud Pública, 76(3), 215-226. doi:10.1590/s1135-57272002000300006

    Bento, Maria (2020) Contributos para a definição de um modelo organizacional dos cuidados às pessoas dependentes no autocuidado e seus cuidadores, em contexto domiciliário : estudo realizado nas ECCI do ACES do Baixo Mondego (Tese doutoramento).Recuperado de https://repositorio.ucp.pt/handle/10400.14/36381

    Bento, Maria; Silva, Abel; (2022) "Cuidados omissos em contexto de cuidados domiciliários: Razões na perspetiva dos enfermeiros " - Referência, Número: 1, Série: VI, Coimbra 

    Bento, Maria; Silva, Abel; Amaral, António; (2021) "IDOSOS A CUIDAR DE IDOSOS: UM DESAFIO À ORGANIZAÇÃO DOS CUIDADOS DOMICILIÁRIOS" - COGITAR: Enfermagem, Série: Cogit. Enferm. 2021, v26:e79093, Curitiba, ISBN/ISSN: ISSN online version: 2176-9133

    Caldas, C. P. (2003). Envelhecimento com dependência: Responsabilidades e demandas da família. Cadernos de Saúde Pública, 19(3), 733-781. doi:10.1590/s0102-311x2003000300009

    Carneiro, R. (Coord.). (2012). O envelhecimento da população: Dependência, ativação e qualidade. Recuperado de http://www.qren.pt/np4/np4/?newsId=1334&fileName=envelhecimento_populacao.pdf

    Corbin, J., & Strauss, A. (1991). A nursing model for chronic illness management based upon the trajectory framework. Scholarly Inquiry for Nursing Practice: An International Journal, 5(3), 155-174.

    Denyes, M. J., Orem, D. E., & Bekel, G. (2001). Self-care: A foundational science. Nursing Science Quarterly, 14(1), 48-54. doi:10.1177/089431840101400113

    Dixe, M. A., Frontini, R., Sousa, P. M., Peralta, T. J., Teixeira, L. F., & Querido, A. I. (2019). Dependent person in self‐care: Analysis of care needs. Scandinavian Journal of Caring Sciences, 34(3), 727-735. doi:10.1111/scs.12777

    Dixe, M. A., Teixeira, L. C., Areosa, T., Frontini, R., Peralta, T. J., & Querido, A. (2019). Needs and skills of informal caregivers to care for a dependent person: A cross-sectional study. BMC Geriatrics, 19(1), 255. doi:10.1186/s12877-019-1274-0

    Fonseca, C., Lista, A., Redol, F., & João, R. (2018). Pessoas dependentes no autocuidado com comorbilidade, indicadores dos cuidados de enfermagem e contributos para uma ontologia do envelhecimento: Revisão sistemática da literatura. Journal of Aging & Innovation, 7(1), 70-88.

    Fuino, M., & Wagner, J. (2018). Long-term care models and dependence probability tables by acuity level: New empirical evidence from Switzerland. Insurance: Mathematics and Economics, 81, 51-70. doi:10.1016/j.insmatheco.2018.05.002

    Gonçalves, P. J. (2013). Famílias que integram pessoas dependentes no autocuidado: Estudo exploratório no Concelho do Porto (Tese de Doutoramento). Recuperado de http://hdl.handle.net/10400.14/18580

    Høy, B., Wagner, L., & Hall, E. O. (2007). Self-care as a health resource of elders: An integrative review of the concept. Scandinavian Journal of Caring Sciences, 21(4), 456-466. doi:10.1111/j.1471-6712.2006.00491.x

    Instituto Nacional de Estatística. (2020). População residente em Portugal poderá passar dos atuais 10,3 milhões para 8,2 milhões em 2080: Contudo, na Área Metropolitana de Lisboa e no Algarve a população residente poderá aumentar. Recuperado de https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=406534255&DESTAQUESmodo=2

    Maresova, P., Javanmardi, E., Barakovic, S., Barakovic Husic, J., Tomsone, S., Krejcar, O., & Kuca, K. (2019). Consequences of chronic diseases and other limitations associated with old age: A scoping review. BMC Public Health, 19(1). doi:10.1186/s12889-019-7762-5

    Meleis, A. (2010). Transitons theory: Middle range and situation specific theories in nursing research and practice. New York, NY: Springer Publishing Company.

