O envelhecimento demográfico e as alterações no padrão epidemiológico e na estrutura e comportamentos sociais e familiares da sociedade portuguesa têm vindo a determinar necessidades em saúde, para as quais urge organizar respostas mais adequadas devendo ser criadas condições que concretizem a obtenção de ganhos em saúde, nomeadamente em anos de vida com independência. O Programa Nacional para a Saúde das Pessoas Idosas (PNSPI) assenta em três pilares fundamentais: promoção de um envelhecimento activo ao longo de toda a vida; maior adequação dos cuidados de saúde às necessidades específicas das pessoas idosas; promoção e desenvolvimento intersectorial de ambientes capacitadores da autonomia e independência das pessoas idosas (DGS, 2004a).
O conceito de envelhecimento activo, preconizado pela Organização Mundial da Saúde e defendido na II Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento, depende de uma variedade de influências, ou determinantes, que envolvem não apenas os indivíduos, mas também as famílias e as próprias nações. A forte evidência sobre o que determina a saúde sugere que todos estes factores, bem como os que resultam da sua interacção, constituem o referencial dos indicadores da qualidade do envelhecimento das pessoas e das populações.
As políticas de saúde para o envelhecimento preconizam o desenvolvimento de redes de suporte social, de instrumentos e recursos comunitários para a promoção da cidadania e do envelhecimento bem sucedido, educação e aprendizagem ao longo da vida, auto-cuidado e cidadania, desenvolvimento de comunidades sustentáveis (cidades amigas das pessoas idosas) e a relação entre a saúde e o exercício da cidadania.
Não obstante as orientações do Plano nacional de saúde (DGS, 2004b) e do PNSPI, (DGS, 2004a) a institucionalização é necessária, com toda a carga afectiva negativa e repercussões sobre a autonomia, autodeterminação, dignidade, integridade, liberdade de escolha, qualidade de vida e bem-estar da pessoa idosa e família.
Neste contexto, a intervenção deverá assentar no desenvolvimento de modelos operativos da prestação de cuidados que possibilitem a implementação de projectos de avaliação e intervenção, no âmbito comunitário e institucional, potencializadores do envelhecimento activo e bem sucedido e da qualidade de vida e bem-estar da família e dos cuidadores informais.
A implementação de projectos de avaliação e intervenção pressupõe o acesso a instrumentos válidos que permitam avaliar o estado de saúde e os resultados de intervenção na pessoa idosa e seus cuidadores, bem como o desenvolvimento de processos de educação para a saúde que os capacitem para o auto-cuidado e para o exercício da cidadania, através de escolhas informadas que permitam a sustentabilidade do sistema de saúde.
Objectivos do Projecto:
- Desenvolver e validar instrumentos que permitam avaliar o nível de saúde da população idosa e dos seus cuidadores, ao nível funcional, cognitivo e afectivo-emocional;
- Traçar um perfil dos estados afectivo-emocionais na população de pessoas idosas em contexto comunitário;
- Avaliar o compromisso funcional e cognitivo de pessoas idosas institucionalizadas e em contexto comunitário;
- Avaliar o efeito da estimulação cognitiva e física em pessoas idosas institucionalizadas e em contexto comunitário;
- Avaliar o sobrecarga do cuidador informal de idosos e de pessoas com compromisso cognitivo;
- Implementar programas de intervenção e educação para a saúde em pessoas idosas institucionalizadas e em contexto comunitário.
Rede de estudos associados:
Avaliação da saúde cognitiva em pessoas idosas: intervenção e capacitação para o auto-cuidado;
Estados afectivo-emocionais em pessoas idosas;
O conforto das imagens mentais na depressão da pessoa idosa;
Vivendo o envelhecer: uma perspectiva fenomenológica.
Outros projectos/estudos a associar ao projecto principal:
Avaliação e estimulação funcional em idosos;
Avaliação da sobrecarga do cuidador informal;
Cuidados continuados integrados;
Promoção da saúde das famílias com idoso com dependência no auto-cuidado;
Envelhecimento e Processos de Adaptação familiares;
Transições familiares para o papel de prestador de cuidados;
A família com idosos e as redes de suporte social;
Processo de adaptação/transição da pessoa idosa à institucionalização.
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Resultados Esperados:
Espera-se avaliar e intervir no estado de saúde da pessoa idosa e dos seus cuidadores melhorando a sua capacidade para o auto-cuidado e para o exercício da cidadania e produzir conhecimento a integrar na formação de profissionais de saúde e na prática de cuidados a esta população específica.
01/01/2010
Em desenvolvimento
Well-being and Health Promotion