    Meleis, A. (2012). Theoretical nursing: Development and progress (5th ed.). Philadelphia, PA: Wolters Kluwer Health/Lippincott Williams & Wilkins.

    Meleis, A., Sawyer, L., Im, E., Messias, D., & Schumacher, K. (2000). Experiencing transitions: An emerging middle-range theory. Advances in Nursing Science, 23(1), 12-28. doi:10.1097/00012272-200009000-00006

    Meleis, A., Sawyer, L., Im, E.-O., Messias, D., & Schumacher, K. (2010). Experiencing transitions: An emerging midlle-range theory. In A. I. Meleis (Ed.), Transitions theory: Middle range and situation specific theories in nursing research and practice (pp. 52-65). New York, NY: Springer Publishing Company.

    Nunes, A. M. (2018). Env§elhecimento ativo em Portugal: Desafios e oportunidades na saúde. Revista Kairós: Gerontologia, 20(4), 49-71. doi:10.23925/2176-901X.2017v20i4p49-71

    Parse, R. (1987). Nurse science: Major paradigms, theories and critiques. Philadelphia, PA: W. B. Saunders Company. doi:10.1001/jama.297.10.1103

    Quaresma, M. L., & Ribeirinho, C. (2016). Envelhecimento: Desafios do Séc. XXI. Revista Kairós, 19(3), 29-49.

    Ribeiro, O., Pinto, C., & Regadas, S. (2014a). A pessoa dependente no autocuidado: Implicações para a enfermagem. Revista de Enfermagem Referência, 4(1), 25-36. doi:10.12707/RIII12162

    Schumacher, K. L., & Marren, J. (2004). Home care nursing for older adults: State of the science. Nursing Clinics of North America, 39(3), 443-471. doi:10.1016/j.cnur.2004.02.005

    Schumacher, K. L., & Meleis, A. I. (1994). Transitions: A central concept in nursing. Image: The Journal of Nursing Scholarship, 26(2), 119-127. doi:10.1111/j.1547-5069.1994.tb00929.x

    Schumacher, K., Stewart, B., Archbold, P., Dodd, M., & Dibble, S. (2000). Family caregiving skill: Development of the concept. Research in Nursing & Health, 23(3), 191-203. doi:10.1002/1098-240X(200006)23:3<191::AID-NUR3>3.0.CO;2-B|

    Zunzunegui, M. V. (2011). Evolución de la discapacidad y la dependencia: Una mirada internacional. Gaceta Sanitaria, 25(Suppl. 2), 12-20. doi:10.1016/j.gaceta.2011.07.026

    Resultados esperados

     

    20 teses de Mestrado

    1 tese de doutoramento

    • Rosa Cândida de Carvalho Pereira de Melo
    • José Carlos Pereira dos Santos
    • Henrique José Mendes Nunes
    • José Hermínio Gonçalves Gomes
    • Júlia Maria das Neves Carvalho
    • Andréa Ascenção Marques
    • Márcia Noélia Pestana dos Santos
    • Adriana Raquel Neves Coelho
    • Isabella Andrade Jacinto Melo Franco
    • Maria Clara Ferreira G Lopes
    • Maria da Conceição Saraiva da Silva Costa Bento
    • Ricardo Filipe de Moura Loureiro
    • Rita Coimbra Rodrigues Pereira Gaspar

    Informação do projeto

    • Data de início

      01/01/2020

    • Data de conclusão

      Em desenvolvimento

    • Linha Temática

      Care Systems, Organization, Models, and Technology

    • Target population
      • Famílias clássicas residentes no Concelho de Coimbra
    • Palavras-chave
      • : Autocuidado
      • cuidador familiar
      • cuidados domiciliários
      • hospitalização domiciliária
      • coordenação
    • Coordination Team
      • Maria da Conceição Saraiva da Silva Costa Bento Coord. PI
      • António Fernando Salgueiro Amaral Coord.
      • Manuel Augusto Duarte Mariz Coord.
      • Ana Filipa dos Reis Marques Cardoso Coord.